sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

O sentimento da campaixão

          A vida pode mostrar belas lições inesperadas, com poder mágico impressionante e foi o que vivenciou um médico judeu, que trabalha na linha de frente contra a Covid-19, num hospital da Califórnia, nos EUA, quando ele diz ter salvado um infectado grave com tatuagens nazistas.

O médico, muito sensibilizado, fez o relato nas redes sociais, tendo afirmado que teve a seguinte experiência: "Ele veio de ambulância sem fôlego, com dificuldades em respirar. Visivelmente doente. Desconfortável. Assustado. Quando lhe tiramos a camisa para colocar a bata do hospital, todos vimos várias tatuagens nazistas”.

O médico disse que outro profissional de saúde revelou que, além dele, também uma enfermeira negra ajudou a salvar o homem, tendo escrito que “Todos nós vimos. Os símbolos de ódio no seu corpo anunciavam com orgulho os seus ideais. Todos nós soubemos naquele momento o que ele pensa sobre nós. Como ele valoriza as nossas vidas”.

O médico judeu relatou que “o paciente nazista, que pedira ao médico judeu que não o deixasse morrer, tinha no peito a cruz suástica e, nos braços, tinham vários desenhos nazistas e inscrições que lembravam as SS, ou seja, era bastante determinante a ligação dele com a causa nazista, inimiga em potencial dos judeus.”.

O médico admitiu que, frente a tais símbolos chocantes, pela primeira vez na sua carreira, hesitou em salvar um paciente.

Ele confessou que, “Quando vi a tatuagem das SS perguntei-me o que é que ele iria pensar ao saber que tinha sido um médico judeu a cuidar dele ou o quanto ele se importaria em salvar a minha vida se invertêssemos os papéis. E reconheço que, pela primeira vez na minha carreira, hesitei. A pandemia atingiu-me. O meu mantra de cuidar de todos não teve o mesmo impacto. Percebi que talvez eu não esteja bem”.

Não obstante, em que pesem as questões ideológicas, que, sem qualquer praticidade ou justificativa de ser, porque em nada elas contribuem para a elevação da humanidade, mas sim, ao contrário, o médico disse que teria ficado com o coração feliz, em ter contribuído para salvar a vida do homem que, depois de entubado, nunca mais o viu, porque ele foi para outro setor do hospital estranho ao que ele trabalha, ficando na sua mente a lembrança da bela experiência de trabalho, que nem fazia ideia que isso pudesse acontecer na vida dele.

O médico concluiu que, com base nesse episódio, “Ele ensinou-me uma lição. Esta pandemia está testando e fortalecendo as profundezas da nossa compaixão. Temos de nos apoiar uns aos outros, para garantir que podemos continuar a dar o melhor atendimento. As nossas portas estarão sempre abertas, não importa quem seja, para que possam procurar ajuda quando precisares”.

Por certo que essa importante história é uma de muitas situações que vêm acontecendo por força da pandemia do novo coronavírus, em que talvez não acontecesse na vida normal, mas as circunstâncias obrigam até mesmo que judeu possa salvar nazista, sobrelevando questão antagônica da humanidade, tendo o condão de provar que mortal mesmo é a arraigada ideologia, em que o ser humano se torna seu fiel escravo, sem qualquer sentido construtivo para o aprimoramento das relações sociais.

Acredita-se que o médico tenha agido corretamente, tendo em conta que não faz o menor sentido se negar socorro médico ou ajuda humanitária exclusivamente por questão ideológica, no caso, no sentido contrário, quando a vida humana é a razão essencial para o estreitamento das relações sociais, sabendo-se que não passa de mentalidade pequena e frágil se imaginar em superioridade de raça ou cousa que o valha, quando o mundo tem espaço para todos em igualdade que só faz bem ao ser humano, pensando tão somente como gente complemente possuída pela salutar ideologia do puro e verdadeiro amor no coração, porque esta é autêntica e tem ainda contribui para a aproximação da humanidade.

A importante lição que fica desse episódio é que o médico judeu pôde provar ao nazista de que este é mero cultor de ideologia inserida em mentalidade medíocre, atrofiada e desumana, por se julgar, a vida inteira e sem o mínimo fundamento, ente superior à raça judaica, mas foi totalmente incapaz, o momento da verdade, de usar a sua considerada superior filosofia de vida para se salvar, sendo preciso que o médico judeu, tido por ele como raça inferior desprezível.

A beleza de Deus contribuiu para a construção dessa rica história de vida, em que o médico judeu foi chamado para salvar ideólogo nazista e o fez pelo elevado sentimento de amor à sua profissão e certamente ao ser humano, não importando que ele, o paciente, seria capaz de praticar gesto do maior sentimento humanitário, de tratar seu semelhante nas mesmas condições dos demais pacientes.

Trata-se de bela lição para a humanidade, no sentido de mostrar que somente o homem tem a capacidade tanto para a construção do amar, com relação ao seu próximo, como para o sentimento do ódio, a depender apenas da sua índole de amor ou desamor, que são próprios do ser humano, no sentido de contribuir para o mundo melhor ou apenas para ser indiferente aos fatos bons da vida, a depender da mentalidade humana.

Com certeza, a atitude do médico americano demonstra duplo benefício humanitário, por contribuir que ele permanecesse de bem com a sua consciência humanitária, pela prática normal e elevada da sua profissão, em fidelidade ao importante juramento de Hipócrates, com o salvamento do ser humano, e por possibilitar que ele converta a mentalidade atrofiada de pessoa que tem dificuldade em entender que a raça humana só existe uma em igualdade em tudo, inclusive no sentimento da compaixão.

           Brasília, em 18 de dezembro de 2020

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