terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Igualdade social

 

Vem circulando, nas redes sociais, mensagem mostrando as figuras de dois impolutos líderes relacionados à causa negra, encimadas dos seguintes dizeres, verbis:ZUMBI DOS PALMARES: TINHA ESCRAVOS. EXECUTAVA OS ESCRAVOS QUE FUGIAM DO QUILOMBO. NÃO CONQUISTOU A LIBERDADE DE NINGUÉM. ADORADO PELO MOVIMENTO NEGRO. LUÍS GAMA: ADVOGADO. CONQUISTOU SUA LIBERDADE SEM DERRAMAR SANGUE. LIBERTOU  MAIS DE 500 ESCRAVOS. FOI UM DOS POUCOS INTELECTUAIS NEGROS NO BRASIL ESCRAVOCRATA. ESQUECIDO PELO MOVIMENTO NEGRO.”.

Na confirmação desses fatos, em que pessoa cujo mérito tem foro de muita negatividade, mas, mesmo assim, ele tem sido glorificado como verdadeiro herói, com base em atos contrários ao que se denomina classicamente de movimento negro.

De outra feita, o cidadão que é considerado verdadeiro símbolo de perfil ilibado e de extremo sentido direcionado para a valorização da causa antiescravagista sequer tem sido alvo da merecida lembrança, por tudo que ele realmente produziu, em termos de contribuição benemérita e valiosa em benefício da liberdade desse terrível apartheid social, que tanta participação teve para a degeneração dos princípios humanitários, o que realmente justifica essa inexplicável sublime ingratidão e falta de reconhecimento a personagem que representa, com reais e altruístas méritos, a causa que precisa ser defendida por todos, não somente pelos integrantes da raça afrodescendente, mas por toda humanidade?

Enfim, possivelmente ao prato da balança do Zumbi dos Palmares podem ter pesados e importantes outros predicativos, além daqueles acima elencados,  sobre atributos atribuídos a ele e que contribuíram para diminuir o prestígio do respeitável doutor Luís Gama, a ponto de conseguir impressionar muito mais à visão dos avaliadores sobre a relevância dos movimentos em defesa dos negros,  na atualidade.

Não obstante, esse fato pode realmente suscitar questionamentos por parte de quem somente tem condições de avaliação à luz dos fatos expressos na mensagem em referência, que são verdadeiros, mas é possível que eles não tenham tanto valor assim para a existência dos movimentos razão da luta empreendida com muita bravura por seus líderes.

Nessa linha de raciocínio, parece não fazer o menor sentido que, em tudo possa haver extraordinário desenvolvimento em sensível aproveitamento do homem, à vista das conquistas e dos avanços dos conhecimentos da ciência e da tecnologia, que mostram claramente que a felicidade do homem é justamente diante do emprego dessa modernidade que em tudo se adapta para contribuir para o melhoramento das relações sociais, no sentido mais amplo da vida humana.

Ao que tudo indica, infelizmente, apenas ainda não tendo sido possível a descoberta da miraculoso fórmula ideal para o convencimento do ser humano de que a igualdade racial precisa sair do papel, da fria letra da lei, e passar o mais rapidamente possível para ser experimentada com todos os saudáveis sentimentos de fraternidade e solidariedade em tudo que representa a vida humana.

Na verdade, a única dificuldade existente reside apenas no sentimento do próprio homem, que ainda não decidiu se despojar das suas mortíferas e alucinantes paixões egoístas e destrutivas de detestar o seu semelhante, embora nada, absolutamente nada, tenha o condão de impedir que ele apenas pense de forma racional, no sentido de que somos todos das mesmas origens e constituições orgânicas, em nada diferenciando em espécie estrutural como ser humano, salvo a cor da pele, mas isso não serve como prova para justificar puro e mútuo sentimento de rejeição natural entre o que vem sendo chamado erroneamente de raças distintas entre irmãos.

No meu insignificante conhecimento sobre a doutrina humanista, que reconhece o homem como o centro do universo, imagino que a questão da segregação racial, onde o branco se distancia do negro e vice-versa, tem como princípio de sustentação a prevalência de movimentos que se alimentam dessa secular e arraigada disputa que vem sendo mantida por lideranças que se consideram altamente intelectualizadas, ao darem a maior importância à eterna continuidade dos movimentos que objetivam a incessante demonstração de forças e, em muitos casos, até de muita e injustificável violência.

Acredito até que, se o homem chamado da raça branca, tivesse movimento para defender seus direitos, nos moldes dos movimentos negros, ele estaria nas mesmas condições de dependência do reconhecimento das igualdades de direitos, no aguardo de que tudo possa acontecer do bom e do melhor nas suas mãos, sem necessidade do menor sacrifício, justamente na confiança de que há as entidades que se incumbem de brigar por espaço na sociedade, por ele, e, enquanto isso acontece, têm-se os famigerados comodismo e compreensão de que existe o amparo protetor do movimento branco.

Ou seja, tudo leva a acreditar que os movimentos de defesa de classe podem até ter alguma parcela de facilitação em determinadas situações, mas, na essência, ele se torna bastante prejudicial à classe que representa, diante da ideia de que eles terminam transferindo para as pessoas o sentimento da falsa confiança de proteção, porque há a crença de que eles têm o poder de conseguir melhorias, quando, na verdade, a participação deles somente contribui para a crônica e prejudicial acomodação, à vista da esperança dos benefícios advindos por intermédio deles.       

Urge que possa imperar o sentimento de racionalidade e inteligência das pessoas, visando à preciosa eliminação da referida luta fraticida e à busca da conscientização sobre a igualdade racial, por meio da evidência de méritos e capacidade inerentes ao ser humano, sem necessidade alguma da submissão ao ridículo da fragilização em forma de arrimo, no sentido de se esperar ajuda porque realmente há essa desgraçada desigualdade mantida erroneamente pelos próprios movimentos, como se isso fosse algum atributo intrínseco, a denunciar eterna e prejudicial inferioridade, que não faz o menor sentido, à luz dos princípios evolutivos da humanidade, em combinação com a imperiosa necessidade de maturidade sobre a reavaliação desse gravíssimo tema social.

Brasília, em 1° de dezembro de 2020

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