O
governo vem utilizando, de longa data, a infalível e muito bem sucedida estratégia
para conquistar apoio à sua base de sustentação no Congresso Nacional, com o
fortíssimo argumento da distribuição de cargos nos ministérios e nas empresas
estatais, que é fortalecida com os repasses de emendas parlamentares.
Com
esses gestos que já se tornaram bastante conhecidos como vexaminoso jeitinho
brasileiro do “toma lá, dá cá”, o governo vem conseguido driblar as crises de
sustentabilidade e de falta de apoio dos congressistas.
Essa
prática nada recomendável tem o condão de desmoralizar qualquer gestão pública,
por envolver recursos e máquina públicos e também ser normalmente identificada
como acenos de “diálogo” para a governabilidade questionável, que somente consegue
emplacar seus projetos no Parlamento com o peso da influência de medidas nem
sempre afinadas com os princípios originários da ética, moralidade, dignidade,
legalidade e probidade, conceitos estes que se exigem primacialmente na
administração de qualquer país com o mínimo de decência e seriedade.
É
inadmissível que, em pleno século XXI, ainda existam povos, como os
brasileiros, que ainda tenham a mentalidade absolutamente impregnada pela falta
de consciência sobre a dignidade que deve haver na administração do país com as
potencialidades e grandezas sociais e econômicas como o Brasil, que, por certo,
já teria alcançado novos horizontes de modernidade e riqueza de seu povo caso
os homens públicos tivessem o mínimo de sensibilidade sobre o real sentido dos princípios
e objetivos saudáveis da administração pública.
É
indiscutível que o governo somente tem conseguido alguns acordos de
convivências pacíficas e construtivas quando promove o loteamento de
ministérios e empresas públicas entre os partidos aliados, na consolidação da
lastimável troca de apoio envolvendo as agremiações, mediante a formalização do
execrável fisiologismo de coalizão implementado com maior vigor na gestão
petista, que consiste no espúrio apoio político fundamentado no indecente “toma
lá, dá cá”.
Essa
infeliz e recriminável prática se encontra muito bem banalizada na
administração pública, que foi fomentada com o inchamento da quantidade de
ministérios, chegando a atingir, pasmem, 39 pastas, justamente para a
viabilização desse inescrupuloso sistema que deve existir somente no país
tupiniquim, tendo como consequência a inevitável precariedade e deficiência da
prestação dos serviços públicos, que são de péssima qualidade e não primam pelo
rigor da observância, à luz dos ditames constitucionais, dos princípios da
eficiência, competência e economicidade.
No
caso do presidente do PSD, a avaliação da petista teve o cuidado de perscrutar
o encanto e o poder de aglutinação dele para mais de 80 deputados em novo bloco
de aliados ao governo e ainda do seu pode de articulador competente, atributos
estes que mereceram a titularidade de importante pasta na Esplanada dos
Ministérios, fato que demonstra verve da petista em prestigiar muito bem as
qualidades em proveito de seus interesses, embora nem sempre com o emprego de
métodos afinados aos princípios da legalidade, como nesse caso da distribuição
de cargos públicos, em troca de apoio político.
É
lamentável que, mesmo diante da modernidade e dos avanços da humanidade, ainda
exista governo de país considerado potência econômica mundial que, de forma
ilegítima, utiliza sistematicamente a máquina e recursos públicos para
solucionar as questões políticas e pessoais, como se isso não representasse ato
administrativo indigno e recriminável, porquanto se trata de péssimo exemplo de
governança, por nem sempre condizer com os princípios constitucionais da
administração pública.
A
acomodação de aliados políticos em ministérios e empresas estatais, como mera
troca de apoio político, manifestadamente para satisfação de interesses
pessoais ou partidários, representa verdadeira afronta à modernidade
democrática e aos princípios da eficiência e meritocracia, por haver nisso
nítida contribuição para o incremento da deficiência e decadência dos objetivos
da administração pública, em clara dissonância com os permanentes anseios de
desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de agosto de 2015
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