A psicóloga Karla Christine escreveu o seguinte
texto, ipsis litteris: “Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei
com uma coisa estarrecedora... As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como
podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito
tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível. Marginal,
sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade, pelo menos uma
sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado.
No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar
para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as
suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades
e deixou a vida correr solta. (...) Cazuza era um traficante, como sua mãe
revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro
criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença
entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não. Fiquei
horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha
filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não
começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e
outras coisas, fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou. (...) Devo
lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a
que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido
pais que dissessem NÃO quando necessário? Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais
difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se
arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar... Não se preocupem
em ser 'amigo' de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi à
pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois
amigo não diz SIM sempre.”.
Parabenizo
a autora do expressivo texto, por sintetizar grande e pura verdade sobre a
criação dos filhos.
Não
resta a menor dúvida de que esse artista se revelou pessoa de grande influência
entre a juventude, mas, realmente, ele foi pessimamente não só para a
sociedade, mas para si próprio, tanto que sumiu do mapa muito cedo,
possivelmente bem antes se ele tivesse tido vida diferente daquele esbanjada
por ele.
Consta
que os pais do artista teriam sido extremamente liberais para com ele, a ponto
de fazer todos os seus gostos, mesmo que os seus desejos não estivessem na
conformidade do figurino social, à vista das incríveis atitudes descritas pela
psicóloga, que muito entende do comportamento da sociedade e mostrou extrema indignação
sobre o que viu no filme, onde se exalta exatamente o que de pior o artista teria
oferecido como legado para a sociedade.
Induvidosamente,
a exemplar criação dos filhos terá reflexo para o resto das vidas deles e
normalmente com a segurança de que eles somente terão condições de retribuir
com ações maravilhosas e sublimes, porque é exatamente o verdadeiro sentido da
vida, na compreensão de que a plantação de excelentes sementes certamente
resultará em colheita de excelentes frutos.
Agora,
impressiona se verificar como é possível a transformação de alguém em
verdadeiro herói nacional, como se ele tivesse sido modelo de altruísmo ou algo
especial que realmente merecesse ser luz para as gerações, quando se trata de pessoa
que não serve de exemplo nenhum para a sociedade, quanto menos até mesmo para si,
à vista das ações deletérias e prejudiciais protagonizadas por ela, cujos atos terminaram
constituindo verdadeira desgraça a própria vida, à vista dos fatos da sua história.
O
caso desse artista e de muitos outros que fizeram sucesso sob o uso de métodos
não condizentes com os princípios e as condutas merecedoras de aplausos jamais
deveria servir de exaltação e muito menos de evocação de careira brilhante,
porque ela somente aconteceu nessas condições deprimentes, o que, à toda
evidência, seria muito conveniente que o filme apenas mostrasse os shows com as
suas músicas, sem necessidade de relatar a sua vida horrorosa de verdadeiro
marginal, conforme é sublinha no lúcido texto acima.
Convém
sim, por ser preciso e urgente, que a sociedade reveja seus conceitos,
principalmente quanto à criação e à educação de seus filhos, porque a
metodologia empregada nas lições e nos ensinamentos pelos pais vão ser
devidamente aprendidos, a depender exatamente da maneira como eles forem
ministrados, à vista dos métodos empregados, em termos de qualidade.
Certamente
que são felizes os pais que realmente souberem e se preocuparem com o futuro
glorioso de seus filhos heróis, porque a tranquila colheita dos frutos se
encaixa direitinho em harmonia com as sementes plantadas, no sentido de que
sementes bem selecionadas hão de oferecer somente bons frutos.
Brasília, em 16 de dezembro de 2020
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