domingo, 27 de dezembro de 2020

À falta do extraordinário?

 

Em crônica, eu disse que, realmente, o ano de 2020 foi extremamente lastimável, mas não pode, em hipótese alguma, ser considerado o pior de todos, salvo para quem foi acometido por esse vírus quase sempre letal e não resistiu ao seu poderoso impacto somente comparável ao que aconteceu nas terríveis guerras mundiais, que tiveram outras conotações próprias da crueldade humana.

Agora, a humanidade vive momento de expectativa quanto à esperança de que as vacinas tragam no seu bojo o poder milagroso da proteção contra a Covid-19, de modo que a vida humana volte à normalidade anterior à tragédia que abalou e impactou às atividades essenciais à sobrevivência do homem, que precisa urgentemente ser recompensado com as belezas da liberdade em todos os sentidos.

A sempre distinta conterrânea e elegante nos seus comentários, prezada senhora Bernadete Gonçalves escreveu a seguinte mensagem: “Parabéns pelo belo texto tenho orgulho de tê-lo como conterrâneo. Com certeza amigo, esse foi um ano muito triste, quem não foi atingido direta ou indiretamente com esse vírus da covid 19!! Pais de luto, filhos de luto, parentes intubados, vizinhos contaminados... a dor, sofrimento e angústia, tomaram conta das mentes e corações, desemprego aumentou, a fome chegou, a solidão e depressão também. Mas confiando em Deus temos a esperança de um ano de 2021 melhor com todos vacinados e curados desse vírus. (...)”.

Em resposta à ponderada mensagem, eu digo que a sua explanação, prezada amiga Bernadete Gonçalves representa síntese muito clara do que pode ter sido o ano 2020, que precisa ser abandonado, o mais rapidamente e sem nenhuma saudade, salvo sobre quanto aos gigantescos atos explícitos de maldade e crueldade contra a humanidade, que precisam ser muito bem aprendidos como lição negativa, para que muitas atrocidades contra as pessoas possam ser doravante evitadas.

Isso parece ser preciso, principalmente no sentido de que os incompetentes possam se conscientizar sobre o tamanho das suas omissões e irresponsabilidades inerentes aos seus atos de desmazelo com relação aos cuidados que deveriam ter tido, no exato cumprimento das suas obrigações constitucional e legal, mas, ao contrário, eles permitiram que a sua vaidade falasse mais alto do que o interesse da sociedade, cujo terrível resultado salta impunemente aos olhos, com a quantidade estarrecedora e inadmissível de milhares de mortes e infectados pela Covid-19.

 Para a tristeza maior, esses tristes acontecimentos ainda recebem aplausos de milhões de brasileiros que dão guarida a atos de pura insanidade praticados por quem precisa aprender o mínimo do dever de estadista cônscio das suas funções constitucional e legal perante os seus representados, tendo a obrigação primacial de cuidar deles em melhores condições do que em relação a si próprio.

Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a sua real importância de ser povo que mantém a República com a arrecadação de seus tributos e, por isso mesmo, tem o direito de ser comandado por pessoa, no mínimo, com competência, equilíbrio, humildade, serenidade, responsabilidade e, acima de tudo, amor ao ser humano, para que possa sentir na própria pele o tanto de dor e sofrimento que as pessoas que já perderam entes queridos.

Esse fato exige que alguém com incumbência de comandar o país estivesse dia e noite à frente de tudo que fosse necessário para combater, com total empenho e dedicação, com toda as forças e em todos os francos os efeitos desse terrível vírus letal e assustador.

É extremamente doloroso o acompanhamento das medidas que já foram adotadas pelo governo e das outras que estão em curso, para apenas se perceber que nada, absolutamente nada, de extraordinário se contabiliza como tenha sido feito pelo governo para combater a desgraça da Covid-19, salvo as medidas extremamente corriqueiras e apenas necessárias, quando elas já foram adotadas além-fronteiras brasileiras.

Citem-se, como excelente exemplo a vacinação, que é forma inteligente de prevenção contra o vírus, em que vários países já iniciaram a imunização, enquanto a incompetência brasileira, ainda se encontra emaranhado nas teias da complicada burocracia governamental, sem planos nem efetividade de coisa alguma, deixando expostas as completas e costumeiras omissões e irresponsabilidades, a se permitirem graves prejuízos para os brasileiros, em termos de perdas de vida.

Sabe-se que, quanto mais tempo se demora para a imunização da população, muito mais risco de exposição se tem a favor do vírus e isso pode implicar mais legalidade, que deveria sim ser imputada a quem dá causa a esse drástico dano à vida humana, ou seja, enquanto a sociedade não se mobilizar para responsabilizar os maus administradores, aqueles que demoram em cumprir o seu dever constitucional, os estragos continuam a acontecer normalmente, e a irresponsabilidade se expande, na certeza da impunidade e ainda se achando que seus atos são os melhores que realmente deveriam ter sido adotados.

Há a clara certeza de que nem titular à altura do ministério existe para cuidar da saúde pública, como constitucionalmente deveria, uma vez que ele é ocupado por especialista em suprimento de víveres do Exército, quando à sua frente deveria estar, em razão da gravidade da pandemia, especialista gabaritado em conhecimento da saúde dos brasileiros, em evidente demonstração de competência, consciência sobre a gravidade da situação, importância sobre o ser humano e principalmente responsabilidade administrativa, que todo estadista precisa saber como o seu intrínseco dever maior de comandar os interesses da nação com a grandeza do Brasil.

Acredita-se que essas poucas palavras apenas expõem a veemente indignação de muitos brasileiros que sentem, com muita tristeza no coração, que a perda de muitas vidas bem que poderia ter sido evitada, se realmente a saúde pública da população estivesse sendo cuidada com as devidas competência e responsabilidade.

 Ante a evidência dos fatos, há a absoluta certeza de que convém que sejam realizadas medidas extraordinariamente além do necessário, em combate à pandemia do novo coronavírus, como demonstração do quanto a vida humana precisa ser valorizada e certamente isso ainda precisa ser mostrado, com o devido vigor, para os brasileiros.

Brasília, em 27 de dezembro de 2020

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