terça-feira, 11 de agosto de 2020

Se a causa é justa?

             Na crônica que escrevi para parabenizar o meu herói Bonifácio Fernandes, mostrei, de forma sucinta, o meu ardente desejo de Uiraúna, Paraíba, ter instrumento legal para se homenagear seus grandes beneméritos, os cidadãos que contribuíram, de alguma maneira, para o engrandecimento do povo e da própria cidade, no empenhamento do seu árduo trabalho revertido em benefício da sociedade, como foi a extraordinária e marcante missão cumprida pelo nobre “doutor” mencionado acima, que bem faz jus à homenagem nesse sentido.

Muitas foram as mensagens em apoio à minha crônica, a exemplo da que foi redigida pelo ilustre conterrâneo escritor Francisco Leite, que disse, em tom de indagações, in verbis: “Antonio, mas que vergonha! Como pode isso? Uma cidade com tantos filhos ilustres... Será que não tem um vereador que se sensibilize com essa causa? Porque nossa terrinha ainda vive mergulhada ma ignorância?”.

Estimado e experiente escritor Francisco Leite, às suas sábias e inteligentes indagações, vou acrescentar algumas dolorosas (para mim) respostas, como forma de tentar esclarecer um pouco esse importante assunto, sob o enfoque da história cultural de Uiraúna.

Acredito, por presunção, que, na história de Uiraúna, jamais uma pessoa lutou com tanta disposição, empenho e garra, na tentativa de se aprovar o instituto do título de herói e heroína de Uiraúna, que tem por finalidade o reconhecimento materializado, de maneira oficial, da eterna gratidão aos célebres cidadãos que se sacrificaram em beneficio do povo dessa cidade.

Veja você, ilustre conterrâneo, que, somente acerca desse assunto, já escrevi, com absoluta certeza, mais de vinte e cinco (25) crônicas, mostrando a importância desse ato de pura nobreza para com os verdadeiros heróis e heroínas, cujo ato tem por exclusiva finalidade valorizar as pessoas que se destacaram com a sua obra, em prol da sociedade, e, por via de consequência, o enriquecimento da cultura da cidade.

Além dessas crônicas, eu elaborei documentos específicos, em forma de Projeto de Lei (minuta-sugestão), objetivando a instituição dos títulos de herói e heroína de Uiraúna, e do livro próprio para os registros dos agraciados; da Justificativa pertinente (minuta-sugestão); e dos Esclarecimentos sobre a importância dos títulos, em diferenciação dos títulos honorários já existentes em Uiraúna, mostrando a finalidade e a importância de cada qual.

Com a finalidade de sublinhar a importância da minha ideia, fui honrosamente convidado pelo então ilustre presidente da colenda Câmara de Vereadores de Uiraúna, onde compareci pessoalmente, em sessão especial em homenagem ao genial e talentoso primo e conterrâneo Ciro Fernandes, e fiz uso da palavra, por deferência privilegiada, quando tive oportunidade para defender a ideia em comento, por meio de exposição sobre o assunto e veemente apelo aos ilustrados vereadores, no sentido da aprovação dos títulos em questão.

Sem dúvida alguma, pensei que tinha depositado ali forte esperança no sentido de sensibilizá-los, mas, infelizmente, meus argumentos se tornaram fracos e absolutamente insuficientes para convencê-los.

Ou seja, o apoio e as alegações consistentemente imaginados e sustentados por mim foram substancialmente, ao meu sentir, insuficientes, não preenchendo as condições à altura do atendimento das exigências e dos pressupostos essenciais para o convencimento dos nobres representantes dos uiraunenses, faltando, ao que se pode deduzir, à primeira vista, o essencial ao caso, que parece ser interesse e boa vontade para o reconhecimento de causa, segundo penso, da maior relevância histórico-cultural de Uiraúna.

À toda evidência, trata-se, na minha modesta avaliação, de maravilhosa oportunidade para se puder erigir ao patamar mais elevado da cidade os nomes de seus heróis locais, a exemplo do que foi feito com relação aos heróis nacionais, que se destacaram por seus atos de amor à pátria ou ao povo do Brasil ou ainda por bravura, motivando o natural e justo reconhecimento em ato específico, com a declaração implícita no sentido de que somente poucos brasileiros são considerados heróis nacionais, cujos atos praticados ficam registrados como bons exemplos de cidadania e inspiração para todos aqueles que amam a pátria.

De igual modo, esse é o sentido primordial que me inspirou a sugerir que Uiraúna possa cultuar seus heróis e suas heroínas, para que as gerações atuais e futuras, além de reverenciá-los como os verdadeiros heróis da história da cidade, homenageá-los nas solenidades cívico-culturais, além de se sugerir a grandeza dos atos praticados em benefício da humanidade, em harmonia com os sentimentos tanto de cidadania como cristãos.

Enfim, o importante é que continuarei persistindo, com o apoio dos conterrâneos com visão em sintonia com o meu pensamento, na luta pelo reconhecimento oficial dos heróis e das heroínas de Uiraúna, diante da indiscutível agregação do importante valor imaterial e cultural do gesto em si, que tem expressivo significado em forma de gratidão às pessoas que se tornaram bravas e heroicas graças ao seu sacrifício em nome do seu semelhante, que precisam ser lembradas e homenageadas para a eternidade, notadamente porque os benefícios disso são múltiplos, enquanto os óbices são inexistentes, não havendo ainda interesse à causa inegavelmente justa...

          Brasília, em 11 de agosto de 2020  

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