sábado, 5 de dezembro de 2020

O verdadeiro sentido da amizade

Vem circulando nas redes sociais a imagem bastante inusitada, em que dois homens idosos passeiam normalmente em uma rua, de mãos dadas.

As pessoas que se deparam com essa cena ficam, em princípio, curiosas e a questionam, posto que, afinal de contas não se vê algo assim normalmente, em que dois homens idosos andando juntos numa rua, principalmente nessa idade e de mãos dadas, não é mesmo?

À primeira vista, algumas pessoas imaginam que eles se amam como par romântico, o que tem sido até normal nos tempos modernos, porém, antes que a criatividade mental se expanda desnecessariamente, a filha de um deles informou que os idosos são amigos de muitos anos, conhecidos desde os tempos de infância e um deles é quase cego.

Em razão da idade idosa, eles precisam fazer caminhada diária, por prescrição médica.

Nesse caso, o que enxerga tem enorme prazer em conduzir seu amigo que pouco ver, todos os dias, para fazerem exercício juntos, fato que só demonstra o verdadeiro sentido de amizade sadia e benéfica, em proveito de ambos e que merecem os aplausos da sociedade, porque não há prova maior do que estar ao lado, em apoio às necessidades do próximo.

Na verdade, ressalte-se que é sempre bom lembrar que amigo pode ser definido como a pessoa com quem se mantém relação de amizade, afeto, companheirismo, identificação de propósitos, manutenção de intimidade e principalmente o indivíduo que se pode contar, principalmente nos momentos incertos, conforme os laços de amizade, ajuda, apoio, como aquele que faz as vezes de braço direito, como fiel companheiro e irmão mesmo, para o que der e vier, não importando as circunstâncias, como nesse caso.

A verdade é que, na era da modernidade, que se harmoniza com os avanços dos conhecimentos humanos, em que as pessoas estão pensando muito mais com o usufruto do conforto oferecido pela complexa tecnologia da informática e sobre a necessidade dos seus aprendizagem e controle, o sentido de amizade se distancia aceleradamente do sentimento especial e generoso das velhas e memoráveis amizades, que constituíam verdadeira relação de família, ou seja, a amizade se transformava em situação familiar, por força da aproximação de interesses mútuos muito além do conceito de amigos.

Esse caso é a prova viva da relação familiar, em que uma pessoa demonstra seu gesto de generosidade, ao conduzir o seu irmão especial, em passeio que satisfaz plenamente a ambos, na busca do natural alongamento da vida, por meio de proveitosas caminhadas que ajudam na consolidação do verdadeiro sentimento de bons e saudáveis amigos.

Trata-se de momento especial na vida dessas pessoas, em proveito do seu próprio bem e ainda há a disseminação de gesto de amor ao próxima, em forma maravilhosa de apoio ao irmão, em momento tão delicado, que nada disso poderia existir se o amigo benevolente não se dispusesse a compreender a dificuldade do amigo carente de ajuda, na forma de importante e prazerosa companhia.

Esse é momento da maior importância para a humanidade, como lição de vida, porque ela se mostra, como nunca, muito distanciada dos princípios capazes de contribuir para a aproximação das pessoas, mesmo por meio de atitude singela como essa entre dois bons e eternos amigos de sangue e alma.

Esse caso é daqueles em que a sabedoria popular denomina como amigo do peito, que tem a mão a mais amiga de todas, muito próxima do amigo, porque ela é capaz de segurar a mão do outro e somente soltá-la quando este estiver novamente seguro de ter cumprido verdadeiro gesto de amizade, com a firmeza do coração bondoso e feliz.

Que Deus multiplique, na humanidade, esse excelente sentimento de sublime amizade entre bons companheiros de longa data...

          Brasília, em 5 de dezembro de 2020 

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