sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Atitude de pura mediocridade

A Associação Nacional dos Procuradores Municipais informou que “apenas 4 vaiaram o juiz federal Sérgio Moro e 800 o aplaudiram de pé”, durante evento realizado em Curitiba, no Teatro Ópera de Arame.
A entidade revelou preocupação com as informações de que a palestra de Moro foi cercada por hostilidades e protestos.
Um procurador do município em Curitiba e coordenador-geral do congresso promovido na capital paranaense, base e origem da Operação Lava-Jato, declarou que “Moro foi aplaudidíssimo”.
Ele ressaltou que os quatro manifestantes são procuradores municipais em Fortaleza e que “O site O Antagonista mostrou que um deles, o Guilherme (Rodrigues), participou da manifestação pró-Lula (em março, quando o ex-presidente foi interrogado por Moro) aqui em Curitiba”.
O coordenador-geral do congresso disse que “esse grupo já vinha preparando” o protesto. “São quatro procuradores ligados ao PT e ao PCdoB. Eles acham que Moro acabou com o plano do Lula. Queriam tirar Moro do XIV Congresso da Associação Nacional dos Procuradores Municipais. Quatro vaiaram, a grande maioria levantou-se e aplaudiu de pé o juiz, que fez uma palestra (sobre corrupção) magnífica. O evento é um sucesso, não houve protestos, nem bem chegou a ter vaias, apenas desses quatro, que gritaram ‘vergonha’. Entre eles estava o Guilherme, que coordenou a manifestação pró-Lula, como mostrou o site O Antagonista. Mas foi só isso.”.
O coordenador do evento dos procuradores destacou que um ex-prefeito de Curitiba, um dos palestrantes do congresso, “enalteceu todo o trabalho do juiz Sérgio Moro”.
O coordenador-geral do congresso disse que, desde o momento em que o magistrado confirmou sua presença no evento, “quatro pessoas, com nome e sobrenome, anunciavam que queriam fazer a manifestação”, cujo fato foi comentado com ele sobre a presença dos manifestantes e que poderia haver algum tipo de manifestação, mas o juiz disse que, “Desde que não atrapalhe a minha palestra não vejo problema, não me oponho”.
Não é muito comum que procuradores, que, em essência, têm o dever de defender o interesse público, se oponham, de forma explícita, ao trabalho de magistrado que objetiva, com sacrifício pessoal e o mais puro espírito público, a moralização da administração pública e o combate à corrupção e à impunidade
Esse lastimável episódio dá percepção cristalina sobre o nível desses profissionais que confundem o privado com o público e que eles não passam de antiprocuradores e não têm o mínimo direito de ser considerados servidores públicos, eis que suas atitudes em defesa da devassidão criminosa, por onde foram desviados recursos públicos, representam exatamente a antítese de profissionais pagos pelos contribuintes para trabalhar exclusivamente em benefício do bem comum e do interesse da sociedade e em defesa da dignidade da administração pública.
Não que o juiz da Lava-Jato possa ser vangloriado como o suprassumo do Poder Judiciário, em razão do seu reconhecido trabalho em prol do interesse público, porque ele apenas cumpre o seu dever como servidor público, como magistrado, pago para isso, mas termina sendo assim considerado graças à existência de Justiça que, por muito tempo, sempre ostentou o símbolo de anacronismo, emperramento e impunidade.
Eis que, de repente, surgiu aquele magistrado destemido, corajoso, gigante, dinâmico, capaz, inteligente, trabalhador, esforçado, que lidera, com brilhantismo, força-tarefa intrépida, com capacidade transformadora dos velhos hábitos da Justiça, passando a imprimir, em nome da lei, dinâmica jamais vista na histórica do Poder Judiciário brasileiro, sendo considerado servidor público que cumpre com notório saber a sua espinhosa missão de defender o patrimônio dos brasileiros, por meio do implacável combate à corrupção e à impunidade, de forma imparcial e justa, conforme mostram suas sentenças que são confirmadas à quase unanimidade pelo tribuna revisor, a segunda instância.
O resultado de seu trabalho é apenas espantoso e significa gigantesco avanço, em termos de resultados consistentes e positivos, tendo desvendado teia de organização criminosa incrustada em partidos políticos e em empreiteiras, com a finalidade de desviar recursos da Petrobras, conforme mostram as investigações que dão conta de mais de centena de condenações de corruptos e da recuperação de milhões de reais para os cofres da estatal.
A atitude de inconformismo e de insatisfação demonstrada por alguns péssimos procuradores, apenas por incontestável motivação político-partidária, simboliza o sentimento de antibrasileiros contrários às medidas eficazes de moralização tão importantes e necessárias aos interesses nacionais, que, ao contrário, precisam do apoio e do incentivo dos brasileiros honrados, que acreditam no trabalho sério e construtivo de profissionais verdadeiramente dignos de integrar as respeitáveis carreiras de servidores públicos.
É extremamente lamentável que quatro procuradores sejam contrários ao fantástico trabalho aplaudido, de pé, por outros oitocentos procuradores presentes ao congresso em referência, além da convergência de expressiva parcela de brasileiros nessa forma de estímulo ao trabalho completo de méritos, o que dá a verdadeira dimensão da mediocridade, bestialidade e imbecilidade daqueles verdadeiros antipatriotas que defendem, com unhas e dentes, a continuidade da corrupção e da impunidade na administração pública, evidentemente em benefício de políticos que traíram a confiança da população, ao integrarem e até liderarem organização criminosa com essa torpe finalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 24 de novembro de 2017

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