segunda-feira, 17 de agosto de 2015

As dicotômicas democracias

Conforme os resultados de pesquisas de opinião pública, confirmados pelos movimentos de protestos de ruas, a mandatária do país considerada mais impopular da história do Brasil tenta esforço hercúleo para construir agenda positiva, com vistas a debelar as crises que se instalaram no seu governo, em especial a política, em cujo bojo há enorme possibilidade da abertura do assombroso e terrível processo do impeachment.
          Com abordagem nessa linha política, a petista discursou, em cerimônia de entrega de unidades residenciais, as principais obras de seu governo, afirmando que "aguenta pressão, que aguenta ameaças", que já passou por momentos muito mais difíceis do que os atuais e que a democracia tem que ser respeitada.
Ela disse que o "Voto é a fonte da minha legitimidade e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu. Podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram".
A presidente lembrou que já viveu na época da ditadura e que o Brasil hoje é uma democracia que respeita a eleição direta pelo voto popular: "E eu respeito a democracia. Sei o que é viver numa ditadura". Ao dizer que aguenta ameaças, a petista contou que já sofreu esse tipo de pressão contra a própria vida.
Em movimento contrário ao adotado pelo PT, a presidente brasileira admitiu a existência de crise política, tendo garantido que trabalhará "incansavelmente" para assegurar a estabilidade política do país, porque é preciso ter respeito entre os três poderes da República.
A petista ressaltou que "Me dedicarei com grande empenho a isso. Me dedicarei dia e noite, hora por hora, para garantir que o país saia o mais rápido possível das suas dificuldades (sic)". Ao reconhecer que o Brasil passa por dificuldades e que ainda há muito a ser feito, a petista afirmou que "somos hoje país mais forte, mais robusto (sic)".
No caso especifico da presidente brasileira, trata-se de equívoco que ela possa se estribar em princípio democrático para invocar a legitimidade da sua eleição realizada no ano passado, para a garantia da sua permanência no cargo de presidente da República, tendo em vista que os eleitores que votaram nela tiveram a garantia por parte da candidata à reeleição de outro país bastante diferente do atual, quando ela jurou, entre tantas promessas quebradas até agora, que as contas públicas e a inflação estavam rigorosamente sobre controle e não iriam prejudicar o bolso da população.
          Na verdadeira democracia, não há lugar para mentiras, falsificação sobre fatos, sonegação de informações oficiais, desconstrução da dignidade de adversários políticos, procedimentos contrários aos princípios da boa conduta e da dignidade, entre outros expedientes antiéticos e amorais instituídos com a exclusiva finalidade de se ganhar eleição, em demonstração de pobreza e de falta de seriedade do processo político-eleitoral, que termina se harmonizando com semelhante situação praticada nas piores republiquetas, atrasadas e obsoletas quanto aos avanços conquistados há décadas pelas nações desenvolvidas social, política, econômica e democraticamente.
No verdadeiro Estado Democrático de Direito, o que existe de real é a sinceridade, a pureza de sentimentos de dignidade, nobreza e honestidade, como forma de se contribuir não somente para a construção da democracia no seu sentido mais amplo, puro e decente, sem subterfúgios, ardis e estratégias depreciativas e indignas, mas, sobretudo, para o fortalecimento dos princípios da ética, legalidade, moralidade e transparência.
O sentimento da verdadeira democracia da atualidade fala pela linguagem direta da exata desaprovação do desempenho da presidente da República, ante a insatisfação em nível absurdo e alarmante, que supera a casa de 70%, contra a mixuruca aprovação de apenas 8%, cujas avaliações correspondem à exata e justa realidade dos fatos, sem mentiras, sem retoques, sem maquiagem maquiavélica dos marqueteiros de plantão, regiamente pagos para omitir dados oficiais e inventar fatos enganosos, mentirosos e falseados sobre a imagem de opositores, em verdadeira fábrica de armações com viés estelionatários, para servir de estratégia de engodo para o convencimento de ingênuos e desinformados brasileiros, que, em princípio, não têm culpa pelo deplorável destino do país, deles mesmos e do restante dos brasileiros, que estão pagando preço elevadíssimo pela inaptidão na condução das políticas públicas.
Com base na verdadeira democracia, a presidente da nação certamente não haveria de encontrar o menor respaldo para se sustentar no cargo, porque a democracia que legitimou a eleição dela foi visivelmente burlada e desfigurada na origem, por convicções maquiavélicas que não correspondem ao estágio atual, quando o povo se conscientizou, agora, de que o governo não tem as qualidades anunciadas por ocasião da campanha eleitoral.
Na realidade, as mentiras pronunciadas naquela ocasião contradizem a realidade da administração do momento, quando todos os falseados parâmetros assegurados na campanha foram por terra no presente, o que se pode inferir que a democracia que deu legitimidade ao direito à eleição da petista não é a mesma de agora, que tem como atributo a inafastável verdade da incompetência, do descrédito, da recessão, da corrupção, da inflação alta, das contas e dívidas descontroladas, do desemprego, da redução da renda, da péssima prestação dos serviços públicos, da falta de investimentos e de tantas mazelas que não existiam na campanha eleitoral, pelo menos não constaram do script do marqueteiro, que teve a “sapiência” de enganar magistralmente parcela significativa de brasileiros.
Os brasileiros precisam se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade de identificar a existência da dicotomia entre a verdadeira democracia e aquela que serviu de base para a reeleição da presidente da República, que teve parâmetros completamente dissonantes da atual, de modo que o povo possa distinguir os fatos como eles realmente são, com razoáveis independência e inteligência, porque o governo de agora estar nu, com plena exposição de suas vísceras, em termos de resultados ou da ausência deles, eis que a realidade dos fatos agora é cristalina, não permitindo a existência da poderosa força da sempre questionável participação de marqueteiros, para mostrar a falsa situação que somente existiu na campanha da candidata oficial, sem o devido primor quanto à exposição do seu verdadeiro programa de governo, como mostram à saciedade, de forma translúcida, os desastrados resultados dos indicadores da atual gestão, todos contradizendo as afirmações enganadoras do pleito eleitoral. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de agosto de 2015

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