Vem
circulando, nas redes sociais, mensagem mostrando as figuras de dois impolutos
líderes relacionados à causa negra, encimadas dos seguintes dizeres, verbis:
“ZUMBI DOS PALMARES: TINHA ESCRAVOS. EXECUTAVA OS ESCRAVOS QUE FUGIAM DO
QUILOMBO. NÃO CONQUISTOU A LIBERDADE DE NINGUÉM. ADORADO PELO MOVIMENTO NEGRO. LUÍS
GAMA: ADVOGADO. CONQUISTOU SUA LIBERDADE SEM DERRAMAR SANGUE. LIBERTOU MAIS DE 500 ESCRAVOS. FOI UM DOS POUCOS INTELECTUAIS
NEGROS NO BRASIL ESCRAVOCRATA. ESQUECIDO PELO MOVIMENTO NEGRO.”.
Na
confirmação desses fatos, em que pessoa cujo mérito tem foro de muita negatividade,
mas, mesmo assim, ele tem sido glorificado como verdadeiro herói, com base em
atos contrários ao que se denomina classicamente de movimento negro.
De
outra feita, o cidadão que é considerado verdadeiro símbolo de perfil ilibado e
de extremo sentido direcionado para a valorização da causa antiescravagista
sequer tem sido alvo da merecida lembrança, por tudo que ele realmente produziu,
em termos de contribuição benemérita e valiosa em benefício da liberdade desse
terrível apartheid social, que tanta participação teve para a degeneração dos princípios
humanitários, o que realmente justifica essa inexplicável sublime ingratidão e
falta de reconhecimento a personagem que representa, com reais e altruístas
méritos, a causa que precisa ser defendida por todos, não somente pelos
integrantes da raça afrodescendente, mas por toda humanidade?
Enfim,
possivelmente ao prato da balança do Zumbi dos Palmares podem ter pesados e importantes
outros predicativos, além daqueles acima elencados, sobre atributos atribuídos a ele e que contribuíram
para diminuir o prestígio do respeitável doutor Luís Gama, a ponto de conseguir
impressionar muito mais à visão dos avaliadores sobre a relevância dos
movimentos em defesa dos negros, na
atualidade.
Não
obstante, esse fato pode realmente suscitar questionamentos por parte de quem
somente tem condições de avaliação à luz dos fatos expressos na mensagem em referência,
que são verdadeiros, mas é possível que eles não tenham tanto valor assim para
a existência dos movimentos razão da luta empreendida com muita bravura por
seus líderes.
Nessa
linha de raciocínio, parece não fazer o menor sentido que, em tudo possa haver
extraordinário desenvolvimento em sensível aproveitamento do homem, à vista das
conquistas e dos avanços dos conhecimentos da ciência e da tecnologia, que
mostram claramente que a felicidade do homem é justamente diante do emprego dessa
modernidade que em tudo se adapta para contribuir para o melhoramento das
relações sociais, no sentido mais amplo da vida humana.
Ao
que tudo indica, infelizmente, apenas ainda não tendo sido possível a
descoberta da miraculoso fórmula ideal para o convencimento do ser humano de
que a igualdade racial precisa sair do papel, da fria letra da lei, e passar o
mais rapidamente possível para ser experimentada com todos os saudáveis
sentimentos de fraternidade e solidariedade em tudo que representa a vida
humana.
Na
verdade, a única dificuldade existente reside apenas no sentimento do próprio homem,
que ainda não decidiu se despojar das suas mortíferas e alucinantes paixões egoístas
e destrutivas de detestar o seu semelhante, embora nada, absolutamente nada, tenha
o condão de impedir que ele apenas pense de forma racional, no sentido de que somos
todos das mesmas origens e constituições orgânicas, em nada diferenciando em espécie
estrutural como ser humano, salvo a cor da pele, mas isso não serve como prova
para justificar puro e mútuo sentimento de rejeição natural entre o que vem
sendo chamado erroneamente de raças distintas entre irmãos.
No
meu insignificante conhecimento sobre a doutrina humanista, que reconhece o
homem como o centro do universo, imagino que a questão da segregação racial,
onde o branco se distancia do negro e vice-versa, tem como princípio de sustentação
a prevalência de movimentos que se alimentam dessa secular e arraigada disputa que
vem sendo mantida por lideranças que se consideram altamente intelectualizadas,
ao darem a maior importância à eterna continuidade dos movimentos que objetivam
a incessante demonstração de forças e, em muitos casos, até de muita e
injustificável violência.
Acredito
até que, se o homem chamado da raça branca, tivesse movimento para defender
seus direitos, nos moldes dos movimentos negros, ele estaria nas mesmas condições
de dependência do reconhecimento das igualdades de direitos, no aguardo de que
tudo possa acontecer do bom e do melhor nas suas mãos, sem necessidade do menor
sacrifício, justamente na confiança de que há as entidades que se incumbem de
brigar por espaço na sociedade, por ele, e, enquanto isso acontece, têm-se os famigerados
comodismo e compreensão de que existe o amparo protetor do movimento branco.
Ou
seja, tudo leva a acreditar que os movimentos de defesa de classe podem até ter
alguma parcela de facilitação em determinadas situações, mas, na essência, ele
se torna bastante prejudicial à classe que representa, diante da ideia de que
eles terminam transferindo para as pessoas o sentimento da falsa confiança de
proteção, porque há a crença de que eles têm o poder de conseguir melhorias,
quando, na verdade, a participação deles somente contribui para a crônica e prejudicial
acomodação, à vista da esperança dos benefícios advindos por intermédio deles.
Urge
que possa imperar o sentimento de racionalidade e inteligência das pessoas,
visando à preciosa eliminação da referida luta fraticida e à busca da
conscientização sobre a igualdade racial, por meio da evidência de méritos e capacidade
inerentes ao ser humano, sem necessidade alguma da submissão ao ridículo da fragilização
em forma de arrimo, no sentido de se esperar ajuda porque realmente há essa
desgraçada desigualdade mantida erroneamente pelos próprios movimentos, como se
isso fosse algum atributo intrínseco, a denunciar eterna e prejudicial
inferioridade, que não faz o menor sentido, à luz dos princípios evolutivos da
humanidade, em combinação com a imperiosa necessidade de maturidade sobre a reavaliação
desse gravíssimo tema social.
Brasília,
em 1° de dezembro de 2020
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