sexta-feira, 7 de agosto de 2015

À espera da austeridade

Bastou a presidente da República afirmar que não faria reforma ministerial, para o presidente do Senado Federal, que pertence ao PMDB, negar que o seu partido tenha interesse na ampliação de cargos na Esplanada dos Ministérios, como se esse partido já não comandasse expressiva quantidade de órgão e entidades públicos.
O peemedebista ressalta que “O PMDB não vai procurar ampliar os seus espaços no governo. Pelo contrário, o PMDB acha que já tem ocupado muito espaço, e nós estamos voltados para a construção de uma saída para o Brasil. E eu acho que é isso que está sendo cobrado pela sociedade”.
Enquanto isso, O senador também defendeu a proposta de emenda à Constituição - PEC apresentada pela bancada de seu partido na Câmara dos Deputados, com a finalidade de limitar em 20 o número de ministérios.
Ele disse: “Não sei se cria desconforto. O que eu sei é que, para fazermos um ajuste no Brasil, não há como levá-lo adiante sem que haja também o ajuste do setor público. Nós temos no Brasil um excesso de ministérios, de cargos em comissão. Eu acho que, pelo menos enquanto perdurasse a redução da atividade econômica, nós deveríamos, sim, reduzir o número de ministérios e o número de cargos em comissão, consequentemente. Eu acho que, se essa agenda for colocada, ela será uma boa agenda para o país.”.
Existe, na realidade, verdadeiro contrassenso entre o pensamento dos homens públicos e a prática político-administrativa, porquanto há o sentimento sobre a necessidade do enxugamento da máquina pública, mas nenhuma ação é motiva no sentido de se reduzir a enorme quantidade de ministérios, empresas estatais e cargos comissionados no serviço público, em que pese o visível desperdício de recursos públicos que poderia ser evitado, caso houvesse sensibilidade e vontade políticas quanto ao indispensável respeito aos consagrados princípios da austeridade e economicidade na execução dos recursos públicos. 
As atuais crises político-administrativas, evidenciadas em especial pela incompetência gerencial e pelas frágeis relações do governo com as classes políticas, é reflexo da pouca visão do estadista que se distancia da realidade das questões nacionais, recheadas de precariedades que vêm se acumulando ao longo da história republicana, onde os governos se mantêm confortavelmente encastelados nos palácios com a exclusiva mentalidade de governança para a satisfação de seus interesses e da classe política dominante, em claro prejuízo das causas nacionais.
Urge que as estruturas do Estado brasileiro passem por profundas e abrangentes reformulações, de modo que os princípios de aperfeiçoamento e de modernização atuem com total força de eficiência e objetividade capazes de atender às reais finalidades públicas, em completa contraposição ao atual sistema arcaico, desatualizado e ultrapassado, que somente serve para satisfazer aos interesses pessoais e partidários, em absoluto desvirtuamento das funções primordiais do serviço público, que têm por princípio a satisfação das necessidades da população.
Na verdade, o país está precisando, com urgência, de boa agenda que contemple amplo enxugamento da máquina pública, mediante a racionalização de seus órgãos e entidades e a reformulação das estruturas do Estado, com abrangência nas esperas administrativas da República, de modo que passem a ser observados, com o indispensável rigor, os princípios fundamentais da administração pública, entre os quais, a eficiência, eficácia, transparência, legalidade e austeridade.
Além da redução da quantidade de ministérios e cargos em comissão do poder Executivo, impõe-se que a tesoura de racionalização administrativa passe com bastante profundidade e eficiência no poder Legislativo, com vistas ao corte de, pelo menos, quantidade razoável de parlamentares nas duas casas legislativas, passando a quantidade dos senadores e deputados, respectivamente, para 54 e 250, além da drástica diminuição de 2/3 dos servidores do Congresso Nacional, como forma de viabilizar a eficiência da produtividade legislativa em benefício exclusivamente do povo. 
Urge que a sociedade, no âmbito do seu dever patriótico, exija dos homens públicos a imediata modernização do Estado, mediante amplas e abrangentes reformas estruturais, de modo que elas possam atender às reais finalidades públicas. Acorda, Brasil!    
 
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de agosto de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário