Vários países do mundo, inclusive da América Latina,
já iniciaram ou estão iniciando ainda este ano a vacinação contra a Covid-19,
mas, no Brasil, infelizmente, ainda não há data para o começo da imunização.
Não obstante, o presidente da República demonstrou,
dias atrás, que não se sente incomodado diante do fato de as campanhas
internacionais já terem sido anunciadas sem que haja prazos aqui no Brasil, tendo
declarado, pasmem, que “Ninguém me pressiona para nada”, garantiu,
enquanto circulou por Brasília, sem usar máscara.
Ele foi bastante enfático, ao afirmar que “Entre
mim e a vacina tem uma tal de Anvisa, que eu respeito e não estão querendo
respeitar”, fazendo alusão à Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Na ocasião, o presidente também lembrou a
assinatura, recente, de Medida Provisória que liberará, no ano que vem, o valor
de R$ 20 bilhões para aquisição e distribuição do imunizante, entre outros
usos.
O presidente voltou a salientar que os laboratórios
não querem se responsabilizar por reações adversas que possam vir a ocorrer com
as vacinas, tendo alegado que “Não pode aplicar qualquer coisa no povo. Eles
não se responsabilizam por qualquer efeito colateral (da vacina)”.
Na sua crítica, o presidente afirmou que a falta de
respaldo, pelo que soube, “é válida para todas as empresas que estão
comercializando o imunizante.”.
O curioso é que as indevidas e precipitadas
avaliações feitas sobre a vacinação ocorreram enquanto o chefe do Executivo
esteve em vários estabelecimentos comerciais de Brasília, por cerca de duas
horas, sempre acompanhado por seguranças e novamente sem usar máscara de
proteção contra o coronavírus.
O presidente, com suas avaliações intempestivas e
indevidas, vem tentando minimizar a urgência de imunizar a população e sempre
se mostrou arredio ao uso da vacina Coronavc, que tem origem na China e que
está sendo negociada pelo governo do Estado de São Paulo, para ser produzida no
Instituto Butantan.
Nesse
caso, há visível jogo de forças, envolvendo interesse políticos, quando se trata
de assunto que diz respeito à ciência, entre o presidente do país e o
governador paulista, em torno do imunizante.
Não obstante, o governo federal voltou a considerar
o uso da vacina que será produzida junto com o país asiático, quando o ministro
da Saúde estimou que a imunização contra a Covid-19 começará, no país, somente
em “meados de fevereiro”.
O Palácio do Planalto entregou o plano de vacinação
do governo ao Supremo Tribunal Federal, ainda sem previsão de datas.
O presidente brasileiro precisa ter humildade para
se conscientizar de que a gravidade da situação emergencial da pandemia não se
confunde com nada parecido com pressão, senão da própria ciência, que diz
claramente para os estadistas com o mínimo de responsabilidade pública e amor
ao ser humano que o quanto antes de aplicar a vacina mais gente pode se salvar,
diante da resistência à Covid-19.
Ou seja, não se trata, em absoluto, de qualquer
forma de pressão, mas sim de priorização de políticas públicas necessárias à proteção
da população, com o máximo de urgência para o salvamento de preciosas vidas, na
forma como estão fazendo os líderes mundiais conscientes do seu dever de
estadista extremamente responsáveis, que sabem o quanto é importante cuidar bem
da vida humana, os quais estão se empenhando ao máximo no sentido da facilitação
e antecipação da vacina, enquanto o presidente brasileiro fica dando opinião completamente
estranha à sua competência institucional.
O presidente não deveria ficar acusando falta de responsabilidade
dos laboratórios, sem antes ter o pronunciamento da Anvisa, que é o órgão competente
para dizer se o remédio é seguro ou não e, conforme o seu veredicto, a população
tem absoluta segurança para ser vacinada, sob a certeza de que, se houver
efeitos colaterais, estes devem ficam bastante explícito nas bulas e recomendações
próprias dos fabricantes.
Não é de bom tom que o presidente se antecipe, por que
de forma precipitada, para informar que a vacina não pode ser aplicada como se
fosse qualquer coisa.
Essa maneira de se dirigir à nação demonstra
desprepara por parte de quem precisa ter a maior cautela possível em tudo o que
fala e diz para os brasileiros, porque ele precisa saber que a sua opinião tem
peso muito grande perante a opinião pública, embora, em termos de pandemia, até
agora ele tem sido precioso poço de inutilidade, porque a sua contribuição vem
sendo sempre no sentido contrário às orientações oficiais, como se ele fosse o
único certo nesse assunto, em se tratando de tema referente à saúde pública da
maior responsabilidade, sem que ele tenha se preocupado para esse detalhe tão
importante.
Em síntese, o presidente precisa saber que nenhum
laboratório cometeria tamanha insanidade de fabricar vacinas se elas não
estivessem devidamente testadas o suficiente para a suficiência da finalidade
para a qual ela foi criada, não só em razão da defesa da sua credibilidade como
instituição medicamentosa, mas, em especial, pela segurança e preservação da
integridade da vida humana, no sentido de que não valeria a pena tratar da imunização
contra a Covid-19 sem os devidos cuidados com as questões de efeitos
colaterais, que poderiam desencadear outras monstruosidades no seio da humanidade
e isso seria simplesmente o fim do mundo, diante da falta de conscientização por
parte das instituições que têm o dever de garantir a certeza quanto à qualidade
dos produtos destinados exclusivamente à salvação de vidas e não trazer maiores
problemas para a humanidade.
O
governo brasileiro está tão defasado quanto à imunização, sem a menor
perspectiva de quando dará o seu início, quando demonstrado a sua completa
incompetência administrativa, que ainda se encontra negociando a compra do
produto e ainda sem preparo de nada.
Enquanto
isso, ao contrário do Brasil, os países da União Europeia e muitas nações conscientes
da sua responsabilidade pública já começaram a campanha de vacinação contra a
Covid-19, justamente tendo por principal preocupação a preservação de vidas humanas,
consideradas prioritárias fora daqui.
Vejam-se
o grau de competência e responsabilidade dos líderes dos países da Europa que, mesmo
tendo alguns dos sistemas de saúde mais bem equipados do mundo, resolveram,
diante da importância e do gigantismo da campanha de vacinação, convocar médicos
aposentados para dar as injeções.
E
mais, os líderes de governos europeus disseram que a vacina é a melhor chance de
os países voltarem a ter vida normal em 2021, mas tamanha compreensão de
sabedoria passa ao largo da administração brasileira, que sempre encontra injustificáveis
argumentos justamente para o afastamento da realidade da história, como a absurda
dificuldade para a aceitação das vacinas.
Ao afirmar que “ninguém me pressiona para nada”,
afastando qualquer sugestão ou ajuda, fica a possibilidade da ilação de que o
presidente do país está acima de tudo e de todos e ele não está obrigado a
seguir nada que venha abaixo da sua autoridade, como mandatário máximo da nação.
Isso dá margem para se intuir ainda que nem adiante
sugerir medidas administrativas para contribuir para o combate à Covid-19, porque
o governo autoritário, discricionário o antidemocrático não vai ceder em nada,
porque ele tem certeza absoluta de que atua no limite da sua competência que entende
que vem fazendo a gestão certa, a de não precisar ouvir ninguém e muito menos
prestar contas sobre os seus atos, justamente o que faz todo governo tirânico,
que acha normal dar as costas para o povo que o elegeu.
Enfim,
o que se percebe, sem o menor esforço, é que, enquanto tudo de maravilhoso
acontece com os governos das nações civilizadas e evoluídas, no país tupiniquim,
o mandatário fica criticando a validade e a eficiência das vacinas, com base em
nada, antes mesmo da manifestação oficial do órgão competente, em cristalina
prova da sua total ineficiência no combate à pandemia do novo coronavírus e
ainda conspirando contra os interesses da população, que já não suporta mais
tantas opiniões e atos visivelmente na contramão da história da humanidade, que
bem poderia ser escrita de maneira bastante diferente se a mentalidade do
comandante estivesse em condições de perceber a enorme gravidade dos prejuízos
já causados aos brasileiros por suas omissões e irresponsabilidades, à vista do
rastro de bastantes mortes e danos em vidas humanas.
Brasília, em 28 de dezembro de 2020
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