segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Louvável celeridade processual

A condenação à prisão de alguns executivos da construção civil suscitou clima de preocupação entre advogados de empreiteiros investigados na Operação Lava-Jato, uma vez que a rapidez da medida, no entendimento dos defensores, pode criar terrível ambiente psicológico entre os presos para possíveis novas delações premiadas.
Na concepção dos advogados, existe no seio dos presos na citada operação o fantasma do operador do mensalão, segundo o qual, por ter ficado calado, ele foi condenado a mais de 30 anos de prisão e, por esse temor, os empresários não querem levar para a cadeia.
Um advogado declarou que "Essas condenações pelo juiz Sergio Moro têm sido de uma velocidade impressionante. Isso tem assustado nossos clientes".
Não há a menor dúvida de que tem sido fantástico o modelo de atuação do juiz responsável pelas investigações desse horroroso caso de corrupção na Petrobras, a ponto de causar reboliço entre os envolvidos que têm dificuldades de se moverem nessa verdadeira peça de tabuleiro, em que o magistrado tem levado enormes vantagens sobre os “maquiavélicos” e “espertinhos” executivos que, nos “bons” tempos, manobraram com perfeição o propinoduto dos bilionários recursos da estatal, em exclusivo benefício do interesse de suas empresas, sem a menor preocupação com os princípios da ética, moral, dignidade e honestidade e muito menos com a preservação do patrimônio dos brasileiros.
O que se teme é o fundado receio de que o gigantesco e admirável trabalho do juiz federal seja ignorado e desprezado por completo, nas sentenças superiores, onde, à luz do histórico dos tribunais, via de regra, pode funcionar o forte peso das influências políticas e do poder econômico, com força suficiente para o acatamento de entendimentos jurídicos diferenciados da construção primária dos autos, ou seja, passam a valer as opiniões dos juízos experimentados e não daqueles que se sacrificaram e se desgastaram para a elucidação, em equipe, dos intrincados fatos irregulares, que poderão ser derrubados e destruídos com a maior facilidade apenas com parecer em contrário, como já ocorreu com a decisão sobre a formação de quadrilha do horripilante mensalão, que foi modificada em razão apenas da entrada de novo ministro no colendo plenário do Supremo Tribunal Federal.
O país sente o dever cívico de reconhecer os brilhantes esforços e empenhos dos competentíssimos responsáveis pela condução das investigações sobre as irregularidades na Petrobras, pela demonstração de extremado zelo na execução de suas funções institucionais, respaldadas cada dia com resultados de excelência, conforme os surpreendentes achados que envolvem novos personagens e montanhas de dinheiros desviados de forma fraudulenta.
Os fatos apontam para a premência de ser passado a limpo não somente o Brasil, mas principalmente a principal gestora do país, que perdeu há muito tempo a legitimidade, a credibilidade e o apoio dos brasileiros para continuar governando a formidável nação, que certamente não merecia ser obrigada a passar por momento de gigantesca esculhambação, ante a desmoralização dos princípios da administração pública e a indiscutível contaminação das estruturas do Estado pelo abominável câncer da corrupção, potencialmente disseminado na gestão dos recursos públicos.  
Tem sido muito bonito se verificar os sentimentos dos verdadeiros brasileiros que anseiam por outro Brasil diferente de quem defende o governo federal, reconhecendo o importante trabalho dos servidores públicos, liderados pelo juiz federal, no seu fiel cumprimento da missão institucional, imbuídos dos espíritos de probidade, moralidade, integridade, honradez, diligência, honestidade e firmeza de propósitos, dando o exemplo aos demais servidores do Estado de que a construção do novo Brasil depende da coesão de todos eles, que certamente tem o apoio, de pelo menos mais de 70% dos brasileiros, que desaprovam a incompetência e a precariedade ínsitas na administração do país.
O desastrado exemplo do operador do mensalão, que conspirou contra ele, por ter ficado em silêncio quando não devia, ao invés de ter confessado as minúcias dos pecados não somente seus, mas de todos os envolvidos, até que poderia servir de inspiração para a liberação de ações em prol de quem tem muito a dizer não apenas em seu benefício, mas também do país, com a contribuição de informações úteis para a elucidação de fatos que ajudarão a passar a nação a limpo, inclusive com a possibilidade da eliminação da vida pública de elementos prejudiciais ao interesse da população e do país, pelo tanto de maldade já praticada em prejuízo dos brasileiros.
Convém, para o bem dos princípios da dignidade e honestidade, que os advogados orientem seus clientes a dizerem exatamente a verdade, em delação premiada ou não, para que a síndrome do mensalão não mais se repita, porque em prejuízo apenas daqueles que ficarem calados na vã ideia da preservação da pele de quem teve igualmente culpa pela participação no mesmo crime de corrupção.
A celeridade processual imprimida pelo competente juiz responsável pela Operação Lava-Jato merece os mais efusivos encômios, por contribuir para antecipar em muito a reparação dos danos causados aos cofres da Petrobras. Em princípio, não se trata de rapidez da decisão, porquanto ela foi proferida em consonância com os trâmites legais, após a conclusão dos autos, ou seja, depois de concluídas as investigações e concedidas oportunidades para a ampla defesa e o contraditório, nos termos prescritos na Carta Magna.
          Conviria que os demais magistrados brasileiros se inspirassem na brilhante, consagrada e profícua atuação do juiz federal paranaense, que tem demonstrado sensibilidade de verdadeiro magistrado cônscio de suas responsabilidades e capacidade com o dinamismo que impressiona até mesmo os advogados dos investigados na Operação Lava-Jato, evidenciando que ele se encontra ano-luz de distância de seus pares, por levarem séculos, quando o caso ainda não tenha sido prescrito, para proferir suas sentenças, em harmonia com o despreparo e a lentidão próprios da Justiça brasileira, que não procura se esforçar para acompanhar os avanços da humanidade e a modernidade dos mecanismos pertinentes ao trabalho judiciário. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de agosto de 2015

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