Quando houve as manifestações de protestos contra a
presidente da República, o governo temia ficar refém das ondas e dos movimentos
populares que poderiam se intensificar em todo país, causando grande transtorno
e embaraço à governabilidade, porque esse quadro ficou bem pintado na avaliação
realista de alguns assessores e ministros.
Um ministro chegou a afirmar textualmente que “Se a presidente Dilma não reagir rápido,
essa onda de protestos vai crescer e deixar o governo refém”.
Se já naquela época o governo estranhava, por ter
se surpreendido com o tamanho dos protestos, que não se restringiram somente às
pessoas que não votaram na petista, agora ela tem todos os motivos para estar
desesperada, porque a dimensão da insatisfação se potencializou com a mixuruca
aprovação do seu desempenho (8%) e a expressiva quantidade de brasileiros
contrários à sua gestão (71%), fatos que demonstram que a população
insatisfeita não se concentra apenas em determinada classe social, uma vez que
houve a ampliação das fronteiras da elite, que recebeu o apoio de todos os
segmentos sociais contrários à administração do país.
A verdade é que de lá para cá, o tempo passou, mas
o governo não assimilou absolutamente nada do que foi dito nas ruas,
considerando que ele não conseguiu apresentar nenhum discurso diferente para
atender aos clamores populares e a situação simplesmente degringolou de vez,
porque a crise de governabilidade atingiu nível insuportável quanto à sua
administração, que fugiu das rédeas do Palácio do Planalto e se instalou também
no Congresso Nacional, com a sua base de sustentação se rebelando contra o
comando da presidente, que já não lidera absolutamente nada, porquanto a
política é dirigida pelo PMDB e a economia foi entregue a um neoliberal, que
promoveu ajustes em dissonância com os princípios do petismo e o que é pior,
ele tem muito pouca efetividade, à vista da sua inocuidade ante a gravidade das
crises instaladas no país.
Há quem se lembre de que o governo, logo após os
protestos, correu rapidinho para enviar ao Congresso Nacional propostas de
legislação, com a finalidade de promover o combate à corrupção, porém elas não
saíram até agora do papel, em razão, sobretudo, da falta de empenho dele para a
apreciação com urgência das matérias de que se tratam, o que apenas se confirma
a pouca efetividade das promessas do Planalto, que somente age no calor das
pressões, evidentemente enquanto elas ainda ressoam intensamente nos seus
recintos.
Enquanto
isso acontece, a presidente do país não se esforçou para encontrar a resposta nem
rápida e muito menos convincente para neutralizar a onda de protestos que
deixou muito claro que a situação já era periclitante e poderia piorar, como
efetivamente arruinou, a ponto de se tornar incontrolável, pelo menos no âmbito
do Palácio do Planalto, com gravíssimos reflexos não somente para as condições
de vida dos brasileiros, mas também para o país.
Infelizmente, à toda evidência, o governo é refém da
própria incapacidade para solucionar as crises que tomou conta do país, tendo
se tornada igualmente refém das dificuldades para administrar a nação e pôr ordem
na desastrada condução da economia e na bagunça da corrupção institucionalizada
na administração pública, notadamente na Petrobras, empresa que ela se
identificou como presidente do Conselho de Administração dela, que poderia ter
evitado o estrondoso rombo por meio da compra da falida e sucateada refinaria
de Pasadena, nos Estados Unidos da América, por preço superfaturado.
Também não condiz com o modelo de eficiência a
inexplicável forma de escolha de assessores e auxiliares para a condução das
políticas do Estado, representada propriamente como ações entre partidos, pela
composição de ministérios e empresas públicas por políticos apenas dispostos a
assegurar apoio no Congresso Nacional aos projetos de interesse do governo, mediante
a manutenção do repudiável fisiologismo formalizado pela indecente troca de
cargos públicos e de outras benesses propiciadas pelo poder, em flagrante
detrimento dos interesses nacionais e dos princípios republicanos, quando a
administração do país deve se preocupar com as causas da população em geral e
não ficar circunscrita aos interesses da classe dominante, ao estilo de
desprezíveis republiquetas.
Diante da gravidade das crises política, econômica e
administrativa, que deixaram o governo refém da própria incapacidade gerencial,
compete à sociedade avaliar quanto às más condições de superação das
dificuldades, sob a administração e o gerenciamento do país por quem
efetivamente já demonstrou plena inaptidão para tanto, sobrelevando principalmente
os prejuízos causados ao desenvolvimento social, político e econômico, que está
sendo visivelmente retardado diante das precárias condições de governabilidade,
ante as visíveis dificuldades para a assimilação das ansiedades dos brasileiros.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de agosto de 2015
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