Em crônica, foi mostrado que o presidente da
República vem trabalhando para eleger o presidente da Câmara dos Deputados que
seja integrante da sua aliança política naquela casa legislativa, tendo mostrado
uma série de inconveniências com relação a tal procedimento.
Em razão disso, o sempre esperto e versátil
amigo Rinaldo Firmo escreveu a seguinte mensagem: “Lamento, lamento e
lamento! Parece que é mais fácil ouvir a nefasta imprensa corrupta, promover o
presidente da câmara a Presidente da República ou trazer o trazer o Lula de
volta, do que o povo ir prás ruas apoiar o Pres. Bolsonaro, que até agora está
tentando colocar o Brasil na posição que todos merecemos. Ninguém está
lembrando do que ele já fez pelo povo nordestino. Lamento também não dominar as
letras, igual a você amigo Adalmir, para poder me expressar melhor. Que tal
usar sua caneta para demonstrar como o Bolsonaro a forma ideal para”.
Não
entendi o sentido da última expressão da sua mensagem, querido irmão Rinaldo
Firmo, mas, no geral, ao que entendi, você quis dizer que deixo de apontar as bondades
feitas pelo governo do atual presidente da República, em benefício dos brasileiros,
preferindo ficar apontando os supostos erros praticados por ele.
Se
for isso, permito-me dizer, data vênia, que o presidente da República ou
qualquer representante do povo são eleitos somente para fazerem algo bom para o
povo, que percebe quando eles o fazem ou assim procedem.
Agora,
ninguém é eleito para se meter em falcatruas ou algo estranho às funções
inerentes ao seu cargo, como no caso aqui enfocado, em que o presidente do país
cogita eleger o parlamentar da sua preferência para exercer a presidência da
Câmara dos Deputados, com a finalidade de servir de capacho dele nesse relevante
órgão, com vistas a comandar a pauta, na melhor forma que lhe convier e lhe
seja favorável.
Na
realidade, isso evidencia absoluto ato antirrepublicano, precisamente diante da
intromissão dele em assunto de exclusiva competência de órgão de outro poder da
República, com claro ferimento dos princípios constitucionais da autonomia e da
independência.
O
mais grave de tudo isso é que ele ainda cogita comprar a consciência de
parlamentares, por meio de emendas parlamentares e nomeação de apaniguados de
deputados para cargos públicos, até mesmo com a possibilidade da criação de
ministérios, para a plena satisfação de seu extravagante capricho pessoal, ou
seja, para o atendimento de seus interesses, fazendo uso de recursos públicos,
em cristalina afronta à normalidade constitucional, em aproveitamento de suas
conveniências.
É
preciso que as pessoas fiquem sabendo que as coisas boas do governo não podem
abonar nem compensar as suas falhas, uma vez que estas sim precisam ser
apontadas e recriminadas pela sociedade, até com veemência, para que seja
possível a adoção de medidas saneadoras, a exemplo do que acontecem nos países
sérios e civilizados, em termos político, republicano e democrático.
Convém
que as pessoas avaliem o governo no seu conjunto, reconhecendo os acertos e
condenando os erros, de modo a se evitar o endeusamento quando somente são
valorizados os atos positivos e fechando os olhos para os desacertos e até
mesmo para as irregularidades com dinheiro público, como no caso da possível
criação de ministérios, visivelmente desnecessários, mas tendo por propósito a
satisfação pessoal do presidente da República, que é dono da principal caneta do
país e acha que tem o direito de fazer com ela o que bem pensar, sem
necessidade da prévia avaliação sobre o imprescindível e salutar princípio do
custo-benefício, de fundamental importância para os interesses nacionais.
Ou
seja, o representante do povo, não importa o nível dele, tem o dever primacial
de sempre acertar nos atos referentes às atividades públicas, tendo a
inafastável obrigação de nunca errar, porque esses são os princípios inerentes
à administração pública, em atenção ao estrito regramento constitucional.
Caro Rinaldo Firmo, a depender da inteligência do
interlocutor, penso que venho usando a caneta precisamente para mostrar o que o
presidente do país não tem o direito de fazer e isso, para o bom entender, não pode
haver ajuda melhor para quem quer servir o país, na melhor linha da correção e
no cumprimento fiel do regramento jurídico.
Compreendo que há pessoas que se magoam diante
da minha postura de dizer e mostrar as estripulias sobre atos espúrios e inescrupulosos,
completamente inadmissíveis em se tratando de governo que poderia e deve ser
sério com o emprego de recursos públicos.
Há pessoas que entendem que o governo pode cometer
alguns deslizes, já que ele faz tantas boas obras, inclusive para os
nordestinos, como se isso fosse a regra, em que se pudesse compensar os erros pelo
somatório dos acertos.
Outro dia mesmo, uma pessoa, muito indignada
pelo tanto que eu escrevia apontando os inaceitáveis escorregões do governo,
jogou na minha cara que ele teria votado no presidente para ele fazer
exatamente tudo o que ele achar conveniente, sem necessidade de limite algum,
porque ele tem o poder.
É verdade que o mandatário do país é o dono do
poder, não podendo, por outro lado, ser esquecido que, na administração pública
somente é permitido ser feito o que estiver escrito na lei, o que vale dizer
que, fora dela, entende-se como proibido, ilegal e condenável, sujeitando-se às
censuras e às admoestações da sociedade, que são próprias do saudável regime
político sob a égide da democracia.
Convém se sublinhar que a tentativa de “colocar
o Brasil na posição que todos merecemos.” é algo que realmente
precisa ser visito como da maior importância para os brasileiros, em se
tratando de que esse é o anseio que vem de priscas datas e nada melhor do que
aconteça algo nesse sentido, o mais rapidamente possível.
Não obstante, isso não tem nada a ver com as críticas
sobre falhas de gestão, porque elas são essenciais ao aperfeiçoamento das práticas
político-administrativas, dando a entender, em contrassenso, que o presidente
do país, ao se empenhar em pôr a casa em ordem, pode ficar livre para cometer
deslizes, de modo que ninguém se intrometa em censurar seus atos, diante da imunidade
adquirida por ele ser exímio esforçado em colocar o país no topo, cuja elevação
e capaz de satisfazer plenamente aos brasileiros, com a felicidade tal que ele
passa a ter o direito de fazer o que bem quiser sem ser notado, a título da
recompensa pelo belo trabalho realizado para agradar à sociedade.
Seria de bom alvitre que, tanto o presidente da
República como os seus seguidores tivessem o mínimo de sensibilidade para entender
que a imprensa considerada, por eles, de nefasta e corrupta, trabalha no seu importante
dever de prestar a melhor informação sobre os fatos do cotidiano à sociedade,
no seu dever institucional, cabendo ao governo, em especial, a inteligência de não
admitir, por meio de pedidos de esclarecimentos ou de interpelação por meio
judicial, conforme o caso, quando houver abuso de informação ou algo que não
esteja em conformidade com a normalidade jornalística, envolvendo informações oficiais
do governo, quando se acreditaria que houvesse o devido respeito à verdade dos
fatos.
Ao contrário de relacionamento racional e
civilizado, como se exige nos países evoluídos, em termos de comunicação, o presidente do país e seus fiéis seguidores
preferem se autoflagelar, dizendo-se vítimas da imprensa perseguidora e
destrutiva do governo, dando até a entender que ele se alimento dessa maneira
incivilizada de relacionamento, justamente para estar em permanentes lamúrias na
condição de vítima de perseguição, quando isso é apenas clara demonstração de
extrema incompetência e inferioridade, por aceitar o status quo da prevalente
mediocridade.
Trazer alguém de volta ao governo tem muito a
ver com a competência da gestão político-administrativa do atual presidente,
que conseguiu agradar muitas pessoas, mas não tem sido o estadista esperado por
outras, que enxergam no seu estilo de administrar o país montanhas de
incompetência insuperável, principalmente a sua ligação com os filhos, cada
qual mais complicado com o envolvimento com milícias e outras irregularidades
que são absolutamente incompatíveis com os princípios da moralidade.
Ademais, a volta de alguém ao governo precisa
ser vista com naturalidade, sob o prisma da soberana vontade popular, que,
segundo importante adágio, o povo tem o governo que merece e isso se ajusta ao
estágio vivenciado pela democracia brasileira, que se harmoniza exatamente com
as circunstâncias do país.
Embora muitas pessoas possam pensar diferentemente
de mim, tenho procurado usar a importante "caneta" recebida de Deus
para escrever somente o que o meu pensamento elege como devo me comportar como
escriba, mostrando a realidade segundo a minha visão sobre a verdade dos fatos
da vida, respeitando o pensamento de todos, porque sei que cada qual tem a sua
verdade, que precisa ser respeitada, se possível, em forma de reciprocidade,
porque isso é maneira civilizada e evoluída do ser humano se comportar, diante
dos salutares ensinamentos proporcionados pela modernidade da humanidade.
Perdoe-me, caro mestre
Rinaldo Firmo, se esses esclarecimentos não condizem com o pensamento da sua
ponderada e sábia mensagem, mas de qualquer modo eles objetivam trazer à
atualização de normas comezinhas sobre a imperiosa necessidade do aprimoramento
do dever legal de todo gestor público, tendo por mira o rigoroso zelo pela
coisa pública.
Brasília, em 15 de dezembro de 2020
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