O
Observatório Covid-19 BR, projeto multidisciplinar que reúne cientistas objetivando
a atenuação dos efeitos da pandemia, analisou o planejamento de vacinação
divulgado pelo Ministério da Saúde, para combater a doença e chegou à conclusão
de que: “Ainda não temos um plano”.
O
referido grupo é formado por especialistas dos centros de pesquisa mais
importantes do Brasil, a exemplo da USP, Fiocruz, UFSC e outras universidades,
colheu informações disponíveis sobre a maneira como o governo pretende imunizar
a população contra a Covid-19 e afirma que “é preocupante o estado atual de
planejamento.”.
O
documento elaborado pelo citado grupo e divulgado hoje afirma, de forma categórica,
que “É um esboço rudimentar, com tantas fragilidades e lacunas que dificilmente
poderá ser seguido. São marcantes a falta de ambição, de senso de urgência e de
comprometimento em oferecer à população brasileira um plano de vacinação
competente, factível, que contemple as diversas vacinas em teste no Brasil, com
transparência e em articulação com estados e municípios”.
Uma
epidemiologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo,
que faz parte do grupo, disse que “Esse trabalho nasceu em parte da
indignação que a gente tem de saber que o Brasil poderia ter um plano
consubstanciado, bem documentado e construído com uma racionalidade, mas não
tem.”.
Os
pesquisadores esclarecem que um dos poucos aspectos do plano razoavelmente
claros é o de priorização do público a ser vacinado, que foi estabelecido, na
primeira etapa, que serão vacinados os profissionais de saúde, os idosos acima
de 75 anos e os indígenas, mas, ao seu ver, os moradores de rua, que são
considerados como população vulnerável, também deveriam ter sido incluídos nessa
fase.
Os
pesquisadores criticaram a falta de definição sobre quais vacinas serão usadas,
à ausência de cronograma e à exclusão de esferas estaduais e municipais na
elaboração do plano, uma vez que, no contexto do SUS, iniciativas federais são
executadas normalmente por unidades e agentes municipais.
O
Observatório Covid-19 BR afirma que é estranho o governo não ter incluído no
plano nacional a vacina CoronaVac, que deverá ser produzida pelo Instituto
Butantan, do Estado de São Paulo, que faz parte do governo paulista, que vem afirmando
que tem plano próprio de vacinação, o qual também foi criticado pelos cientistas.
Eles
disseram que “Este plano existe publicamente apenas na forma de uma
apresentação de PowerPoint e, como o plano federal, não se fez acompanhar de
documento público que permita uma avaliação”.
Os
cientistas demonstraram preocupação com a logística, ao afirmarem que, “Além
da produção da vacina para duas doses por indivíduo, a operacionalização da
vacinação demanda outras questões logísticas fundamentais, como a aquisição de
insumos diretamente ligados à aplicação da vacina (seringas e agulhas, por
exemplo), o transporte e a conservação da vacina”.
Com
relação aos referidos materiais, o Ministério da Saúde esclareceu que eles se
encontram em processo de aquisição, embora não tivesse dado detalhes obre esse
assunto tão importante, porque a gritante falta de informações sobre as ações
do governo permite a ilação sobre possíveis omissões operacionais.
Os
pesquisadores alegam que a nítida falta de transparência no processo no combate
à pandemia certamente compromete também aspectos éticos do plano.
Uma
sanitarista da Escola Nacional de Saúde da Fiocruz, que integra o grupo, disse
que “Existe uma urgência sanitária, uma demanda da população e de todos os
setores pela vacina, mas ela precisa ser atendida com critérios de segurança,
equidade e justiça.”.
Por
último, os pesquisadores declararam que “Além das várias fragilidades que
apontamos, (...) a desarticulação com outros níveis federativos provoca
imensa apreensão sobre sua adequação para o momento atual. Apesar de o início
da vacinação estar próximo, vivemos um tempo de pandemia ainda repleto de
incertezas. O propósito principal afinal é a preservação de vidas e de
qualidade de vida. O plano de vacinação do governo federal não demonstra tal
compromisso, por atos e por omissões”.
À
toda evidência, a abalizada importante manifestação de cientistas de renome sobre matéria de suma importância para os
brasileiros, porque ela tem como cerne o planejamento estratégico da imunização
da população, que é vital para protegê-la, precisa ser levada ao extremo da sua
competência, para que os ensinamentos contidos nela possam servir como
fundamental importância, em termos de lição para a equipe de governo que tem a
incumbência de cuidar do combate à pandemia do novo coronavírus.
Aliás,
nem precisa de muito esforço para se concluir que o governo fica o tempo todo
de brincadeira com assunto da maior seriedade, que vem afetando gravemente a
população, à vista da alarmante quantidade de óbitos, já muito próximo do
atingimento de 180 mil mortes, em escalada que expressa claramente o tamanho da
incompetência, da omissão e da irresponsabilidade do governo, que só demonstra
falhas gravíssimas que têm muito a ver com o desastre de tantas perdas humanas,
à vista da afirmação desses cientistas.
Certamente
que grande parte dessas mortes poderia ser imputada à visível e indiscutível
falta de interesse por parte de órgão de governo, diante das suas indiscutíveis
insensibilidade e incapacidade para se enxergar o gigantismo e a gravidade da
pandemia, quando, ao contrário, vem sendo objeto de descaso a terrível situação
da pandemia, à vista da execução apenas de medidas minimamente possíveis ao seu
alcance, quando os estragos já causados às vidas humanas exigem a adoção de prioridade
das prioridades, em termos das ações públicas, em se tratando de governante com
o mínimo de sentimento humano no coração.
A
minha assertiva exposta acima tem o beneplácito da avaliação segura e
competente de especialistas e cientistas entendidos do assunto, que vêm se
manifestando mostrando exatamente as falhas e as omissões protagonizadas por
órgão do governo que, de tão insensível à gravidade da pandemia em causa, que
continua pondo em risco a integridade física dos brasileiros, assume a
incompetência e irresponsabilidade de ter importantíssimo órgão especializado na
Saúde Pública acéfalo, porque o Ministério da Saúde é comandado por general, que
tem a especialização em suprimento de víveres para quartéis, algo extremamente
irracional e inadmissível, diante da grave crise acometida na saúde pública
brasileira.
Esse
fato, por si só, demonstra, de forma cabal, a viva e efetiva monstruosidade perpetrada
contra os brasileiros, que merecem ser tratados com os devidos respeito e
consideração, no entendimento sensato segundo o qual, em circunstância de normalidade
no âmbito da saúde pública, talvez fosse até admissível que encarregado de
almoxarifado pudesse, na pior das hipóteses, caso não tivesse especialista em
saúde pública, com formação em Medicina, assumir tão importante cargo, por não
se exigir tanto de esforço e especialização para se ocupar cargo transformado de natureza meramente
político.
Agora,
o governo sério, competente e responsável, com o mínimo de zelo para com a
coisa pública, não poderia ter sossego de consciência pública, à vista da
relevância da vida humana, se não tivesse ocupando o Ministério da Saúde profissional
exclusivamente competente e entendido ao máximo das funções de incumbência
desse órgão, em que o governo afastaria qualquer sentimento ruim que agora
recai sobre os seus ombros de indiscutíveis omissões, incompetência, irresponsabilidade,
por ser cúmplice com tudo de péssimo que grassa no combate à desgraçada
pandemia do novo coronavírus, porque é exatamente esse sentimento que fica
quando seus atos são somente censurados e criticados, por quem tem competência para
as avaliações sobre o desempenho governamental.
Chega
o momento em que a indignação, conforme fica patente no texto acima, permite se
afirmar que o erro não está absolutamente no governante, mas sim nos brasileiros,
que demonstram completa incapacidade para vislumbrar a monstruosidade, a crueldade,
enfim, a desgraça que poderiam ser evitadas contra a população se o país fosse
comandado por pessoa despojada de arraigados sentimentos de vaidade, a cultuar
no coração o único desejo de perpetuidade no poder, já pensando em reeleição, ainda
no meado do seu governo.
O
estadista extremamente sensato teria, nas circunstâncias, o exclusivo objetivo a
salvação de vidas humanas, tendo a sensibilidade para priorizar todas as ações
para cuidar em essência e sobretudo dos assuntos pertinentes ao combate à
pandemia em apreço, a começar da escolha da melhor equipe da área responsável
pelas políticas pertinentes, que teria a incumbência de zelar em tudo sobre a
crise, desde a concentração na área federal das ações de combate à pandemia, a regulamentação
sobre o assunto, em termos de execução de medidas de combate (hoje não existe
nada), a distribuição de medicamentos, a aceitação de sugestões de segmentos
sociais, a formação de equipes para orientação ao povo (até hoje vivendo ao
deus-dará), aprovação de plano eficiente de imunização e outras medidas capazes
de mostrar interesse, competência administrativa e, acima de tudo, amor à vida
humana.
Brasília, em 9 de dezembro de 2020
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