sábado, 29 de agosto de 2015

A reforma da irresponsabilidade

O governo federal anunciou que pretende promover reforma administrativa, com a finalidade de cortar 10 dos atuais 39 ministérios, no bojo da "racionalização da máquina pública" que ainda deve abranger a redução de secretarias e até integração de órgãos públicos.
Segundo o ministro do Planejamento, em essência, a reforma em apreço terá por premissa a redução de ministérios, secretarias e cargos comissionados no Executivo, sendo que, na atualidade, estes ultrapassam os 22 mil servidores, mas a meta da redução de cargos comissionados será definida por meio de debates entre ministros, para a decisão final.
Ainda segundo as diretrizes da reforma anunciada, o governo vai intensificar ações com vistas à redução de despesas de custeio, como contas de água e de luz, de modo a se ampliar política nesse sentido.
O governo pretende que os ministérios negociem novos contratos de prestação de serviços, como transporte de funcionários, limpeza, segurança etc., com vistas à economia de recursos.
No bojo das diretrizes anunciadas de desburocratização e de aperfeiçoamento da gestão do patrimônio da União, o governo pretende vender os imóveis considerados desnecessários ao serviço público.
No entendimento do governo, as diretrizes ora lançadas no processo de racionalização administrativa objetivam aumentar a sua produtividade, que deverá ser a melhor economia, segundo ele, de recursos púbicos, com a eficiência da máquina pública.
Ao decidir, ano-luz de atraso, pela racionalização dos serviços públicos, o governo dá atestado, mais uma vez, de extrema incompetência, por ter demorado tanto tempo para tomar decisão mais do que óbvia e necessária, ante o seu indiscutível benefício para os cofres públicos, a qual já deveria ter sido realizada bem antes e ainda com maior abrangência e profundidade.
É evidente que a idealizada reforma administrativa não foi adotada antes certamente para não prejudicar os espúrios e inescrupulosos interesses políticos, no contexto da manutenção dos indignos e degenerativos cabides de empregos, na divisão de cargos públicos entre os aliados do governo, quando montanhas de recursos já deveriam ter sido economizadas caso as reformas tivessem sido realizadas desde o início do primeiro mandato, mas não o foi por pura incompetência administrativa, que funcionou em benefício do próprio governo.
Não há dúvida de que se trata de indiscutível farra com o dinheiro dos bestas dos contribuintes, que foi jogado pelos ralos da incompetência, para a manutenção da chamada governabilidade, que exige a maior disponibilização da quantidade possível de ministérios e cargos comissionados para satisfazer o instinto ganancioso e perverso do fisiologismo implantado pelo petismo, para atrair os políticos inescrupulosos para o seu lado, em clara demonstração de abuso com recursos públicos e de desrespeito aos princípios da dignidade e da economicidade.
Impende se ressaltar que, exatamente na campanha da reeleição, a presidente petista revidava aos apelos para o enxugamento da máquina pública, com vistas à redução de ministérios, dizendo que era contrária à ideia e que entendia, em puro deboche, pela necessidade de serem criados outros ministérios. Isso foi repetido por diversas vezes, demonstrando o tanto de empáfia e prepotência sobre o seu entendimento sobre a administração científica, que tem por finalidade exatamente à busca da eficiência e eficácia da máquina pública, que deve funcionar de forma racional e absolutamente em harmonia com as necessidades do Estado, e não na forma irresponsável como ministérios vêm sendo utilizados, tão somente como verdadeiros instrumentos destinados ao loteamento entre os partidos integrantes da base de sustentação, em troca de apoio aos projetos do governo no Congresso Nacional.
Trata-se, à toda evidência, de explícita demonstração de falta de pudor com a gestão pública, uma vez que o governo vem adotando todo e qualquer procedimento espúrio para garantir a consecução do famigerado projeto de perenidade no poder, em clara demonstração de que os fins justificam os meios. 
Não há a menor dúvida de que, se realmente a presidente está convencida de que precisa enxugar a máquina pública, depois de recentemente defender a irracional e exagerada quantidade de ministérios, convém que seja apurada a responsabilidade pelo desperdício dos recursos jogados pelos ralos dos desperdícios, em razão dos gastos desnecessários com ministérios dispensáveis, inúteis e dispendiosos, que já deveriam ter sido extintos ou incorporados há muito tempo, em harmonia com os salutares princípios da racionalidade, do bom sendo e da economicidade.
Certamente que nem nas repúblicas de quinta categoria existem tantos ministérios como no país tupiniquim, graças à falta de sensibilidade e de racionalidade de seus governantes, que demonstram pouca ou nenhuma preocupação com os conceitos de desburocratização e economicidade na administração pública.
Os brasileiros, no âmbito da sua responsabilidade cívica e patriótica, precisam se conscientizar, com urgência, sobre a imperiosa necessidade de exigir que os governantes tenham o exato sentido da responsabilidade sobre a parcimônia com a aplicação dos dinheiros públicos, ficando obrigados à rigorosa observância do princípio da economicidade, como fundamento da administração moderna e racional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de agosto de 2015

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