quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Pressão, desfaçatez e intolerância?

Discursando para plateia de integrantes de movimentos sociais e parlamentares do PT e partidos aliados, a presidente criticou a "insidiosa tentativa de criar no Brasil uma situação de 'quanto pior, melhor'" e afirmou que vai trabalhar pelo país, mesmo "debaixo da pressão, desfaçatez e intolerância que às vezes recai sobre Brasília".  
Sem mencionar eventual impeachment ou críticas da oposição, a petista disse que o país vai superar a crise e reiterou que manterá o compromisso "com todas as conquistas que fizemos nos últimos anos".
Na ocasião, ela afirmou: "Vou fazer uma afirmação até um pouco pretensiosa: se tem uma coisa de que tenho orgulho foi do que fizemos no governo Lula e no meu governo em relação ao Nordeste. E isso eles (a oposição) jamais vão tirar de nós.".
A presidente do país, ao afirmar que vai trabalhar pelo país, mesmo sob “pressão, desfaçatez e intolerância", dá sinal de que ela interpreta cobrança por competência e eficiência na governança do país como gestos de coação, descaramento e intransigência, como se ela estivesse imune às críticas, às exigências dos brasileiros quanto à necessidade de políticas públicas com efetividade sobre o atendimento às carências sociais, à otimização da economia e à moralização do país, cujas metas se distanciaram bastante dos centros das promessas de campanha.
Naquela ocasião, ela enchia os pulmões para falar que, no seu segundo governo, será somente de mudanças para beneficiar o povo, mas os anseios daqueles que acreditaram nos engodos e nas mentiras foram por terra e o pior que, agora, pressão, desfaçatez e intolerância são palavras condenáveis no vocabulário da petista, que se acha no direito de continuar devendo bons resultados do seu governo, sem para tanto ser coagida e pressionada, diferentemente do que acontece nos países sérios e evoluídos.
Embora o país esteja atravessando uma das piores crises de governabilidade da sua história, quando a administração governamental se mostra visivelmente acéfala, desacreditada e sem condições de reação à degeneração dos fundamentos da governança, a petista ainda tem a insensibilidade de reclamar daqueles que, com toda razão e justiça, bradam contra a catástrofe que se esparge no terreno fértil da incompetência.
Com absoluta certeza, o PT, em circunstância semelhante à atual, na qualidade de oposição, não estaria somente criticando passivamente o lastimável estado de calamidade que contribui para degenerar progressivamente o patrimônio dos brasileiros, mas colocando fogo no circo chamado Brasil, ou seja, o país inteiro já teria sido tomado pela barbárie e violência contra a precariedade da governança, tornando insuportável e incontrolável a administração do país.
O partido do governo seria capaz de promover as piores maldades, com a mobilização de seus enlouquecidos fanatizados e simpatizantes, em espalhafatosos e brutalizados movimentos de protestos, com extrapolação dos sentimentos de racionalidade e civilidade, para afastar imediatamente o presidente do cargo, sem a menor preocupação com o resultado das urnas, tal qual como já aconteceu no caso do último presidente afastado, que foi terrivelmente massacrado e torturado com a ajuda especializada do PT, que teve extraordinária participação no afastamento da Presidência daquele que teria sido o algoz do todo-poderoso, na eleição entre os dois principais protagonistas de então.
Aliás, na atualidade, a oposição vem se comportando como verdadeiros anjos nesse lamentável episódio de dilapidação das estruturas do país e de destruição dos princípios da competência administrativa e da moralidade, por ter atuado apenas com duras críticas ao governo que já demonstrou total incapacidade de reação e de reversão do quadro de degenerescência do Estado.
Não há dúvida de que compete à oposição vigilante mostrar, passo a passo, detalhe por detalhe e de forma minuciosa, como é do seu papel institucional, os perversos e demolidores métodos adotados pelo governo e por seu partido para conduzir o país ao lamaçal onde ele se encontra no momento, em estado de total penúria, com as instituições desmoralizadas, desacreditadas e contaminadas com o câncer da corrupção, impossibilitando, à toda evidência, qualquer esforço de superação, em curto prazo, ante a inaptidão que tem sido a marca predominante do governo.
Convém que os brasileiros se mobilizem, numa corrente pra frente, em ingente apoio às ideias convergentes sobre a necessidade de urgente renovação da classe política que se apoderou do Brasil, como se o país pertencesse a ela, em clara demonstração da plena inversão dos valores e dos sentimentos de brasilidade, com indiscutível menosprezo aos princípios republicanos, quando deixaram de ser observados os conceitos segundo os quais a República tem como origem o povo, que é a sua célula mater. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de agosto de 2015

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