terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Desumanidade?

            Em comentário a texto meu, uma pessoa disse, a propósito deste momento tenebroso em que o governo expôs total incompetência na condução das políticas públicas referentes à vacinação, que o presidente da República alimentar os piores comentários sobre as suas declarações, dando a entender que ele tem sido muito mais capaz de criar polêmica do que de agir em benefício da população.

Em verdade, os fatos da vida mostram que,  por vezes, o medíocre governante, sem muita capacidade e visão administrativas tem oportunidade de se tornar verdadeiro herói perante a nação, exatamente por suas atitudes humanitárias que se tornam engrandecedoras até mesmo revolucionárias em reconhecido benefício para a população, enquanto outro pode se tornar simplesmente pessoa desprezível, e passar para a história nesta condição, por não ter a mínima sensibilidade nem o necessário discernimento para enxergar um dedo à frente do nariz, para perceber a gravidade dos fatos que estão grassando no seu governo, deixando de adotar, tempestivamente, as medidas cabíveis.

A atual situação do Brasil, com relação à saúde pública, pode ser perfeitamente comparável à situação de objeto sem valor deixado ao léu no mar, que fica eternamente boiado, sem destino, sem norte, exatamente sem rumo.

O presidente brasileiro elegeu, em detrimento do interesse público, a discussão da vacina como prioridade política, em eterno entrevero com seu adversário, quando, ao contrário disso, ele deveria ter se preocupado, de forma prioritária, com a imunização dos brasileiros, há muito tempo, de modo a agilizar as necessárias providências para se antecipar aos fatos, que são preocupantes para toda população, diante de muitas mortes e a vacinação exige urgência, principalmente por parte do governo.     

É extremamente deplorável que o único ministério dirigido por militar tenha naufragado, de forma melancólica, quando se esperava que a competência das casernas tivesse a prudente iniciativa de antecipar-se aos fatos e tudo adotando para que o Brasil tivesse passado ao longe do caos, da desorganização e da caracterização de extremada incompetência em que se encontra mergulhado.

Isso se verifica ao se permitir que o país tenha chegado ao ponto de nem ter plano estratégico para a imunização dos brasileiros, em especial à vista da sua urgência, por força da enorme quantidade de mortes e infectados pela Covid-19, cuja escala de letalidade precisa ser imediatamente interrompida ou, ao menos, minimizada, em condições de contribuir para que a vida dos brasileiros não somente seja valorizada, mas, em especial também, volte à normalidade das atividades, o mais rapidamente possível, restabelecendo o melhor sentimento de cidadania e de humanismo, que faz parte do direito fundamental à liberdade de ir e vir, algo que deixou de existir há muito tempo.

Certamente que, por visível e monstruoso descaso na condução das medidas de combate à pandemia do novo coronavírus, porquanto o governo vem adotando o mínimo indispensável ao caso, conforme mostram os fatos, o Brasil esteja contabilizando esse mar de mortes e de pessoas contaminadas, tendo-se como principal alegação que, diante de tamanha crise de saúde pública, seria obrigatoriamente necessária a designação de especialista, pessoa com conhecimentos técnico-científicos para cuidar do assunto, com os devidos carinho e rigor que ele merece e exige, em termos da adoção de normas e orientações apropriadas de condutas preventivas, pertinentes à moléstia, de modo a se evitar acerbação da pandemia.

Infelizmente os procedimentos que estão sendo adotados guardam absoluta conformidade com o condenável empirismo, exatamente em harmonia com o nada para a orientação dos brasileiros, em evidente ausência do poder público, que tem a obrigação de se fazer presente em tudo, justamente para a tentativa da diminuição da enormidade de perdas humanas, à vista dos tristes registros dos acontecimentos sobre o caso em referência.      

É muito triste que os governantes se tornem completamente insensíveis às dificuldades inerentes à população, permitindo que o seu coração se petrifique diante da crueldade causada pela Covid-19, que não tem dado trégua, sabendo-se que a única esperança contra tal castigo é a vacina, que os governantes apenas demonstram tanto empenho senão para o seu distanciamento da sociedade, a exemplo do Brasil, quando eles deveriam mostrar empenho e dedicação no sentido de dispô-la o mais urgentemente à disposição do povo.

Urge que os brasileiros se conscientizem em moção uníssona de protesto contra a incompetência do governo, demonstrada até o momento, com relação às medidas destinadas à imunização da população, cujas consequências são o aumento das mortes e infecções que poderiam ser evitadas se a vacinação já tivesse sido iniciada, a exemplo que já fizeram os países onde os dirigentes tiveram o cuidado, a sensibilidade e a responsabilidade públicos de levar a vacina ao povo.

          Brasília, em 22 de dezembro de 2020

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