O deputado federal ultradireitista,
pré-candidato à Presidência da República, enviou documento ao site O Antagonista, intitulado de "Carta aos Brasileiros", no qual se
diz avesso a regimes autoritários e que trabalha junto a professores e
intelectuais sobre temas econômicos, tendo mencionado o nome de um pesquisador
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
No comunicado aos brasileiros, o parlamentar,
basicamente, diz o seguinte: “(...) podemos antecipar que já contamos com um
sólido grupo, composto por professores de algumas das melhores universidades do
Brasil e da Europa. Indivíduos que são referência na academia, com vários
papers publicados em revistas ranqueadas, com larga experiência profissional e
sem máculas em seus respectivos históricos. Evidentemente que nenhum dos
membros de nossa equipe defende ideias heterodoxas ou apreço por regimes
totalitários. Sabemos que estamos lidando com a vida e o futuro de centenas de
milhões de pessoas. Assim, afirmamos que, absolutamente, todas as propostas
serão pautadas pelo respeito aos contratos, respeito às leis e pelo TOTAL
respeito à Constituição Brasileira. Um amplo trabalho vem sendo desenvolvido há
alguns meses e já existiram dezenas de reuniões. Não se tratando de algo rápido
ou superficial. Sabemos do momento dramático pelo qual o Brasil atravessa e
estamos cientes que o nome de Jair Bolsonaro representa esperança de dias
melhores para mais de duzentos milhões de brasileiros. Todavia, pedimos um
pouco mais de paciência a todos, para que tudo seja feito de forma
profissional, séria e ética. Como
sempre será feito! Brasil acima de todos e Deus acima de tudo.”.
À
primeira vista, o deputado ultradireitista pretende se apresentar para os
brasileiros com a cara de quem gostaria de contrariar o real sentimento da
população sobre o verdadeiro caráter dos políticos tupiniquins, cuja cultura já
se consolidou, e isso não é novidade, como sendo aqueles se se profissionalizam
na vida pública para satisfazer seus objetivos e defender seus interesses, em
total detrimento das causas nacionais.
Em
princípio, ele tenta passar a ideia de que o fisiologismo político, uma das
pragas que prevalece há décadas na administração pública, pode dar lugar à
prática política da competência, eficiência e responsabilidade na gestão
pública, como forma de privilegiar as políticas verdadeiramente sérias de
Estado, como fazem os estadistas que honram seus compromissos de campanha, com
fidelidade aos princípios republicano e democrático, normalmente respeitados
nos países sérios, civilizados e evoluídos, no exato sentido da política de
verdade e de respeito aos sentimentos dos cidadãos.
Muitos
políticos que prometeram combater a picaretagem, a roubalheira, a corrupção,
enfim, a desonestidade na vida pública, devem ter seus motivos por terem traído
a confiança dos brasileiros, mas, agora, convém se esperar que o político que
tem a fama de disseminar a truculência, a discriminação, o preconceito, a homofobia,
o autoritarismo e outros sentimentos contrários aos princípios humanos, possam
transformar tudo isso em pessoa capaz de perceber que as grandezas e riquezas
humana e econômica do Brasil podem ser transformadas e administradas por alguém
sensível, sensato e responsável, com capacidade para compreender que o país não
merece ser comandado por organizações criminosas, assim classificadas pelo
Ministério Público Federal, na forma de denúncias formuladas pelo então
procurador-geral da República.
O
deputado considerado ultraconservador precisa mostrar a sua verdadeira e
definitiva face para os brasileiros e assumir seu compromisso revolucionário de
trabalhar exclusivamente em defesa dos salutares princípios da dignidade e da
moralidade, em harmonia com o desenvolvimento dos pilares dos direitos humanos
e dos princípios democráticos, respeitando, sobretudo, os valores e a
individualidade do ser humano.
Convém
que seja dito que os brasileiros já se frustraram com a ascensão ao poder de
falsos, aproveitadores e mentirosos políticos que prometeram, em especial, a
ética e a moralidade nas atividades político-administrativas, tendo
prevalecido, ao contrário, monstruoso mar de corrupção.
Não
obstante, é possível que ainda tenha restado espaço reservado para pingo de
esperança de que possa aparecer, enfim, político com qualidades de estadista de
verdade, que tenha capacidade para realmente modificar esse terrível quadro de
indignidade intrínseca de homens públicos tupiniquins, que sempre se mostraram
sensíveis às mazelas que grassam no país, mas as ignoraram por completo quando
ascenderam ao poder, procurando priorizar tão somente ações capazes para render
dividendos eleitoreiros, motivos suficientes para a perenidade no poder.
Urge
que os homens públicos brasileiros sejam imbuídos do autêntico espírito de
estadistas interessados e zelosos pelas causas relacionadas à satisfação das
carências de bem-estar social, mas que tenham também a inteligência de
priorizar as políticas gerais e abrangentes de governo, com destaque para as
ações que interessam ao desenvolvimento socioeconômico e à modernidade das
estrutura e conjuntura do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de novembro de 2017
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