O
Reino Unido aprovou, ontem, a vacina contra Covid-19, desenvolvida em parceria
entre a Pfizer e a BioNTech, tendo dado a largada na dianteira dos Estados
Unidos e da União Europeia e ainda se tornado o primeiro país ocidental em
poder de imunizante, o que o habilita a aplicá-la às pessoas mais de maior vulnerabilidade,
a começar já na próxima semana, conforme foi anunciado pelas autoridades sanitárias.
O
primeiro-ministro britânico classificou a aludida medida como vitória global e raio
de esperança em meio à pandemia do novo coronavírus que já matou mais de 1,5 milhão
de pessoas no mundo, além de causar forte impacto sobre a economia e as vidas
humanas.
A
aprovação tem validade para uso emergencial da vacina Pfizer/BioNTech, sob a afirmação
de ela ter 95% de eficácia na prevenção da Covid-19.
A
novidade para a classe científica foi o fato de que a aprovação em referência
se deu em tempo recorde, exatamente apenas 23 dias depois de a Pfizer publicar
os primeiros dados de seu estudo clínico, em estágio avançado, ou seja, depois
de realizados os principais testes cientificamente exigidos.
O
premiê britânica disse que "É fantástico. A vacina começará a
ser disponibilizada em todo o Reino Unido a partir da próxima semana. É a
proteção das vacinas que, em última instância, nos permitirá retomar nossas
vidas e fazer a economia andar de novo.".
As
principais potências mundiais vêm se esforçando ao máximo na busca da vacina, na
tentativa do começo da imunização das pessoas, que é imprescindível à estabilização
da normalidade da vida humana, tão maltratada com os danos causados pelo
Covid-19.
Já
há quem conteste a aprovação da vacina pelo Reino Unido, como a agência reguladora
de medicamentos da União Europeia, que disse que “seu processo mais longo
para aprovação da vacina contra Covid-19 é mais seguro, pois é baseado em mais
evidências científicas e checagens do que o processo emergencial adotado pelo
Reino Unido”.
A
farmacêutica norte-americana disse que a autorização emergencial no Reino Unido
assinala momento histórico na luta contra a Covid-19.
O
presidente da Pfizer anunciou o progresso de sua vacina no dia 9 de novembro
com resultados de um teste clínico de estágio avançado.
O
referido presidente afirmou, agora, que "Esta autorização é um objetivo
rumo ao qual estamos trabalhando desde que declaramos que a ciência vencerá, e
aplaudimos a MHRA por sua capacidade de realizar uma avaliação cuidadosa e
realizar uma ação oportuna para ajudar a proteger o povo do Reino Unido. Como
prevemos mais autorizações e aprovações, estamos concentrados em avançar com o
mesmo nível de urgência para fornecer uma vacina de alta qualidade em todo o
mundo com segurança."
Um
pesquisador britânico disse que, "Com 450 pessoas morrendo de infecção
de Covid-19 todos os dias no Reino Unido, os benefícios de uma aprovação rápida
de uma vacina superam os riscos em potencial. Entretanto, precisamos de
novos testes clínicos independentes para monitorar a segurança e a eficácia de
longo prazo.".
Um
executivo da BioNTech disse que "Os dados apresentados às agências
reguladoras de todo o mundo são resultado de um programa de pesquisa e
desenvolvimento cientificamente rigoroso e altamente ético".
A
imprensa dos Estados Unidos noticiou que a Casa Branca convocou o chefe da FDA,
para saber dele o motivo pelo qual a agência norte-americana não agiu mais
rápido para autorizar a vacina da Pfizer.
O
Reino Unido informou que irá começar a vacinar as pessoas comuns no início da próxima
semana, depois do recebimento das doses da fábrica da Pfizer, localizada na
Bélgica.
A
propósito, é sabido que há outros laboratórios bem posicionados na corrida pela
vacina, a exemplo da empresa de biotecnologia norte-americana Moderna, que
disse que seu produto teve 94% de sucesso em testes clínicos de estágio
avançado.
A vacina da Pfizer/BioNTech é uma das quatro que estão sendo testadas no Brasil, mas ainda não foi feito acordo para a sua aquisição, em que pese o governo já ter mantido contato com a Pfizer para apenas "conhecer os resultados dos testes em andamento e as condições de compra, logística e armazenamento oferecidas pelo laboratório", segundo o Ministério da Saúde, que disse também que plano de imunização do país não prevê o uso de vacinas que exijam baixíssimas temperaturas de abastecimento, como é o caso daquela desenvolvida pelas farmacêuticas citadas acima.
De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, o governo brasileiro quer imunizante que possa ser armazenado em temperaturas de 2ºC a 8ºC, que é a compatível com a da rede de frio usada no sistema de vacinação brasileiro.
O
referido secretário disse que o plano de vacinação terá como meta a adoção de
imunizantes que sejam termoestáveis, ou seja, que não precisem de baixíssimas
temperaturas de armazenamento, como é o caso das vacinas da Pfizer e da Moderna.
O
diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) comemorou a aprovação em
apreço, tendo dito que é um marco na história do
desenvolvimento de vacinas. Isso porque a vacina é a primeira do tipo genético a entrar no mercado.”, mas também
reconheceu o desafio para os seus armazenamento e transporte.
Enquanto
isso, o Ministério da Saúde acaba de divulgar o plano estratégico "preliminar"
para a vacinação da população contra a Covid-19, que foi dividido em quatro principais
etapas, pela ordem, a saber: a) trabalhadores da saúde, população idosa, a
partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em
instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e
população indígena; a) pessoas de 60 a 74 anos; c) pessoas com comorbidades que
apresentam maior chance para agravamento da Covid-19 (como pacientes com
doenças renais crônicas e cardiovasculares); e d) professores, forças de
segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada
de liberdade.
O
governo esclarece que o aludido plano somente será definido quando tiver vacina
aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ainda não
há a menor perspectiva de medida nesse sentido.
A
notícia lamentável é a de que o governo não prevê vacinar, em 2021, toda a população
brasileira, mas, sim, apenas 109,5 milhões de pessoas, ou seja, os mais de 100
milhões de pessoas vão precisar rezar muito para se imunizar da Covid-19, o que
bem evidencia a gravidade do problema e a irresponsabilidade administrativa,
porque não faz sentido algum que, diante de pandemia terrível somente parcela da
população seja, de forma prioritária, merecedora de imunização, dando a
entender que a vida do restante da população não tem importância alguma para o
governo e isso é absolutamente inadmissível, sob o prisma do bom senso, da
racionalidade e da responsabilidade quanto à gestão pública.
A
princípio, isso se traduz em brutal desprezo à dignidade humana, quando o
governo decide que somente parcela da população tem direito de ser vacinada, em
prejuízo da outra parte, sem que, para tanto, tenha sido apresentado argumento
algum para justificar tão absurda e incompreensível decisão, por ela não
condizer com a gravidade da seriedade e a responsabilidade inerente à gestão
pública, perante a terrível pandemia do novo coronavírus.
Impende
ressaltar que, diante dos fatos aqui expostos, fica patenteado, de forma
nítida, o pouco caso do governo com vistas à urgência e à integridade das medidas
indispensáveis à imunização das pessoas, para que as atividades social e econômica
sejam o mais brevemente possível restabelecidas, de modo a evidenciar a
completa e gritante incoerência governamental de que tudo vem sendo feito no
combate ao Covid-19, além de não passar de falácia o desejo reiteradamente
reclamado da volta das pessoas ao ritmo da normalidade.
Por
fim, os brasileiros se deparam com o misto de alegria pela aprovação da
primeira vacina contra a Covid-19, mesmo que em além fronteira, sem pouca chance
de chegar às terras tupiniquins, e de tristeza, por sentir o reduzido interesse
demonstrado, nesse caso específico, pelo governo brasileiro no combate ao citado vírus, ante os
pronunciamentos sobre a indefinição da vacina e, ainda pior, pela imunização de
somente parcela da população, porque isso não se harmoniza com prioritários princípios
humanitários e de responsabilidade administrativa.
No
momento, há plena consciência dos brasileiros de que somente é a proteção da
vacina que vai finalmente assegurar a volta às atividades normais, permitindo
que a economia exerça seu importante papel do desenvolvimento das nações e restabelecendo
a alegria de viver, como nos bons tempos, mas, infelizmente o governo federal
demonstra absoluta apatia quanto à efetivação das medidas indispensáveis à
agilização do seu uso, contribuindo para alongar o sofrimento dos brasileiros.
Brasília, em 3 de dezembro de 2020
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