No início do discurso inflamado,
na famigerada reunião de 22 de abril de 2020, realizada no Palácio do Planalto,
que deve passar para a história republicana brasileira como a mais desastrada
de todos os tempos, o então ministro da Educação iniciou a sua fala contando
sobre a percepção que tinha de Brasília.
Ele declarou, ipsis
litteris: "Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com
essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de
privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília
é muito pior do que eu podia imaginar.”.
Diante
dessa declaração extremamente deseducada e desrespeitosa ao povo de Brasília, a
Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou moção no sentido de considerá-lo
persona non grata em Brasília.
O
título significa, de forma bem clara e definitiva, que a pessoa a que se refere
a moção é considerada desprestigiada, sem caráter e de péssimo comportamento diante
dos brasilienses, em contraposição à incivilizada atitude de ter tratado a
cidade sede dos poderes da República, das representações diplomáticas mundiais
e de nobres famílias da sociedade, inclusive à dele, se assim ela pode merecer
esse tratamento, servindo como mecanismo para repudiar as inaceitáveis e injustificáveis
ofensas gravemente proferidas por esse cidadão de índole desqualificada, em
termos de cidadania e civismo, conforme a sua monstruosa manifestação contra o
povo de Brasília, que merece, como todos os brasileiros, os maiores carinho e respeito.
Como
justificativa para a aprovação da moção de desagravo, o seu autor disse que o mencionado
ex-ministro “merece o repúdio de toda a sociedade brasileira, e em especial
da sociedade brasiliense. Brasília não pode se permitir ficar calada
diante das agressões sofridas. Por essas razões, com muita justiça, o
ex-ministro não merece consideração desta cidade e, agora, é persona non grata”.
No
texto, o parlamentar brasiliense disse que “Além de sua pública e notória
incompetência na condução das políticas educacionais e da sua completa falta de
educação e de respeito à democracia e às instituições, ele também resolveu
desmerecer a cidade e seus habitantes”.
O
autor do projeto de repúdio externou seu sentimento de revolta às palavras
ditas pelo ex-ministro, por ocasião da referida reunião ministerial, com
destaque para o trecho em que ele classifica Brasília como “porcaria e
cancro de corrupção e privilégio”.
O
parlamentar afirmou que a “A maioria dos malfeitos praticados em Brasília
são realizados por pessoas de fora, que são eleitas em outros estados. Cabe aos
eleitores dos estados eleger melhor quem será enviado para cá. A maioria dos
cargos de alto escalão em ministérios, por exemplo, não são ocupados por
pessoas de Brasília. A gente só fica com a culpa, com a impressão de que a
cidade não presta (sic).”.
O
título de persona non grata, na verdade, é documento oficial que declara
o mínimo que se poderia aprovar, na inexistência de outro que melhor e mais
apropriadamente pudesse representar a insignificância de pessoa que, de maneira
absolutamente graciosa e injustificável, faz colocações completamente
dissonante com a realidade, ao colocar Brasília no centro de suas concepções
malignas, absurdas e tresloucadas, sem a menor plausibilidade para justificar o
sentimento de insatisfação do desempenho de quem ele considera não condizente
com o pensamento dele de satisfatoriedade funcional, ou mais especificamente
que não guarda sintonia com a linha político-administrativa do Executivo,
segundo o seu ideal padrão de governabilidade.
Na
verdade, a forma completamente equivocada de interpretação do ex-ministro sobre
Brasília, que, segundo ele, “é um cancro de corrupção, de privilégio.”, só tem aceitação para
cabeça doentia e oca de bons propósitos, eis que a capital federal é sede
permanente de pessoas dignas e responsáveis, salvo alguns representantes que se
prostituíram na política, a exemplo de muitos homens públicos, que,
eventualmente, se desvirtuam, possivelmente, por força da convivência política,
o que é bem diferente da normalidade da vida de muita luta dos autênticos brasilienses,
que são exemplo de trabalho e progresso, tendo como base os princípios de boa
conduta e cidadania.
Diante do exposto,
roga-se que os brasileiros de mentalidade sadia acreditem na pureza do povo de
Brasília, de modo que possam ter a melhor visão a respeito da sua dignidade,
que não pode ser confundida com sentimento nefasto de alguém que, de maneira
irresponsável, faz generalização sobre fatos que até podem ser verdadeiros, mas
não com relação à Brasília propriamente, cujo povo procura observar, com
fidelidade, os melhores princípios de cidadania e civilidade.
Brasília, em 14 de agosto de 2020
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