quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Repúdio a aumento de tributo

O presidente da República afirmou, há poucos dias, que o Brasil não aguenta mais aumento da carga tributária, em meio à aprovação, pela Câmara dos Deputados, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eleva de 10% para 23% o repasse da União para custear o Fundeb - Fundo de Financiamento da Educação Básica no País.

Em mensagem publicada por meio das redes sociais, o presidente disse que o percentual aprovado do Fundeb "ficou de bom tamanho", tendo destacado que acertou com o ministro da Economia, "lá atrás", não se permitir a elevação da carga tributária do país.

O presidente brasileiro afirmou que "A gente espera que a economia pegue, porque senão o brasileiro não tem como aguentar mais carga tributária, impossível, isso aí está acertado com Paulo Guedes lá atrás não ter aumento da carga tributária".

O presidente ressaltou que é preciso saber de onde vai sair recursos para pagar essa elevação das despesas decorrentes do aumento da fatia da União, para bancar o Fundeb e instou o Congresso Nacional a ajudar nessa tarefa, porque o fundo em apreço é uma das principais fontes de financiamento da educação pública de estados e municípios.

O presidente declarou que o Fundeb é mais uma despesa obrigatória e que é preciso solucionar esse problema sério a partir das reformas, tendo citado a reforma tributária e lembrado que o Brasil é um dos piores países para investir.

Na sua conclusão, o presidente voltou a elogiar o ministro da Economia, dizendo que ele é o seu "Posto Ipiranga" e que pouquíssima coisa discorda dele, por ele merecer a sua total confiança na condução da economia do Brasil.

Convém, a propósito dessas declarações do presidente do país, resgatar importante afirmação feita por ele, ainda no calor da campanha eleitoral, nos seguintes termos: “Querem criar pânico (ao se referir à imprensa), pois estão em pânico com nossa chance de vitória. Ninguém aguenta mais impostos. Temos consciência disso. Boa noite a todos.”.

À toda evidência, o Brasil, por já ter conseguido construir acervo invejável de tributos, penalizando a produção e a população, precisamente para suportar a máquina pública completamente paquidérmica, onerosa, ineficiente, distanciada da modernidade da administração científica, já atingiu o limite da suportabilidade contributiva dos penalizados contribuintes, que são obrigados a carregar sobre seus ombros o peso da incompetência dos tributaristas, que somente têm capacidade para enxergarem no seu horizonte a possibilidade da criação de mais tributos para o custeio de novos encargos do governo.

A preocupação do presidente é muito clara nesse sentido, ao indagar “onde vai sair os recursos para bancar o Fundão”, evidentemente já insinuando que é preciso se criar mais tributo à conta do contribuinte, para que o Estado não seja obrigado a cuidar, como deve, da redução de despesas, muitas delas desnecessárias.

Nos países evoluídos, em termos de racionalidade de suas políticas públicas, os gastos do governo são ajustados e compridos não nessa sistemática de expansão tributária, mas sim na redução de gastos públicos, com a eliminação de despesas supérfluas e dispêndios desnecessários, de modo a compatibilizar o orçamento público às condições contributivas da sociedade, evitando o estrangulamento dos meios normais do consumo, sabendo-se que este tem por consequência o natural aumento da produtividade e do crescimento da arrecadação por parte do governo, em clara observância à evolução natural do salutar processo de desenvolvimento do mercado financeiro público-privado, que é a mola que impulsiona o progresso econômico da nação.

Nesse sentido, a sábia e perfeita conclusão do presidente do país tem total pertinência, considerando, sobretudo, que a criação de mais tributos, para onerar de maneira injusta e perversa a carga tributária que já extrapola em muito a suportabilidade contributiva, para os padrões brasileiros, em termos de renda e produtividade, que são avaliados apenas razoáveis, apenas teria o condão de penalizar cruelmente quem já vem fazendo malabarismo para suportar o peso de muitos tributos que precisam ser avaliados, quanto à sua real necessidade, sopesando, para tanto, a imperiosa necessidade da eliminação de montanha de encargos públicos, por meio das imprescindíveis reformas estruturais e conjunturais do Estado.

Nessas condições, parece tanto oportuno que o presidente brasileiro se posicione contrário ao aumento de tributos como, em igual veemência, favorável à urgente racionalização dos gastos públicos, por meio de medidas oficiais que levem à reformulação do Estado, de modo que o seu funcionamento tenha por princípio a modernidade e o aperfeiçoamento da gestão pública, voltada para a observância dos conceitos da efetividade e da economicidade dos resultados, evidentemente somente alcançáveis por meio das reformas gerais, amplas e irrestritas nas estruturas e conjunturas do Estado, que é a principal razão da existência de uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo.

          Brasília, em 5 de agosto de 2020  

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