Um
vídeo com a imagem do presidente da República, fazendo piada homofóbica sobre a
Covid-19, viralizou nas redes sociais.
A
gravação foi feita no último dia 27, por ocasião de conversa do presidente com
apoiadores, em frente ao Palácio do Planalto.
Ao
comentar, animadoramente, sobre possível visita a Itajaí (SC), o presidente houve
por bem insinuar que pessoas estão fingindo estar com Covid-19 para buscar tratamento
de ozônio via retal contra a doença, naquela cidade.
No
vídeo, o presidente afirmou, aos risos, que “Vou estar em Itajaí antes do
Natal, mas não vou tomar ozônio lá não, tá? (risos). Diz que o prefeito
do ozônio foi reeleito, né? O pessoal sabe dessa história ou não? Vou falar só
em partes: o prefeito falou que cura Covid com aplicação de ozônio. Mas não
pergunta onde é a aplicação não (risos). Tinha muita gente indo pra lá
tomar ozônio ‘estou com Covid’”.
Vejam-se que o presidente faz questão de falar de
coisa muito séria, em público, mas procurando ser engraçado, o mais ridículo
possível, na tentativa de provocar gracejo estupidamente em momento que exige o
máximo de respeito à situação por que atravessa
o país, visivelmente martirizado até as entranhas, com as desgraças emanadas
pela Covid-19.
Não faz o menor sentido que o mandatário do país não
tenha o mínimo de sensibilidade diante de episódio da maior gravidade, como
essa pandemia, que, de tanta seriedade, jamais haveria espaço senão para
trabalho e preocupação com os estragos que o Covid-19 já causaram à população
brasileira.
Convém ressaltar que o castigo causado à população do
país já se aproxima de 180 mil perdas humanas, verdadeira tragédia que exige o
máximo de seriedade e muito respeito por parte das autoridades públicas, pelo
menos com àqueles que foram castigados em razão desse desastre.
Por certo, essa tragédia poderia ter sido minimizada
se os responsáveis (ou irresponsáveis) diretos tivessem o mínimo de
sensibilidade e conscientização sobre o que é a perda de ente querido, que, em
muitos casos, pode foram motivados, precisamente, por essa maneira desrespeitosa
de não compreender a real extensão da calamidade que se abateu sobre a população
brasileira.
O presidente da República precisa se conscientizar
de que o cargo que ele ocupa é da maior responsabilidade e relevância e exige
dele a compostura da maior seriedade, sensatez e integridade moral e ética, não
se permitindo que ele possa sair em praça pública fazendo gracejo, na tentativa
de animar os seus apoiadores, que são outros insensíveis, que acham engraçado toda
piada bufa vinda do presidente, que seria muito mais interessante que nada
disso estivesse acontecendo, diante da desgraça que infelizmente grassa, sem
piedade, brasis afora.
Ninguém pretende defender a proibição no sentido de
o presidente não puder brincar e fazer as pessoas rirem, nada disso, porque ele
também é ser humano, em contexto que é normal que a autoridade possa
perfeitamente se divertir junto com seus seguidores, mas que isso seja feito,
necessariamente, em ambiente de muito respeito e seriedade, de modo que as suas
piadas não sirvam de chacotas nem possam ser interpretadas como intenção maliciosa
ou depreciativa dos principais bens do ser humano, que são as suas dignidade e consciência
moral.
Cabe ao presidente da República, como principal
autoridade do país, ser modelo de seriedade e dignidade, procurando se conduzir,
principalmente em público, com a decência que o torne pessoa admirada por sua
postura irretocável de homem público que não merece a menor censura nem
reprimenda, porque é exatamente assim que ele tem o dever de se apresentar para
os brasileiros, sendo cuidadoso nas palavras e nos modos, porque isso se insere
na cartilha que ele tem a obrigação de seguir rigorosamente, em harmonia com a
liturgia de mandatário do Brasil, educado e digno.
Brasília, em 10 de dezembro de 2020
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