quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

É dever do estadista

Um especialista da Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo, capital da Escócia, disse que as máscaras faciais reduzem em até 99,9%, ou seja, praticamente 100%, o risco de espalhar as gotículas capazes de transmitir a Covid-19, ao falar ou tossir, de acordo com uma nova experiência de laboratório realizada com manequins e humanos.

Os pesquisadores declararam, na data de ontem, que uma pessoa a dois metros de outra que tosse sem máscara será exposta a 10.000 vezes mais gotas desse tipo do que se estivesse usando uma máscara, cujo relato dos estudos foi publicado na revista Royal Society Open Science.

O principal autor do estudo, que é especialista em dinâmica de fluidos aplicados na Escola de Engenharia da Universidade de Edimburgo, afirmou que “Não há dúvida de que as máscaras podem reduzir consideravelmente a dispersão de gotículas potencialmente carregadas de vírus”.

Essa notícia é de suma importância para que seja divulgada entre os brasileiros, porque ela deriva de experiência feita por cientistas que estão interessados em proteger a saúde das pessoas, no sentido de apelar para a necessidade do intransigente uso das máscaras, como maneira simples e sem nenhum empecilho ou incômodo.

Enquanto há pessoas que se preocupam com a vida do seu semelhante, a principal autoridade brasileira, sem o menor sentimento de sensatez ou responsabilidade públicas, ao contrário, tudo faz para as pessoas não se preocuparem com esse pedacinho de pano que tem importância capital na preservação da vida humana, pela garantia de se evitar a contaminação do Covid-19, que é feita pelo ar respirado.

Ontem mesmo, o presidente do país participou de aglomeração com o povo e colocou criancinha no colo, todos sem usar máscaras, em clara demonstração de que, se depender dele, ninguém precisa usar mais a máscara, cuja atitude somente evidencia o extremo da insensibilidade e da irresponsabilidade, à vista da imperiosa necessidade de proteção da sociedade.

Se o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade, em termos de responsabilidade cívica, o presidente da República precisaria ser severamente admoestado pelas autoridades incumbidas da execução das políticas de saúde pública, considerando que ele, como a principal autoridade do país, tem o dever de dar bons exemplos e ser o principal defensor do uso de máscara e de fiel cumpridor de todas as orientações pertinentes ao combate da pandemia, que tantos malefícios já causou aos brasileiros.

Nesse caso imperioso de alerta sobre as cautelas de distanciamento dos perigos de infecção pela Covid-19, a exemplo do uso da máscara, pouco importa que o presidente tenha entendimento diferente, porque ele sabe o que pode acontecer consigo, mas ele não tem o direito de se eximir da responsabilidade perante a sociedade, na qualidade de lídimo representante do povo, no preciso sentido de que ele foi eleito justamente para atuar sempre em defesa do interesse público e essa forma de proteção pode servir para se evitar muitas contaminações, com consequente vidas salvas e protegidas.

É impressionante como a pessoa que se investe em cargo público da maior relevância não consiga atinar para sentimentos tão simples, que o seu egoísmo e a sua prepotência podem efetivamente contribuir como péssimo exemplo, quando muitas pessoas tendem a interpretar o fato de o presidente do país, que é tão poderoso e influente, não precisar usar máscara, então  por que as demais pessoas são obrigadas a usá-las?

É deplorável que o Brasil, mesmo diante dos avanços e das modernidades obtidos com os esforços da humanidade, ainda seja governado por pessoa que prefere ignorar, sabe-se lá por quais motivos, comezinhas regras de civilidade, que poderiam contribuir para se evitar muitas perdas de vidas humanas.

O mais grave disso é que essas terríveis teimosias, omissões e irresponsabilidades não têm o poder de gerar, no presidente, o mínimo sentimento de culpa nem de desumanidade, porque são exatamente esses atributos, entre outros, que se inserem nas pessoas que têm o dever de praticar o bem, mas decidem, deliberadamente, ou seja, conscientemente, seguir a orientação contrária, em detrimento do bem-estar da sociedade.  

Urge que o presidente da República se conscientize de que, como pessoa física, cidadão, ele usufrui de plenas liberdades para decidir normalmente da maneira que lhe aprouver, em termos de conveniência, porém, como homem público, investido em cargo público, com a responsabilidade de estadista, ele tem o dever constitucional e moral de se curvar aos ditames da cartilha que se harmoniza com o dever de Estado, em estritos zelo e defesa do interesse público, procurando ser o mais fiel possível no sentido de honrar a representatividade do cargo de mandatário do país, para fazer exatamente as práticas corretas e saudáveis, de modo a mostrar à população os bons exemplos de cidadania, como nesse caso específico do uso da máscara, em que ele, mesmo não gostando, tem o dever de usá-la, por ser prática recomendada por cientistas, ante a sua importância para se evitar contato com a Covid-19, que se traduz em beneficio para os brasileiros.         

          Brasília, em 24 de dezembro de 2020 

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