sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Cadê a elegância do estadista?

Uma famosa jornalista, especialista em economia, publicou artigo no jornal O Globo, onde faz duras críticas ao conhecimento do deputado federal do PSC-RJ, considerado ultradireitista, em relação à economia.
A jornalista ressalta, no texto, que o pré-candidato, ao ser questionado sobre dívida pública, disse que chamaria os credores.
Na opinião dela, a resposta foi "sem noção" e que o deputado acaba por se alinhar às crenças do PT, ao adotar, segundo ela, o pensamento "nacional-estatismo dos governos militares. É preciso desconhecer coisa demais para dar uma resposta dessas. Todos os brasileiros que aplicam em títulos da dívida são credores".
Em resposta às críticas provocadoras da jornalista, o parlamentar, com a truculência que lhe é peculiar, disse que "Míriam Leitão diz que Bolsonaro não sabe nada sobre economia. Esta faz jus ao sobrenome! Miriam Leitão, a marxista de ontem, continua a mesma. Se eu chegar lá vai querer lamber minhas botas, como fez com todos que chegaram ao Poder. Seu lugar é no chiqueiro da História".
Por prudência, quem quer ser presidente do país precisa ter o senso da moderação nos seus comentários, dando as respostas adequadas aos seus acusadores e questionadores, na melhor forma recomendada pelas boas educação e diplomacia, porque é assim que isso precisa repercutir com a elegância de verdadeiro estadista que sabe contornar as situações que, em princípio, lhe são desfavoráveis, como no caso sublinhado pela famosa jornalista especialista em economia, que realmente foi bastante cruel e mordaz com relação à ignorância demonstrada pelo pré-candidato, logo na área de atuação dela.
É até provável que o deputado ultraconservador entenda que seu estilo bate-rebate, com a reação superior à ação, seja adequado para os padrões ideais de mandatário que ele enxerga para o país da modernidade do século 21, mas é preferível que ele se inteire que isso precisa ser moderado, mudado com a necessária urgência, porque os brasileiros sensatos preferem que o verdadeiro estadista seja aquele que tenha a sensibilidade de compreender o exato sentido da crítica, que pode ter a intenção de construir, mostrando que o candidato precisa evitar dar sua opinião sobre fatos ao qual ele não esteja no seu completo domínio e isso é absolutamente natural, mesmo porque ele não tem a obrigação de saber e entender sobre tudo.
É evidente que ele não é obrigado a ser gênio para conhecer e dominar todos os assuntos que precisará decidir sobre eles, na abrangência das relevantes matérias da incumbência do presidente da República, mesmo porque ele contará com o assessoramento técnico de, pelo menos, 25 a 30 ministros, que, em princípio, devem ser escolhidos entre aqueles que são especialistas nas respectivas áreas das políticas públicas, desde que ele, se eleito, tenha inteligência e sensatez de governar o país com competência e responsabilidade, evitando os execráveis fisiologismo e toma lá, dá cá, próprios dos últimos governos incompetentes e despreparados, que contribuíram, de forma efetiva, para as completas desmoralização e precariedade na prestação dos serviços públicos da incumbência do Estado.
Aconselha-se não somente ao deputado ultradireitista, mas aos demais candidatos à Presidência da República, que tenham por hábito o estilo de verdadeiro estadista, que é bem diferente do político comum, que pode dizer e falar o que vem à mente, mas aquele precisa ser ponderado e sábio nas suas palavras e atitudes, procurando ser cauteloso e prudente nas suas intervenções, a par de primar pelas educação e diplomacia quando criticado e questionado, porque isso faz parte do princípio democrático, em demonstração de compreensão e de respeito ao ser humano, que muitas vezes quer exatamente testá-lo quanto ao seu sentimento de tolerância e de compreensão sobre os assuntos inerentes ao espinhoso cargo de presidente da República.
Convém que os candidatos ao Palácio do Planalto sejam exemplo de dignidade, civilidade e humanismo, partindo-se da compreensão sobre as críticas, que são naturais diante da relevância da responsabilidade que eles escolheram para o seu desempenho, que não condiz com estupidez nem com intolerância, a ponto de ser inadmissível a arrogância demonstrada nas palavras de que alguém vai querer lamber as botas do mandatário, porque isso pode evidenciar o real nível de quem não tem preparo e maturidade suficientes, em especial psicológico, para ocupar o principal trono na nação, que precisa, acima de tudo, da polidez e da nobreza dos príncipes, não para mostrar subserviência, mas sim para dizer que o Brasil, com suas grandezas humanas e econômicas, entre outras, precisa de mandatário realmente capaz, sábio, digno e elegante, em todos os sentidos, à altura da importância desse cargo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 17 de novembro de 2017

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