Em explícita demonstração
de inconformismo com os efeitos da Operação Lava-Jato sobre o governo, que já
enfrenta grave crise política, o ex-presidente da República petista se reuniu com
a sua sucessora, para discutir a estratégia que ele denominou de reação.
No diagnóstico do petista,
é imensurável o estrago causado às autoridades, pelas buscas e apreensões de
veículos, documentos, dinheiro, computadores etc., realizadas, obviamente, em
casas de políticos da base aliada, a exemplo do senador e ex-presidente
alagoano, tendo vaticinado, na ocasião, que o cenário ainda pode causar grandes
dificuldades para o governo.
Ele alertou, dizendo: "Preparem-se porque as coisas vão ficar
piores". No encontro, o petista estava furioso com a forma como a Polícia
Federal vem agindo e disse à presidente que ela precisa sair logo dessa agenda
negativa, ou seja, "Você não tem que
ficar falando de Lava-Jato", teria ele esbravejado, e ainda "Você tem que governar, ir para a rua,
conversar com o povo, divulgar os seus programas. Não pode ficar só nessa
agenda de Lava-Jato e ajuste fiscal.".
O petista reconhece que a aprovação da presidente e a dele desmoronou muito mais por problemas na economia do que por denúncias de corrupção na Petrobras, tendo pedido ao ministro da Fazenda, em razão disso, para a divulgação, o mais breve possível, das medidas pertinentes ao ajuste adotado pelo governo.
O petista reconhece que a aprovação da presidente e a dele desmoronou muito mais por problemas na economia do que por denúncias de corrupção na Petrobras, tendo pedido ao ministro da Fazenda, em razão disso, para a divulgação, o mais breve possível, das medidas pertinentes ao ajuste adotado pelo governo.
Ele teria dito ao titular
da Fazenda que o governo ainda erra na comunicação, por não esclarecer à
população que "O ajuste fiscal não
pode ser apresentado como um fim em si mesmo. O que nós temos que mostrar para
as pessoas é onde queremos chegar.".
A presidente concordou com
seu criador, mas deixou clara a insatisfação com as últimas críticas feitas por
ele, tendo afirmado que nada podia fazer quanto às investigações da Polícia Federal.
Ultimamente, o
ex-presidente tem sido crítico de tudo e de todos, inclusive da estratégia do
Planalto para sair da crise. Num encontro com religiosos, o ex-presidente disse
que ele e a sucessora estavam no "volume
morto", numa clara alusão ao momento de maior impopularidade que os
dois estão passando, naturalmente fruto da incompetência e do desgoverno do
país.
No fundo, o governo receia que
novas buscas e apreensões da Polícia Federal possam provocar ainda mais tensão e
estrago no relacionamento com a base aliada, exatamente no momento em que a
presidente brasileira corre o risco de ser submetida ao terrível processo de impeachment,
que poderia ser ainda mais desastroso sem o apoio dos políticos da aliança, envolvidos
nos esquemas desvendados pela Operação Lava-Jato.
Não há a menor dúvida de
que a preocupação e o receio do petista são de que a eficiência do cumprimento
da missão constitucional e legal pela Polícia Federal cause estrago irreparável
à base aliada, a ponto de ele censurar a inércia da presidente que permite
passivamente procedimentos que incomodam políticos importantes ao Palácio do
Planalto, como o ocorrido com aquele que teve apreendidos três carrões
importados na sua mansão, considerados bens conseguidos, ao que tudo indica, graças
às propinas oriundas da corrupção objeto das investigações da Operação
Lava-Jato.
Vê-se que o
petista pretende resguardar o excelente nível de amizade com os corruptos, sob
a pretensão de colocar, a qualquer custo, a máquina governamental como
instrumento de proteção ou a serviço de grupo político envolvido no mundo do
crime, em especial, no rumoroso affaire da Petrobras.
É lamentável que esse fato
deprimente e lamentável não seja capaz de sensibilizar o lado dignidade do
petista, que demonstra muito mais preocupação em não desagradar aliados, mesmo
que eles estejam envolvidos ou suspeitos de envolvimento com práticas ilícitas,
justamente para não suscitar o azedamento das relações de amizade e de apoio
políticos.
No caso, o mais correto
teria sido o ex-presidente dar apoio à sua afilhada, no sentido de se exigir dela
maior celeridade e intensificação quanto às ações da Polícia Federal, para cumprir
com rigor a sua missão institucional, sem fazer qualquer exceção, de modo que os
corruptos aliados e não aliados ao governo possam ser devidamente investigados
e denunciados à Justiça, na forma da lei, com vistas à responsabilização dos
culpados, ao ressarcimento dos danos causados à estatal e à aplicação das
sanções cabíveis, de modo a se prevenir a reincidência de casos semelhantes.
Em um país com o mínimo de
seriedade, tudo se aconselharia que os políticos com a má índole em clara defesa
de bandidos sejam eliminados in limine e
definitivamente da vida pública, em razão de a sua atitude constituir péssimo
exemplo para não somente para a classe política, mas, sobretudo, para a
sociedade, à vista do flagrante ferimento dos salutares princípios da
dignidade, honestidade e legalidade que devem imperar na política e na
administração do país.
Causa indignação que, em
pleno século XXI, ainda existam políticos com tacanhas mentalidades e
insensibilidades de se conceber graciosa proteção à prática da corrupção, em claro
detrimento do interesse público, em nome de espúrias alianças de apoio à base
de sustentação do governo.
Não tem o menor cabimento,
porque constitui caso de extremo absurdo, líder político, sem escrúpulo, se
indignar contra a ação da Polícia Federal para elucidar a roubalheira
perpetrada contra o erário, simplesmente em nome da preservação do apoio
firmado em coalizão questionável, porque fundada em pilar de puro fisiologismo
censurável, por contrariar os interesses públicos.
À luz do bom senso, cumpre
às lideranças políticas não somente o dever moral e ético, mas principalmente
de brasilidade e de civismo de se exigir que sejam investigados absolutamente todos
os fatos denunciados, com profundidade e imparcialidade, com vistas a se permitir
que o país seja passado a limpo, com urgência, mediante o levantamento das arraigadas
sujeiras que se encontram, de longa data, debaixo dos tapetes palacianos, para
que o país possa ser, enfim, devolvido à legitimidade, dignidade e nobreza que
tanto são ansiados pelos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de agosto
de 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário