O vice-presidente da República teria comunicado à
presidente do país a sua saída da articulação política do governo. Como a
segunda autoridade na hierarquia do poder, ele deixa as negociações sobre a
distribuição de cargos e a liberação de emendas parlamentares para
o ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil e passa a se dedicar
apenas aos movimentos mais amplos da política nacional.
A decisão de se afastar da coordenação política do
governo foi tomada durante reunião com a presidenta petista, que a havia
convocada na tentativa de demovê-lo dessa medida.
Embora permaneça como um dos principais aliados do
governo, o PMDB se fraciona mais uma vez após a decisão do presidente da
legenda de se afastar da coordenação política do governo.
Na qualidade de coordenador político, o peemedebista
foi alvo de muitas e duras críticas por parte de líderes do partido do governo,
principalmente no momento que ele disse que o país precisa de “alguém que tenha a capacidade de reunificar
a todos”, dando a entender, sem meias palavras, que ele seria a solução
para a crise política no país.
Na realidade, o peemedebista chegou a reconhecer
que errou ao querer ser “honesto demais”
sobre a crise política que se alastrava intensamente no governo, tendo
declarado, na ocasião, que “Eu acho que o
meu problema foi ter sido honesto demais. Ensaiei aquela fala porque sabia da
sua importância e não queria errar. Meu objetivo era fazer um chamamento pela
unidade do país”.
Alguns especialistas arriscam em sugerir que a
saída do vice-presidente da coordenação política também abre larga avenida para
o PMDB deixar a base de sustentação do governo, porque essa é a vontade
predominante dos peemedebistas, fato que contribuiria para elevar
potencialmente a ebulição da temperatura do ambiente político.
Em que pese a vontade política do vice-presidente
de deixar, oficialmente, a coordenação política, ele teria acertado com a
presidenta do país, durante a última reunião, que seu objetivo é deixar de lado
o varejo no trato com os parlamentares. Na nova versão do peemedebista, ele
passará a cuidar apenas da “macropolítica“, sem responsabilidade por cargos e
emendas parlamentares.
Indubitavelmente, o país tupiniquim deve ser a única
nação do mundo a eleger o vice-presidente da República - que teria, em
princípio, a relevante função, entre outras, de substituir o presidente do país
- para servir o papel de intermediário entre o Palácio do Planalto e o
Parlamento, com a desprezível função de negociador da aprovação de matéria de
interesse do governo em excrescente troca da liberação de verbas parlamentares
e da distribuição de cargos nos segundo e terceiro escalões do governo, em
clara demonstração de aviltamento e fragilização dos princípios republicanos e
da dignidade da democracia.
Na realidade, importa seja ressaltado que, nos países
sérios, dignos e evoluídos democraticamente, os políticos considerados de
altíssimo nível, no quilate da segunda maior autoridade da República, jamais
seriam designados para o exercício de atividades tão rasteiras como as
delegadas ao vice-presidente brasileiro, que, em momento de lucidez, dá sinal da
insignificância de suas funções no governo, tanto que ensaiou desistir do papel
absolutamente ridículo e insignificante, mas ainda não o fez em respeito à sua conscientização
de ainda poder contribuir para o fortalecimento das instituições, segundo as suas
palavras.
O
peemedebista-mor deveria ter a dignidade de falar a verdade, para dizer ao país
que ele não conseguiu liberar as emendas dos parlamentares e distribuição de
cargos para os apaniguados dos políticos, em "pagamento" dos
indecentes acordos fechados por ele com os congressistas, para aprovação de
matérias de interesse do governo, medidas que foram atendidas depois que ele
ameaçou abandonar o governo.
Estes
fatos dificultaram a sua desenvoltura junto aos congressistas, diante da falta
do cumprimento dos acordos, por parte do peemedebista. Ou seja, com a quebra do
trato com os parlamentares, que agem como verdadeiros abutres da República, o
trabalho de principal articulador do governo foi seriamente prejudicado
justamente pela falta de apoio e sensibilidade do Ministério da Fazenda e da
Casa Civil da PR, por não atenderem tempestivamente as demandas dos
congressistas.
Nesse
caso, o então coordenador político do governo não pôde cumprir os acordos
espúrios do toma lá, dá cá, que tanto deslustram a dignidade dos brasileiros de
caráter.
Diante
desse fato sumamente aviltante e indigno para político de escol, consistente na
participação de recriminável balcão de troca de favores escusos com o aval do
governo, cujas práticas bisonhas que não devem existir nem nas republiquetas,
os brasileiros têm o dever patriótico de repudiar, com a máxima veemência, as atividades
odiosas desincumbidas pelo coordenador político do governo, consistentes nos
acordos imundos, ilegítimos e vexatórios que tanto apequenam as práticas
políticas e ajudam a desacreditar os homens públicos, diante do cristalino
desvirtuamento do desempenho de suas funções públicas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 26 de agosto de 2015
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