O ex-procurador-geral da República disse, em
entrevista ao serviço em espanhol da rede de TV CNN, que "Chegamos ao fundo, sim. Já se pode ver um
fim (da Lava-jato). Chegamos à cabeça
da organização criminosa. Toda a organização criminosa hoje está desvendada.
Fez-se a luz, que é o melhor desinfetante, sobre essa organização criminosa",
sem precisar quem seriam as lideranças da organização.
Ele
foi responsável por duas denúncias apresentadas contra o presidente do país,
sendo que ambas foram barradas pela Câmara dos Deputados.
Na acusação pelo crime de organização criminosa, o
ex-procurador-geral afirmou que o presidente da República atuou como líder da
quadrilha no seu partido, o PMDB.
Em outra denúncia feita por ele, desta vez contra
políticos do PT, por suspeitas do crime de organização criminosa, o
ex-procurador-geral também apontou o ex-presidente da República petista como "importante liderança" da
organização criminosa, no período de 2003 até maio de 2016, que abrange os
quatro governos do PT.
O petista também foi cognominado de "comandante máximo" do esquema de
corrupção investigado pela Lava-Jato, por um procurador da República integrante
dessa operação, mas o ex-presidente tem afirmado se tratar de "mentiras" as acusações feitas
contra ele.
O ex-procurador-geral também disse que "A Operação Lava-Jato não pertence mais ao
Ministério Público brasileiro. Ela pertence à sociedade brasileira. Pertence
aos países atingidos por atos de corrupção e suborno praticados por empresas
brasileiras".
Ele disse que "Acredita que, para os políticos, o legado é que as eleições devem ser
limpas, com financiamento legal. E para o cidadão o legado é: devemos fazer
nosso voto de maneira responsável e de maneira consciente".
No mês passado, o juiz de Curitiba já havia preconizado
o fim das investigações sob a incumbência da Lava-Jato, pelo menos na sua
jurisdição.
O juiz disse que, "Em Curitiba, a investigação sempre foi sobre os contratos da Petrobras
que geraram valores e as pessoas que pagavam propinas. Grande parte já foi
processada. As que recebiam e não tinham foro privilegiado, igualmente. Daí a
minha afirmação de que acredito que está indo para o final, em Curitiba".
Contrariando a opinião do juiz, o coordenador dos
procuradores integrantes da Lava-Jato fez outra avaliação, no sentido de que "Essa afirmação do juiz Sergio Moro, na minha
impressão, reflete muito mais um desejo do que a uma realidade".
Certamente
que os brasileiros honrados gostariam que o fim da Operação Lava-Jato somente
acontecesse quando os corruptos fossem devidamente identificados, responsabilizados
e punidos, porque não faz sentido que ela se acabe de forma melancólica, deixando
sua missão no meio do caminho, sem que os criminosos de colarinho branco paguem
por seus gravíssimos pecados e que as penalidades os impeçam de continuar livres
e cometendo as costumeiras ilicitudes contra o interesse público.
É
lamentável que, no Brasil, quem demonstra capacidade de trabalho com
competência e eficiência esteja fadado a ter vida curta, muito aquém das
expectativas e ansiedades dos brasileiros, que por certo são favoráveis não à
extinção de instituição com essas qualidades, mas sim à criação de outras que
se juntem em combate à praga da corrupção, porque esta tem sido verdadeiro
câncer responsável pelo atraso socioeconômico do país.
É
inadmissível que as autoridades disseminem a ideia do fim da Operação Lava-Jato,
porque isso apenas contribui para frustrar o sentimento dos brasileiros quanto
à possibilidade da moralização pública, porque isso ainda mantém acesa a chama
da esperança do fim da corrupção e da impunidade, que somente será possível com
a vida longa dessa operação, por se tratar do símbolo de trabalho imparcial, profícuo,
competente e eficiente, que precisa permanecer em plenas atividades até mesmo
para servir de estímulo ao funcionamento do Poder Judiciário, que precisa se
desertar da letargia e agir com as devidas eficiência e efetividade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 7 de novembro de 2017
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