sábado, 26 de dezembro de 2020

O pior ano de todos?

 

A revista americana Time descreve o ano de 2020 como o "O pior ano de todos".

Em edição colocada às bancas, dias atrás, a publicação reconhece que a humanidade já enfrentou outros momentos de muitas dificuldades na história, a exemplo das duas guerras mundiais, mas entende que a maior parte da população é muito nova e não viveu essas difíceis tragédias do passado, nem nada parecido com a pandemia do coronavírus.

No texto, que foi elaborado por escritora e crítica de cinema, consta que "Meu trabalho como crítica de cinema é olhar os filmes e descobrir suas conexões com o mundo e com nossas vidas. Se 2020 fosse um filme distópico, você provavelmente desligaria depois de 20 minutos".

A escritora afirma ainda que “a sensação de impotência foi a ameaça mais debilitante deste ano e critica a postura do presidente americano Donald Trump na condução da crise do coronavírus.”.

Ela disse que, "Desde o fascismo nos anos 1930, não enfrentávamos tantos acontecimentos anormais que foram distorcidos de forma tão flagrante por liderança que é como uma aberração. Enfrentamos o indizível apenas para sermos enganosamente assegurados de que não era nada demais".

Com todo o respeito, em especial, à revista Time, por prestígio mundial, em termos importantes reportagens, mas é até compreensível que o ano de 2020 poderia ser considerado, no máximo, um dos piores para a humanidade, diante dos males causados pela terrível pandemia do novo coronavírus, que já matou e continua mantando milhares de pessoas em todo o mundo, o que não deixa de ser situação extremamente traumática, por se tratar de verdadeira tragédia incontrolável contra a humanidade.

Além dessa desgraça, a humanidade foi totalmente privada da liberdade, sendo obrigada ao dificílimo isolamento social, que contribuiu para atravancar o progresso socioeconômico, em todo planeta, além de outras imposições, em forma de prevenção.

Em síntese, o Covid-19 foi capaz de travar os planos da humanidade e adiar muitos projetos que há de ser realizados com o passar desse furacão que se tornou impossível de ser tanto administrável como contornável, diante da sua imponderabilidade.

É preciso se reconhecer sim que a pandemia bateu muito forte sobre a humanidade, mas, à luz do bom senso e da razoabilidade, não tem tanto cabimento se dizer que a população atual é nova e não viu nem passou os horrores das guerras, para se afirmar que este ano foi o pior de todos, como se fosse preciso se viver e sentir na pele para se saber que as terríveis maldades das guerras podem ser superadas, porque análise nesse sentido não faz o menor sentido, em termos meramente comparativos sobre fatos e situações completamente diferentes.

Há nesse análise um tanto de ingenuidade, quando se sabe que a truculência e a crueldade das guerras são inevitáveis, incontornáveis ou inadministráveis, por parte de pessoas e governos, cujo resultado delas é a destruição total, sem a menor possibilidade de salvação dos envolvidos, enquanto a pandemia do coronavírus pode haver sábias e humanas medidas preventivas e gerenciáveis racionalmente, mesmo com aceitável e norma sacrifício, que possibilitam resultados satisfatoriamente em benefício da humanidade, embora sob privações necessárias à prevenção da vida e controle de hábitos próprios das pessoas, mas tais imposições são bem diferentes dos regimes advindos compulsoriamente das guerra, em que não há a menor chance de sobrevivência, salvo em alguns casos, mas mesmo sob incessante estado de precariedade de segurança da vida.

É bem provável que a matéria completa tenha abordado situações outras, com mais abrangência, falando não somente da tristeza das mortes, mas das crises decorrentes, em especial com relação à econômica, que resultou em desemprego e das manifestações naturais contra as medidas de isolamento social, objeto do desagrado das pessoas, à vista da natural perda de liberdade de ir e vir, caso em que também se verifica nas guerras, cujas prioridades são voltadas pra a produção de armas e produtos bélicos.

É evidente que, comparativamente aos anos modernos, o fadigado ano 2020 foi disparado o pior de todos, que merece qualquer título com o sinete de tragicidade, notadamente não falando somente para as pessoas que se foram, em razão do contágio com a Covid-19, mas para as consideradas de idade e aquelas possuidores de comorbidade, que foram castigadas pelo desagradável isolamento obsequioso.

Sem dúvidas, este ano de 2020 foi extremamente trágico, pela infelicidade da produção de muitas mortes e pelos graves problemas causados à economia, que saiu dos trilhos em todo mundo, propiciado enormes dificuldades para a humanidade, que foi obrigada a paralisar e adiar compulsoriamente seus planos de vida.

Agora, fora de dúvidas, quem viveu na Europa, nos anos de 1914 a 1918 e 1939 a 1945, gostaria muito conhecer o paraíso existente no ano 2020, porque tem-se a escolha de viver, apenas sob o maravilhoso sacrifício do isolamento social e outras orientações apenas protetivas, mas nada comparável às “bombinhas” surpreendentes e incessantes lançadas sobre o telhado das casas e as cabeças da população, para a atanazar terrivelmente as suas tranquilidade e paz.

Enfim, o pior ano da vida é aquele onde as pessoas não têm qualquer perspectiva de vida, o que nada disso aconteceu para as pessoas que puderam contar com a possibilidade de se cuidar e contornar os perigos causados pela Covid-19, fato este que mostra que realmente o ano de 2020 foi extremamente lastimável, mas não pode, em hipótese alguma, ser considerado o pior de todos, salvo para quem foi acometido por esse vírus quase sempre letal e não resistiu ao seu poderoso impacto somente comparável ao que aconteceu nas terríveis guerras mundiais, que tiveram outras conotações próprias da crueldade humana.

Agora, a humanidade vive momento de expectativa quanto à esperança de que as vacinas tragam no seu bojo o poder milagroso da proteção contra a Covid-19, de modo que a vida humana volte à normalidade anterior à tragédia que abalou e impactou às atividades essenciais à sobrevivência do homem, que precisa urgentemente ser recompensado com as belezas da liberdade em todos os sentidos.

Brasília, em 26 de dezembro de 2020

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