quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Pobre Brasil!

            O ex-presidente da República petista, condenado a quase trinta anos de cadeia, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mesmo assim se encontra temporariamente em liberdade, acumulou sobre seus ombros mais um processo penal, o quarto da série.

Nesse caso, ele conta com a companhia do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, o fiel operador da planilha “Amigos”, que era abastecida por propina cobrada junto às empreiteiras, sobretudo a Odebrecht, e o presidente do instituto que tem o nome do político, considerado o eterno faz-tudo, por, em tese, “lavar” cerca de 4 milhões de reais, recebidos indevidamente como se fossem doação ao seu instituto.

O ex-presidente coleciona inquéritos, processos e condenações criminais como poucos criminosos do país, mas, por incrível que seja, ainda mas insiste em se dizer a “alma mais honesta deste País”, tendo a proteção e compreensão de certos togados supremos.

A defesa do petista repetiu a velha ladainha no sentido de que “é perseguição”, a começar do primeiro juiz, vindo depois a substituta dele e, agora, o atual titular da Operação Lava-Jato, sem contar os três desembargadores do TRF-4, que ratificaram, por unanimidade, todas as condenações anteriores, o que mostra que o político não é tão bonzinho, tão honesto e tão injustiçado assim como tenta apregoar a defesa dele.

O Brasil é o país que os políticos se envolvem, desavergonhadamente e com frequência, em irregularidades as mais criminosos possíveis com dinheiro público e o atual presidente da República, com a cara mais limpa ainda se vangloria em alardear que eliminou o principal órgão de combate à corrupção e à impunidade, como se essa medida representasse algo da maior importância no seu governo, quando ela simplesmente representa atitude das mais lamentáveis que o administrador público poderia anunciar, porque a extinção de órgão da importância da Operação Lava-Jato apenas demonstra visível cumplicidade com o crime organizado e a decadência dos princípios da moralidade.

À vista de muitos crimes que precisam urgentemente ser esclarecidos, a exemplo das rachadinhas, dos cheques depositados imotivadamente na conta da primeira-dama, de muito dinheiro nas partes íntimas, de doações irregulares e muitas escandalosas operações envolvendo movimentação de recursos públicos, não tem graça alguma o mandatário do país propugnar, de maneira ingênua e infundada pela extinção daquele órgão, que é considera a verdadeira parte boa e positiva da administração pública, porquanto nada foi comprovado que fosse capaz de macular seus atos, ressalvadas apenas alguns senões de natureza formal, sem qualquer reflexo nos julgamentos em si, eis que as culpas pelos fatos denunciados constam devidamente materializadas nos autos, mostrando a autoria dos delitos devidamente investigados.

Enfim, resta apenas se lamentar o atual estágio de mediocridade de muitos homens públicos que acham absolutamente normais a liberdade de narcotraficante transnacional, em gesto nobre e humanitário, a extinção do único e principal órgão que investiga e condena à prisão e à restituição de dinheiro roubado do Estado e tantas outras barbaridades que afastam para o espaço sideral possibilidades de moralização do Brasil, tão empobrecido pela riqueza do lamaçal da corrupção e da impunidade.

Brasília, em 26 de novembro de 2020

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