terça-feira, 4 de agosto de 2015

Urge a moralização do país

Especula-se, no meio político, que o presidente do Senado Federal, a despeito da oposição ao governo do presidente da Câmara dos Deputados, pode merecer tratamento especial do Palácio do Planalto, como peça-chave para impedir o agravamento da crise política e a possibilidade da abertura do processo de impeachment da petista, à vista da sinalização de medidas nesse sentido.
Sabe-se, de antemão, que o provável apoio do senador alagoano não sairá barato para o governo, porque, ao seu feitio, ele há apresentar ao Planalto "faturas" recheadas de muitas exigências nas áreas política e econômica, em “justíssima” compensação por seu “sacrifício”.
Diante do quadro de dificuldade enfrentado pelo governo, resta à petista recorrer à milagrosa ajuda do presidente do Senado para tentar contrapor às prováveis decisões contrárias aos interesses dela, em especial daquela com origem no Tribunal de Contas da União, que poderá opinar pela rejeição das contas do governo, referentes ao ano de 2014, à vista das graves irregularidades consistentes nas famosas “pedaladas fiscais”.
No caso, caberá ao Senado apreciar, de início, o parecer emitido pelo TCU, de onde seguirá para o pronunciamento da Câmara, cujo julgamento final de ambas as casas do Congresso Nacional não poderá ser pela reprovação das contas em causa, sob pena de implicar a abertura do temido processo de impeachment contra a presidente petista. Daí a imperiosa necessidade do apoio do presidente do Senado para se evitar tamanho desastre para a presidente brasileira.
Como não poderia ser diferente, à luz dos fatos precedentes, quando as conveniências políticas estão em disputa, o presidente do Senado tem forte inclinação para assumir a importante missão de fiel fiador da governabilidade da petista, por manter sob suas rédeas a agenda da Câmara Alta.
Não obstante, o apoio do senador alagoano deverá ter preço bastante elevado, porque ele irá exigir mudanças de titulares de ministérios, para que haja maior afinidade dele com as relações com o Executivo, ou seja, o senador exigirá a troca de importantes ministros do governo.
Nessa mesma linha de esquisita aproximação com o Planalto, o presidente do Senado espera contar com maior apoio financeiro do governo federal para o governo do Estado de Alagoas, governado pelo filho dele, ante a inexistência de investimentos em obras, na região, justamente pela escassez de verbas.
Como se somente isso ainda não fosse suficiente, o senador alagoano quer ter maior participação nas decisões do governo, em especial no que tange à política econômica, por defender corte em despesas do próprio Executivo, com destaque para a redução do exagerado número de ministérios.
Ele também espera contar com o apoio e a solidariedade do governo, no caso de complicar ainda mais a sua situação perante a Operação Lava-Jato, por ter sido envolvido nela, sob a suspeita de recebimento de propina da Petrobras.
Caso seja verdade o quadro que se pinta envolvendo os inescrupulosos interesses do Palácio do Planalto e do presidente do Senado Federal, dando conta de negociatas explícitas e desmoralizantes, o país poderá ser manchado por mais um episódio deprimente que se pode imaginar envolvendo recursos públicos, mostrando claramente total desprezo aos princípios da ética, do decoro, da moralidade e sobretudo da dignidade que se exigem dos homens públicos.
O que torna ainda mais indecente e repugnante é que se percebe que, à medida do delineamento de atitudes tão degradantes, não se ouve nenhuma voz da oposição ou de organismo da sociedade repudiando tamanha excrescência, que, de igual modo, também se exige dos órgãos de controle e fiscalização sobre a ética, moralidade, honestidade, constitucionalidade e legitimidade dos atos administrativos, com vistas às sanções aplicáveis quanto à deliberada e proposital infringência das normas aplicáveis na administração pública.
Na realidade, caso sejam confirmadas as expectativas de conchavos entre a presidente do país e o presidente do Senado, apenas se materializa mais um vergonhoso ato de indignidade e de desmoralização da administração pública, a exemplo das vexaminosas nomeações de afilhados políticos, em troca de apoio na base de sustentação do governo, em verdadeiro desmerecimento da representação dada pelo povo aos maus políticos, que são indignos da legítima delegação popular.
Compete aos brasileiros se conscientizarem sobre a necessidade de repudiar, com a maior veemência, os atos de indignidade e de ilegitimidade protagonizados pelos maus homens públicos, que não têm o menor pudor em emporcalhar ainda mais a credibilidade do país diante dos brasileiros e da comunidade internacional.
Diante de tantos atos de indignidade e de falta de nobreza em nome de espúrios e injustificáveis interesses exclusivamente pessoais, a exemplo dos arranjos alinhavados entre o governo federal e o presidente do Senado Federal, conforme denunciam os meios de comunicação, urge que o Brasil precisa ser passado a limpo, mediante a promoção de reformas abrangentes e profundas, principalmente com a finalidade de possibilitar a eliminação dos maus políticos da vida pública, como forma de se permitir a tão desejada moralização da administração pública, que jamais deveria passar por momento de terrível fragilidade ética e moral, com consequências bastante prejudiciais aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de agosto de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário