Diante da calamitosa crise que devasta a população
venezuelana, culminando com o sumiço de gêneros alimentícios e demais produtos
essenciais, ganha relevo, no momento naquele país, o tráfico de comida, que já
se tornou a principal atividade dos traficantes, superando o tradicional e
rentável tráfico de drogas.
No momento, tem sido comum a atividade conhecida
por “bachaqueo”, que é considerada ilegal pelo governo, mas o seu crescimento é
notório. Ele consiste simplesmente na revenda de produtos de necessidades
básicas que desapareceram das prateleiras dos supermercados e das lojas — e
pelos quais milhões de pessoas passam horas intermináveis nas filas,
diuturnamente.
Na forma da lei que regula o mercado de “Preços
Justos”, a revenda dos produtos de primeira necessidade é capitulada como crime
e sujeita o envolvido à pena de três a cinco anos de prisão. Com a finalidade
de combater essa prática considerada delituosa, o governo, que tem a
incumbência da distribuição “legalizada” de produtos de necessidades básicas,
reativou e intensificou a campanha de combate ao tráfico de comida.
Diante do agigantamento das necessidades por
alimentos, surgiram vários tipos de “traficantes”, numa espécie de
especialização ou profissionalização na traficância, como aqueles que ficam na
fila para comprar a comida e revendê-la em seguida e outros que só revendem
suas sobras. Os próprios supermercados cuidaram de também se beneficiar dos
diversos esquemas resultantes da falta de abastecimento de alimentos, dando um
jeitinho para privilegiar algumas pessoas, fazendo com que elas não entrem nas filas
desumanizadas e indignas.
A título de demonstração do desespero da população,
o preço do litro do óleo de milho em um mercado, quando tem, custa 28
bolívares, o equivalente ao valor de R$ 15,00, enquanto no “bachaqueo” ele sai
por menos 250 bolívares, o equivalente a aproximadamente o valor de R$ 140,00,
que é algo absolutamente absurdo e impraticável.
Esse é o altíssimo preço que os venezuelanos estão sendo
obrigados a pagar agora, diante da realidade nua e crua do socialismo cruel e
trágico, por terem concordado passivamente com as insanas e inconsequentes promessas
de socialização pela igualdade das condições de vida, evidentemente conseguidas
por meio dos benefícios, das magnânimas e das bondades do chavismo de salvação
do século XXI, por meio da conversa mole, porém inconsistente, com sede na
distribuição de renda à pobreza, como as bolsas de tudo que seja possível, a
exemplo do programa Bolsa Família tupiniquim, entre outros programas
assistencialistas, com cunho eminentemente populista e eleitoreiro.
À toda evidência, o poder de convencimento ocorrido
na Venezuela não se diferencia em nada ao que vem se processando, a passos
largos, no país tupiniquim, em que o governo elegeu, para beneficiar com seus
generosos programas de bolsas e auxílios, as classes que ele considerou desassistidas
e desprezadas pelos governos “exploradores” da miséria e “insensíveis” aos
direitos dos povos verdadeiramente carentes, fazendo incutir nas pessoas de menor
poder de informação e de instrução acerca não da verdadeira face perversa e
maléfica do socialismo, que despreza não somente os direitos humanos,
pertinentes à individualidade e à liberdade de expressão, como também os
princípios democráticos, mas sim o poder mágico da transformação da sociedade
igualitária em benefícios proporcionados pelo Estado.
Na verdade, os venezuelanos estão percebendo agora
que caíram na pior armadilha preparada por tirano que teve por principal
objetivo avocar o poder mágico da sociedade igualitária, cujas consequências
evidenciam o pior resultado para o povo, que perdeu o usufruto dos saudáveis
direitos humanos, com o cerceamento das liberdades individuais e de expressão e
a restrição ao livre exercício da democracia, passando a ser governado por
presidente com viés ditatorial, que conseguiu conduzir o país à absoluta
miséria e impor ao povo às mais comezinhas restrições aos produtos e gêneros de
primeira necessidade, diante da falta de alimentos, remédios etc., que somente
acontece, com maior destaque, nos países de regime comprovadamente ultrapassado
e distanciado das nações civilizadas, que valorizam os direitos humanos e os
princípios democráticos.
Convém que os brasileiros acompanhem o sofrimento
dos venezuelanos, diante do terrível drama da falta de produtos de primeira
necessidade, como alimentos, remédios etc., em razão da notória simpatia que a
mandatária tupiniquim nutre pelo presidente daquele país e ainda porque os
métodos implantados em ambas as nações (Venezuela e Brasil), quanto à
distribuição de renda às famílias pobres, têm a mesma finalidade e seguem a
idêntica sistemática de angariar simpatia ao sistema socialista e o mesmo viés
de cunho populista e eleitoreiro, no sentido do exclusivo fortalecimento do
projeto de perenidade no poder, em evidente detrimento dos interesses nacionais.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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