Em crônica, eu procurei mostrar, segundo a minha visão sobre os fatos da vida, como tem sido o meu estilo normal de escrever, que o presidente da República não age corretamente, segundo o rigor do princípio da regularidade, ao interferir na eleição do presidente da Câmara dos Deputados, tendo me posicionado como sendo censurável a atitude dele, diante da possibilidade, em especial, do envolvimento de recursos públicos.
À vista disso, um distinto e ilustrado cidadão
houve por bem discordar do meu posicionamento, tendo afirmado o seguinte: “Prezado,
desculpe, mas não concordo com a censura (ou entendi errado?), ao Presidente da
República contida em seu texto. Assim, só tenho a dizer que concordarei com vc
e tantos outros que usam os mesmos adjetivos contra o Presidente, se provarem
que não houve total interferência do Supremo e do Congresso desde o início do
mandato. Se provarem, entro na fila da malhação. De qual forma, mesmo que ele
não esteja agradando, acho melhor ele do que os que o antecederam. Que tal
apresentarem o nome de quem possa sucedê-lo? No mais, lamento muito!”.
Em
resposta à aludida mensagem, eu digo ao prezado cidadão que ele tem todo
direito de não concordar com o que escrevo, porque é normal que ele tenha opinião
própria sobre determinado fato, inclusive de lamentar, porque ninguém está
obrigado a escrever para atender exatamente ao pensamento de outrem, em
especial, no que diz respeito ao desempenho do respeitável presidente do país,
que, como dito acima, é incensurável, ou seja, não merece críticas.
Eu
me referi à censura, segundo penso, com muita propriedade, com as escusas de
estilo, porque o verbete “censurar”, no vernáculo pátrio, nada mais é, no
âmbito do Estado Democrático de Direito, facultado aos brasileiros com direito
a se expressar livremente, por força dos consagrados princípios
constitucionais, do que o exame crítico sobre determinado ato ou fato, sem
qualquer conotação com o impedimento que ele seja executado, porque a censura é
forma clássica de repúdio contra aquilo que discorda, como direito inalienável
dos cidadãos.
Embora
muitas pessoas se sintam incomodadas e ofendidas em haver censura ao
"todo-poderoso" presidente da República, por considerá-lo o
suprassumo dos terráqueos, seus atos sim merecem censura, quer queira ou não,
notadamente quando eles não se revestirem da devida regularidade, que parece
ser o caso em comento, quando o chefe do Executivo tenta interferir, ou mais
precisamente já o vem fazendo, na eleição do presidente de outro poder da
República, que é da competência privativa deste.
Por
seu turno, se houve e até pode ter realmente havido interferência do Supremo
Tribunal Federal e do Congresso Nacional no Executivo e tenha ficado tudo isso pelo
mesmo, ou seja, sem os devidos recursos pertinentes aos casos, a culpa precisa ser atribuída à extrema
incompetência administrativa por parte de quem comanda o país, que a aceitou
pacificamente.
Como
se sabe, compete ao presidente da República defender os interesses e a dignidade
do Executivo, principalmente diante da constatação de interferência indevida na
sua área de atuação, como muitos dizem, porque a obrigação dele era ter
mostrado, com as forças da sabedoria e da inteligência, que não aceitaria tal
intromissão pelos tais e quais motivos de direito, com base no regramento
jurídico do país, levantados por meio de recursos veementes à altura da sua
autoridade contra os intromissores, como no caso lembrado acima: o Supremo e o
Congresso, explicando caso a caso os motivos de não aceitar qualquer forma de introdução
nos assuntos de competência da Presidência da República.
É
evidente que os recursos precisam ter o respaldo dos poderosos argumentos visando
ao rebatimento de cada situação em que o presidente tenha sido humilhado e aceitado
a interferência exatamente, ao que parece, para mostrar a completa incompetência
e ineficiência dele, porquanto o único recurso miraculoso apresentado por ele e
seus seguidores foi o de aceitar os atos indevidos e preferir ficar se fazendo de
vítima, concordando com a indevida interferência, talvez para mostrar para o
mundo que o seu governo tenta fazer alguma coisa, mas o Congresso e o Supremo ficam
de “pirraça”, atrapalhando as ações do “pobrezinho e inocente” governo e os
bravos apoiadores também acham que é exatamente isso que faz com que o governo deixe
de realizar as políticas em benefício da sociedade.
Nas
nações sérias, civilizadas e evoluídas, em termos de competência administrativa,
seus governantes têm plena consciência da importância sobre as verdadeiras
atribuições de cada poder, derivadas da Constituição e tudo fariam para
executá-las, quer queira ou não os outros poderes, mesmo na tentativa da idiota
interferência, agora já no caso do Brasil, porque certamente todos os recursos administrativos
e judiciais pertinentes aos casos seriam tempestivamente formulados, à altura
de mostrar a verdadeira competência de cada poder, com esclarecimentos bem objetivos
de que tal ou qual objeção não será aceita pelo Executivo, por força disso e daquilo
(declinação dos argumentos de fato e de direito), diante da caracterização do
ferimento do interesse público se prevalecendo a indevida intromissão em curso
ou pretendida.
Ao
contrário disso, a sublime incompetência governamental preferiu se acomodar e
nada fazer para repelir os considerados atos indevidos e impróprios, talvez por
interesse político, para se fortalecer como coitadinho vítima do sistema,
associada à completa falta de iniciativa argumentativa para se defender, como
normalmente fazem os estadistas de verdade, tendo a enorme primazia, como se
isso fosse mérito, de ficar o resto do governo com o magistral direito de alegar
que foi impedido de trabalhar em prol do povo, em razão das forças malignas protagonizadas
pelos Congresso e Supremo.
Isso
até poderia ser aceitável, como na verdade foi, segundo se alegam, em exclusiva
razão da inexplicável falta de ação por parte do mandatário do país, ou seja, pela
completa omissão na defesa dos direitos da República, que foi humilhada pelos
outros poderes, a partir de quando nenhum recurso foi apresentado contra os
atos tidos por indevidos de intromissão no Executivo.
Esse
episódio, ao que parece, é bastante esclarecedor, quando o mesmo fato pode
suscitar interpretações diversas, porquanto as pessoas cultas e entendidas de
gestão pública compreendem que houve
interferência indevida do Congresso e do Supremo no Executivo e que isso é grave
e inadmissível, mas também é considerado normal nada se fazer contra isso, em
termos de rechaço e repúdio, como recurso contra essa inaceitável esculhambação
entre os poderes, enquanto outras pessoas mais modestas e moderadas os enxergam
por outro prisma, entendendo que competia ao presidente do país, em princípio, repelir
imediatamente, logo na primeira intromissão, por meio de recursos pertinentes, dizendo
curtas e boas argumentações e falando grosso no sentido de não aceitação da
provocação e que cada “macaco”, evidentemente no bom sentido, precisaria ficar
no seu “galho” (força de expressão popular), sob os auspícios dos ditames constitucionais,
exatamente na forma insculpida nos princípios da autonomia e da independência
dos poderes da República.
É
claro que se essa última medida tivesse sido escolhida como via eleita e efetivada,
desde logo, é bem provável que cada poder teria ficado cuidando dos seus
afazeres constitucionais, cada qual se ocupando com as suas atividades próprias
e o presidente do país teria ganho moral, por ter mostrado competência e
autoridade, ao ter agido precisamente em defesa do Executivo, mas, ao contrário,
ele preferiu baixar o queixo e permitir a reiteração da humilhação, que naturalmente
seria o caminho ideal para que ele passasse para a história como vítima
daqueles órgãos, contando, para tanto, com o beneplácito de seus fiéis apoiares,
que agora se fartam em lamúrias ad eternum.
É
bem provável que, para o próprio bem da República, convém se acabarem, com
urgência, com as alegações de cunho visivelmente vitimizatório, porque isso é
apenas prova do reiterado reforço da incompetência de realmente ter existido a humilhação
e não haver a devida resistência à altura, para demonstrar quem realmente teria
havido ato abusivo, com a intromissão em outro poder, com o que, ao contrário,
o Executivo teria saído vitorioso no combate com os outros poderes, caso
tivesse agido em sua defesa.
Enfim,
as pessoas precisam entender que eu escrevo sobre fatos do cotidiano,
estritamente em tese, sem qualquer conotação com ideologia tendenciosa ou
partidária, no sentido de se pretender, no caso, mostrar quem foi, quem é ou
quem será o melhor gestor público, porque esse tema não compete a mim debruçar
em polêmica fútil e inútil, que apenas deságua no campo da retórica que não
leva a lugar nenhum e também não é do meu interesse em ficar discutindo sobre
ideologia, porque não consigo entender o porquê de ainda as pessoas ficarem
perdendo tempo em achar que alguém é melhor ou pior do outrem.
Deixo
muito claro que o meu propósito é analisar os fatos do dia a dia, sob a minha
ótica de visão, com o máximo respeito pela inteligência de quem pensa e entende
melhor do que eu, porque tenho absoluta consciência de que eu não sou melhor do
que ninguém e também não sou o dono da razão nem da verdade, mas entendo
perfeitamente, na qualidade de cidadão brasileiro quite com o Fisco, que tenho
direito sim de censurar todos os homens públicos eleitos pelo sufrágio
universal, ou seja, pelo povo, principalmente no caso do atual presidente do
país, por ter votado nele e poderei até votar novamente, obviamente, diante das
circunstâncias.
O
atual presidente não é totalmente descartável, em comparação com outros homens
públicos que poderiam se autoavaliar e perceberem que o Brasil bem merece ser
administrado por pessoa que preencha os requisitos de estadista de verdade, o que
realmente não tem sido possível se vislumbrar, na atualidade, na minha modestíssima
opinião, respeitando todas as avaliações em contrário, segundo o princípio
democrático, onde todos podem reclamar, mesmo que ninguém seja o dono da razão.
Por
último, gostaria muito de escrever no sentido de levar a minha despretensiosa
opinião às pessoas, mas como forma de estritas contribuição e facilitação sobre a interpretação do fato
enfocado, sem nenhuma intenção de alimentar polêmica ou discussão ideológica,
porque penso exclusivamente em construir pontes e estreitar relações sociais,
respeitando sobretudo a opinião de cada qual cidadão, em consonância com
valioso e benfazejo sentimento da democracia, deixando muito claro que não me
move nenhum propósito por animosidade contra quem não estiver satisfeito com o
meu trabalho literário, considerando que essa sempre foi a minha linha de
pensamento, em todos os governos, ou seja, os meus textos são livres, leves e
soltos de ideologias, porque esta, como se vê, somente as satisfazem àqueles que
as têm como razão de viver, o que não é exatamente o meu caso.
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