O jornal britânico Financial Times disse, em
editorial, que a atual situação do Brasil é comparável a um "filme de terror sem fim", em razão
das crises política e econômica.
O texto tem o título bastante forte, nestes termos:
"Recessão e corrupção: a podridão
crescente no Brasil" e nele o principal diário de economia e finanças
da Grã-Bretanha afirma com muita clareza que "incompetência, arrogância e corrupção quebraram a magia" do
país, que poderá enfrentar "tempos
mais difíceis.".
Segundo o jornal, "a maior razão" da crise enfrentada pela presidente brasileira
seria o escândalo de corrupção na Petrobras, desvendada pela Operação Lava-Jato
da Polícia Federal, que vem investigando dezenas de políticos e empresários, sob
suspeita de participação no esquema de desvio na estatal.
O jornal diz que "Poucos acreditam que Dilma seja corrupta, mas isso não significa que
ela esteja segura", à vista de crescentes pedidos pelo impeachment da
presidente, mas há suspeita de que parte do dinheiro desviado da Petrobras possa
ter sido usada no financiamento da sua campanha eleitoral.
Além disso, o FT disse que a presidente enfrenta fortes
suspeitas de irregularidades sobre o fechamento das contas de seu governo, pela
prática de manobras que feriram os princípios constitucional e legal, que
ficaram conhecidas como “pedaladas
fiscais”.
O texto lembra que "Cada um (dos casos) poderia
ser suficiente para impeachment" e que a saída da presidente "ainda parece improvável.".
O jornal menciona ainda a investigação do Ministério
Público sobre a suspeita de tráfico de influência do ex-presidente da República
petista, que teria dado apoio à construtora Odebrecht junto ao Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, para financiamento de obras no exterior -
que também é investigada pela Operação Lava-Jato - e o rompimento do presidente
da Câmara dos Deputados com o governo, após ter sido denunciado por delator na
investigação da Petrobras.
A publicação ressalta que "Até agora, políticos em Brasília tem
preferido que Dilma siga no poder e assuma os problemas do país. Mas este
cálculo pode mudar para tentarem salvar a própria pele".
O texto esclarece que as investigações "demonstram a força das instituições
democráticas do Brasil, um país em que os poderosos se colocam acima da lei".
Como exemplo, é mencionada a prisão do presidente da construtora Odebrecht.
O FT diz que "Dilma enfrenta três anos solitários como presidente. Brasileiros são
pragmáticos. Então, o pior cenário de impeachment caótico deve ser evitado.
Mesmo assim, os mercados começaram a precificar o risco. Pode ser que tempos
mais difíceis estejam adiante do Brasil".
Além das questões políticas, o jornal incursiona em
situação econômica do país - cujo Banco Central estima retração de mais de 1%
neste ano - e faz elogio à presidente, por ter "revertido sua fracassada 'nova matriz econômica'", do primeiro
mandato.
O diário cita o aumento dos juros, como maneira de combate
à inflação, além dos esforços para conter gastos públicos, medidas "necessárias, mas dolorosas", que
reduziram salários, aumentaram o desemprego, afetaram a confiança de investidores
e "demoliram" a
popularidade da presidente para o nível mais baixo da história.
Não
há dúvida de que o povo há de pagar preço alto pela arrogância e pelo populismo,
que foram utilizados com o propósito muito bem definido de se alcançar o poder
e nele permanecer indefinidamente, não importando os fins empregados para se
atingir os meios.
Há
mais de ano, os indicadores econômicos já acenavam para as dificuldades que
iriam asfixiar os mecanismos de desenvolvimento, mas a ganância pelo poder, a incompetência
ou a má fé conseguiu maquiar dados oficiais, com pedaladas, mentiras e omissão de
informações, para ganhar a eleição.
A
análise do Financial Times é incontestável quanto às corajosas afirmações de
que a "incompetência,
arrogância e corrupção quebraram a magia" do país, com vaticínio ainda
de que "tempos mais difíceis."
ainda poderão advir para os brasileiros, que deveriam acreditar nos fatos que
se mostram verdadeiros e não em afirmações de homens públicos nem sempre
confiáveis.
É
lamentável que os ideólogos e fanatizados do partido do governo somente tenham
capacidade para enxergar os fatos sob a ótica que melhor se amoldem à sua
concepção política, de modo que a sua razão sempre sobreponha à realidade dos
fatos, em verdadeira contradição com as análises e interpretações do mundo especializado,
que mostram que o Brasil se compara a um "filme de terror sem fim", ante as
dificuldades e as incertezas nascidas no seio de quem perdeu por completo os
rumos do seu governo.
O
jornal britânico teria sido muito mais preciso se tivesse tratado o tema Brasil
como situação concreta e verdadeira, bastante diferente de mero filme, porquanto
os fatos por ele abordados são de realidade nua, crua e infelizmente plasmada
em um país que não consegue fugir de uma tragédia anunciada, mas jamais admitida
pelo governo, que prefere, de forma irresponsável, transferir a culpa pelos
fatos deletérios às crises internacionais, à burguesia, à oposição, à mídia, ao
governo do passado e às pessoas contrárias à ideologia socialista, que ficam torcendo
pelo quanto pior melhor para a desestabilização do governo.
Não
há dúvida de que se trata de concepção medíocre de não aceitar os desacertos na
condução e no gerenciamento das políticas públicas, reconhecidamente
desastrosos para o país, à vista dos pífios indicadores econômicos, que contribuem
para inevitável recessão, cujos culpados deveriam ter a dignidade de assumir a
paternidade do desastre imposto aos brasileiros.
Chega a ser engraçado que, para os ainda
simpatizantes e defensores do desgoverno, as informações sobre a realidade da
administração do país funcionam como verdadeiro golpe, como fábrica de boatos
para desgastar a imagem "impoluta" da gestão "exemplar" de
incompetência e de desmoralização.
Na verdade, um dos maiores golpes dados na
consciência política do povo ou mais especificamente do eleitorado brasileiro,
inclusive aplicados contra os fanatizados pela incompetência, foi aplicado pela
candidata à reeleição, quando refutava, de forma veemente, o debacle da sua
gestão, afirmando o contrário sobre o real terror, que não é, oxalá fosse, de
filme, mas sim do que se pode caracterizar de verdade imutável, porque são os
fatos que confirmam a análise de um país destroçado pela ineficiência, pelo descrédito
e pela desmoralização dos princípios republicanos e democráticos. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de agosto de 2015
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