Segundo reportagem que circula na imprensa, a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), que administra o Santuário Basílica de Trindade, tem o formato de “uma grande empresa”, à vista do resultado de investigações do Ministério Público sobre as movimentações financeiras da entidade.
Embora
o principal envolvido, que é padre, se comprometeu em provar que não houve crime,
há denúncia sobre o possível desvio pela referida associação do valor de R$ 120
milhões, dinheiro com origem em doações de fiéis, que destinaram à compra de
casa em praia, fazendas e outros tantos investimentos altos e estranhos às
atividades daquela associação.
As
investigações apontaram que algumas empresas com as quais a Afipe negociava
tinham os mesmos sócios e funcionavam no mesmo endereço e que, em dez anos, houve
a movimentação financeira do valor de R$ 2 bilhões, cujo dinheiro teria sido usado,
entre outras finalidades, para a construção da nova Basílica, orçada,
inicialmente, em 2012, no valor de R$ 100 milhões, mas as obras ainda se encontram
na fase de fundação, com previsão de conclusão para 2026, no custo total de
R$1,3 bilhão.
Os
promotores afirmam que o dinheiro não foi usado somente na citada construção,
porque “As contas bancárias da Afipe foram usadas para comprar fazendas,
residências em condomínio fechado, apartamentos em São Paulo, em Goiânia, fazendas
em todo Brasil, mineração. A Afipe, hoje, é uma grande empresa. Ela tem o
argumento religioso, mas ela se converteu em uma grande empresa do estado de
Goiás, que explora inúmeras atividades, agropecuária, mineração. Ela compra
inúmeros imóveis e vende inúmeros imóveis”.
Entre
os bens sob sub suspeitas foram elencados pelo Ministério Público uma fazenda,
no valor de R$ 6 milhões, em Abadiânia, e uma casa de praia na Bahia, no valor
de R$ 2 milhões.
Os
advogados do padre negam irregularidades na aplicação do dinheiro referentes às
doações de fiéis, que atinge o montante mensal de aproximadamente R$ 20 milhões,
e que os investimentos em outras áreas eram forma de aumentar os lucros da
igreja e ainda expandir as obras sociais.
Eles
também afirmaram que, “Para que nós possamos chegar a essa evangelização do
maior e do melhor modo possível, nós precisávamos de investimentos. Esses
investimentos nunca foram exclusivamente em conta corrente. Muitos deles são em
atividades, negócios que existem e todo seu rendimento é aplicado nas
atividades fins da Afipe”.
Na
decisão que autorizou as buscas e apreensões e o sequestro de bens dentro da
operação, consta que a KD Administradoras de Bens teria sido beneficiada por pagamento
de dezenas de imóveis de propriedades da Afipe, “e que em todas as
transações foram evidentes os prejuízos suportados pelas associações”.
Os
promotores citam, a título de exemplo de negócios suspeitos a operação envolvendo
um imóvel que a Afipe deu como forma de pagamento à KD, avaliado pelo valor de
R$ 1,35 milhão, mas, para fins fiscais, o valor dele foi de R$ 2 milhões e,
depois de dois meses desse negócio, o mesmo bem foi hipotecado pelo valor de R$
7,35 milhões.
Em
outra negociação, a Afipe comprou uma fazenda pelo valor de R$ 6,8 milhões e,
três anos depois, ela foi vendida pelo mesmo valor, para uma empresa do grupo
suspeito de participar dos esquemas de desvio de dinheiro da igreja.
Em
vídeo publicado em sua rede social, o padre se defendeu das acusações, tendo
afirmando que, in verbis: “Sempre estive e continuo à disposição do
Ministério Público. Por isso, esse meu pedido de afastamento vai me permitir
colaborar com as apurações da melhor forma e com total transparência para que
seja confirmado que toda doação que fazemos ao Pai Eterno - terços rezados, o
dinheiro doado, tempo, carinho, trabalho empregado na evangelização - foi toda,
repito, toda empregada na própria associação Afipe em favor da evangelização”.
Na
decisão sobre o caso, a juíza decretou, verbis: “Forte nesses
elementos, os Promotores de Justiça sustentaram a existência de indícios da
prática de crimes de apropriação indébita, organização criminosa e lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores pelos investigados. Os elementos
informativos coletados indicam que as doações feitas por fiéis de todo o país
para o custeio das atividades da Afipe e para o pagamento das obras e projetos
de cunho social da mencionada associação, na verdade, estariam sendo utilizadas
para finalidades espúrias”.
Nesse
episódio, há fortes indícios de que o gigantesco patrimônio formado pela igreja,
com provável movimentação financeira de dois bilhões de reais, algo extraordinariamente
fantástica, considerando que se trata de patrimônio proveniente de doações e
fiéis, que foram certamente iludidos e enganados na sua boa-fé, foi desviado
por grupo de criminosos, que se aproveitaram das facilidades propiciadas pela
fartura de dinheiro, que pode sim ter saído do controle do padre, talvez não por
intenção de desviar recursos, mas por experiência no manejo de muito dinheiro.
Afora
os rendimentos resultantes dos investimentos do patrimônio da Afipe, a arrecadação
mensal atingia, pasmem, o montante de vinte milhões de reais e todo esses
valores eram confiados a empresas que transacionavam com a associação comandada
pelo padre, que parece ter sido levado pela amizade e confiança, as quais, ao
que evidenciam as investigações não correspondiam na mesma lealdade demonstrada
pelo padre, vindo resultar em gigantescos rombos nas contas da Afipe, conforme
mostram as investigações.
Os
fatos mostram, com muita robusteza, que são notórios os prejuízos causados à
igreja e não se pode afastar, em hipótese alguma, a culpa do religioso, que era
o principal controlador do dinheiro que existia em quantidade extraordinária,
mas ele não se cansava de pedir mais ajuda dos fiéis, nos programas de rádio e
televisão que participava.
À
toda evidência, trata-se de religioso sem coração caridoso, porque todo
autêntico religioso tem coração bondoso que somente cabe o amor de Jesus Cristo
e este jamais se coadunaria com casa de luxo e muito menos com roubalheira de dinheiro
de tão expressivo montante, porque a igreja foi transformada em enorme e
fabulosa empresa comercial, com negócios impressionantes envolvendo mineração,
fazendas, agropecuária, ramo imobiliário e outras transações milionárias, sob a
administração da Santa Igreja Católica, que tem por princípio o Evangelho de
Jesus Cristo, que, em vida, somente pregou o amor à pobreza.
Fica
a lição de que esse padre foi longe de mais com negócios mirabolantes, à luz da
simplicidade secular que norteia a existência da igreja de Nosso Senhor Jesus
Cristo, tendo se perdido completamente na montanha de tanto dinheiro, que
jamais poderia existir com esse exuberância que ultrapassou todos os níveis de
controle, à vista do patrimônio de bilhões de reais, que ultrapassam
soberbamente às necessidade para a sua destinação, qual seja a construção da
catedral.
Não
há a menor dúvida de que esse padre precisaria retornar ao seminário, para ser
apresentado novamente ao verdadeiro Evangelho de Nosso Senhor de Jesus Cristo,
que tem como princípio essencial o respeito sagrado às coisas alheias, uma vez
que fica muito claro que ele cometeu abusos em continuar arrecadando e pedindo
mais dinheiro aos fiéis, quando a igreja já tinha tanto dinheiro que ele nem
conseguia mais controlar, à vista do que foi apurado.
Para
a verdadeira Igreja Católica, qualquer desvio de recursos já constitui pecado
gravíssimo, mas a considerável apropriação indébita de 60 milhões de reais,
logo oriundos de doações de ingênuos fiéis da igreja, certamente na maioria
gente pobre da comunidade, isso não tem enquadramento nos mandamentos da
igreja, porque é simplesmente imperdoável, cujo castigo, de tão grave ato, é a
perda da batina, com a proibição da celebração de qualquer sacramento da Santa
Apostólica Romana Igreja Católica, que precisa punir com severidade todos
aqueles que são seduzidos pela malignidade do demônio, ao crescer a mão desregrada
sobre o que não lhe pertence.
Ainda
como forma de reparação dessa gravíssimo gesto de desprezo aos sagrados mandamentos
de Deus, todos os valores desviados precisam retornam às origens, para que eles
possam ter a serventia para a qual houve a doação e recebimento, tudo de boa-fé
por parte dos fiéis.
Normalmente,
os religiosos de verdade fazem votos, espécie de juramento de pobreza, em estrita
harmonia com os princípios instituídos pelo criador da Igreja Católica, que
basicamente tem por finalidade o arraigado apego à conduta segundo a qual sem o
respeito à honestidade não há salvação para alma e muito menos para o corpo,
porque vai ser preciso o pagamento de dívida gigantesca perante a sociedade,
que normalmente tem como sede o Código Penal.
À
vista de muitas preces em apoio e solidariedade ao famoso padre, é até compreensível
que ele seja poderoso na fé e na religiosidade, mas os fatos investigados
demonstram, de maneira indiscutível, que ele foi omisso, descuidado e
irresponsável com o controle do dinheiro oriundo dos fiéis, os filhos de Deus,
para quem ele foi desonesto em conseguir tirar deles recursos suficientes para
esbanjamentos, desperdícios, enriquecimentos ilícitos, luxúrias e outros tantos
e graves pecados condenadas pela Igreja Católica, que tem por pregação
importantes lições de muita humildade e respeito aos filhos de Deus, ao
contrário do que cultuava o padre acusado, que simplesmente nadava de braçada em
dinheiro extraído da pobreza, que é a base do povo de Deus.
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