terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O acerto é a regra

 

Em crônica, foi mostrado que o presidente da República vem trabalhando para eleger o presidente da Câmara dos Deputados que seja integrante da sua aliança política naquela casa legislativa, tendo mostrado uma série de inconveniências com relação a tal procedimento.

Em razão disso, o sempre esperto e versátil amigo Rinaldo Firmo escreveu a seguinte mensagem: “Lamento, lamento e lamento! Parece que é mais fácil ouvir a nefasta imprensa corrupta, promover o presidente da câmara a Presidente da República ou trazer o trazer o Lula de volta, do que o povo ir prás ruas apoiar o Pres. Bolsonaro, que até agora está tentando colocar o Brasil na posição que todos merecemos. Ninguém está lembrando do que ele já fez pelo povo nordestino. Lamento também não dominar as letras, igual a você amigo Adalmir, para poder me expressar melhor. Que tal usar sua caneta para demonstrar como o Bolsonaro a forma ideal para”.  

Não entendi o sentido da última expressão da sua mensagem, querido irmão Rinaldo Firmo, mas, no geral, ao que entendi, você quis dizer que deixo de apontar as bondades feitas pelo governo do atual presidente da República, em benefício dos brasileiros, preferindo ficar apontando os supostos erros praticados por ele.

Se for isso, permito-me dizer, data vênia, que o presidente da República ou qualquer representante do povo são eleitos somente para fazerem algo bom para o povo, que percebe quando eles o fazem ou assim procedem.

Agora, ninguém é eleito para se meter em falcatruas ou algo estranho às funções inerentes ao seu cargo, como no caso aqui enfocado, em que o presidente do país cogita eleger o parlamentar da sua preferência para exercer a presidência da Câmara dos Deputados, com a finalidade de servir de capacho dele nesse relevante órgão, com vistas a comandar a pauta, na melhor forma que lhe convier e lhe seja favorável.

Na realidade, isso evidencia absoluto ato antirrepublicano, precisamente diante da intromissão dele em assunto de exclusiva competência de órgão de outro poder da República, com claro ferimento dos princípios constitucionais da autonomia e da independência.

O mais grave de tudo isso é que ele ainda cogita comprar a consciência de parlamentares, por meio de emendas parlamentares e nomeação de apaniguados de deputados para cargos públicos, até mesmo com a possibilidade da criação de ministérios, para a plena satisfação de seu extravagante capricho pessoal, ou seja, para o atendimento de seus interesses, fazendo uso de recursos públicos, em cristalina afronta à normalidade constitucional, em aproveitamento de suas conveniências.

É preciso que as pessoas fiquem sabendo que as coisas boas do governo não podem abonar nem compensar as suas falhas, uma vez que estas sim precisam ser apontadas e recriminadas pela sociedade, até com veemência, para que seja possível a adoção de medidas saneadoras, a exemplo do que acontecem nos países sérios e civilizados, em termos político, republicano e democrático.

Convém que as pessoas avaliem o governo no seu conjunto, reconhecendo os acertos e condenando os erros, de modo a se evitar o endeusamento quando somente são valorizados os atos positivos e fechando os olhos para os desacertos e até mesmo para as irregularidades com dinheiro público, como no caso da possível criação de ministérios, visivelmente desnecessários, mas tendo por propósito a satisfação pessoal do presidente da República, que é dono da principal caneta do país e acha que tem o direito de fazer com ela o que bem pensar, sem necessidade da prévia avaliação sobre o imprescindível e salutar princípio do custo-benefício, de fundamental importância para os interesses nacionais.

Ou seja, o representante do povo, não importa o nível dele, tem o dever primacial de sempre acertar nos atos referentes às atividades públicas, tendo a inafastável obrigação de nunca errar, porque esses são os princípios inerentes à administração pública, em atenção ao estrito regramento constitucional.

Caro Rinaldo Firmo, a depender da inteligência do interlocutor, penso que venho usando a caneta precisamente para mostrar o que o presidente do país não tem o direito de fazer e isso, para o bom entender, não pode haver ajuda melhor para quem quer servir o país, na melhor linha da correção e no cumprimento fiel do regramento jurídico.

Compreendo que há pessoas que se magoam diante da minha postura de dizer e mostrar as estripulias sobre atos espúrios e inescrupulosos, completamente inadmissíveis em se tratando de governo que poderia e deve ser sério com o emprego de recursos públicos.

Há pessoas que entendem que o governo pode cometer alguns deslizes, já que ele faz tantas boas obras, inclusive para os nordestinos, como se isso fosse a regra, em que se pudesse compensar os erros pelo somatório dos acertos.

Outro dia mesmo, uma pessoa, muito indignada pelo tanto que eu escrevia apontando os inaceitáveis escorregões do governo, jogou na minha cara que ele teria votado no presidente para ele fazer exatamente tudo o que ele achar conveniente, sem necessidade de limite algum, porque ele tem o poder.

É verdade que o mandatário do país é o dono do poder, não podendo, por outro lado, ser esquecido que, na administração pública somente é permitido ser feito o que estiver escrito na lei, o que vale dizer que, fora dela, entende-se como proibido, ilegal e condenável, sujeitando-se às censuras e às admoestações da sociedade, que são próprias do saudável regime político sob a égide da democracia.

Convém se sublinhar que a tentativa de “colocar o Brasil na posição que todos merecemos.” é algo que realmente precisa ser visito como da maior importância para os brasileiros, em se tratando de que esse é o anseio que vem de priscas datas e nada melhor do que aconteça algo nesse sentido, o mais rapidamente possível.

Não obstante, isso não tem nada a ver com as críticas sobre falhas de gestão, porque elas são essenciais ao aperfeiçoamento das práticas político-administrativas, dando a entender, em contrassenso, que o presidente do país, ao se empenhar em pôr a casa em ordem, pode ficar livre para cometer deslizes, de modo que ninguém se intrometa em censurar seus atos, diante da imunidade adquirida por ele ser exímio esforçado em colocar o país no topo, cuja elevação e capaz de satisfazer plenamente aos brasileiros, com a felicidade tal que ele passa a ter o direito de fazer o que bem quiser sem ser notado, a título da recompensa pelo belo trabalho realizado para agradar à sociedade.

Seria de bom alvitre que, tanto o presidente da República como os seus seguidores tivessem o mínimo de sensibilidade para entender que a imprensa considerada, por eles, de nefasta e corrupta, trabalha no seu importante dever de prestar a melhor informação sobre os fatos do cotidiano à sociedade, no seu dever institucional, cabendo ao governo, em especial, a inteligência de não admitir, por meio de pedidos de esclarecimentos ou de interpelação por meio judicial, conforme o caso, quando houver abuso de informação ou algo que não esteja em conformidade com a normalidade jornalística, envolvendo informações oficiais do governo, quando se acreditaria que houvesse o devido respeito à verdade dos fatos.

Ao contrário de relacionamento racional e civilizado, como se exige nos países evoluídos, em termos de comunicação,  o presidente do país e seus fiéis seguidores preferem se autoflagelar, dizendo-se vítimas da imprensa perseguidora e destrutiva do governo, dando até a entender que ele se alimento dessa maneira incivilizada de relacionamento, justamente para estar em permanentes lamúrias na condição de vítima de perseguição, quando isso é apenas clara demonstração de extrema incompetência e inferioridade, por aceitar o status quo da prevalente mediocridade.

Trazer alguém de volta ao governo tem muito a ver com a competência da gestão político-administrativa do atual presidente, que conseguiu agradar muitas pessoas, mas não tem sido o estadista esperado por outras, que enxergam no seu estilo de administrar o país montanhas de incompetência insuperável, principalmente a sua ligação com os filhos, cada qual mais complicado com o envolvimento com milícias e outras irregularidades que são absolutamente incompatíveis com os princípios da moralidade.

Ademais, a volta de alguém ao governo precisa ser vista com naturalidade, sob o prisma da soberana vontade popular, que, segundo importante adágio, o povo tem o governo que merece e isso se ajusta ao estágio vivenciado pela democracia brasileira, que se harmoniza exatamente com as circunstâncias do país.     

Embora muitas pessoas possam pensar diferentemente de mim, tenho procurado usar a importante "caneta" recebida de Deus para escrever somente o que o meu pensamento elege como devo me comportar como escriba, mostrando a realidade segundo a minha visão sobre a verdade dos fatos da vida, respeitando o pensamento de todos, porque sei que cada qual tem a sua verdade, que precisa ser respeitada, se possível, em forma de reciprocidade, porque isso é maneira civilizada e evoluída do ser humano se comportar, diante dos salutares ensinamentos proporcionados pela modernidade da humanidade.   

          Perdoe-me, caro mestre Rinaldo Firmo, se esses esclarecimentos não condizem com o pensamento da sua ponderada e sábia mensagem, mas de qualquer modo eles objetivam trazer à atualização de normas comezinhas sobre a imperiosa necessidade do aprimoramento do dever legal de todo gestor público, tendo por mira o rigoroso zelo pela coisa pública.

Brasília, em 15 de dezembro de 2020

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