sábado, 8 de agosto de 2015

A nomeação da excrescência?

Diante do incontrolável agravamento das crises que implodiram a governabilidade do país, mais especificamente no que tange à política, especula-se que a presidente brasileira cogita nomear o ex-presidente da República petista para assumir um ministério na Esplanada mais importante do país.
Embora a medida surpreendente e de enorme relevo ainda esteja nos planos das avaliações estratégicas do governo, teme-se que a sua efetivação possa esvaziar o poder presidencial da petista, que já demonstrou completa incapacidade para lidar com situações de dificuldades e de crises, à vista da calamidade que grassa no governo e no país.
Não obstante, alguns petistas consideram que a medida em cogitação teria o condão de assegurar a governabilidade mínima para os próximos anos, além de poder salvar o governo e o próprio PT do caos, em razão da reconhecida capacidade de articulação política do petista, principalmente com livre movimentação no Congresso Nacional, onde o governo encontra enorme dificuldade de articulação com os parlamentares, inclusive com a sua base de sustentação.
Segundo o perfil do ex-presidente, já há quem se atreva a nomeá-lo para o cargo de ministro das Relações Exteriores ou da Defesa, por serem pastas relacionadas com as carreiras de Estado, que seriam mais apropriadas para um ex-presidente da República.
Por seu turno, a partir do momento que o petista passe a integrar o primeiro escalão do governo, ele seria blindado com o foro privilegiado, justamente para ser desviado do caminho das investigações próprias da Operação Lava-Jato, porquanto ele passaria a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
Não há dúvida de que as crises que se alojaram no governo são de tamanha magnitude que não será com a mera presença do ex-presidente que irá solucioná-las, em passe de mágica, apenas com o seu carisma e a sua facilidade de articulação, porquanto tudo isso não passa de ingênua estratégia para se tentar construir blindagem ao maior líder petista, para se evitar que ele seja investigado no âmbito da Operação Lava-Jato ou no do Ministério Público Federal, no inquérito aberto sobre possível crime de tráfico de influência internacional, onde o ex-presidente é o principal alvo, por facilitação dos financiamentos para a construtora Odebrecht executar obras em países da América Latina e da África.
Se a notícia realmente tem fundo de verdade, a presidente do país põe uma pá de cal no mínimo da credibilidade que ainda existe no governo, ao tentar blindar possível envolvido nos escândalos que tomaram conta do país.
          É incrível que a mandatária do país se vergue à medida que tem por finalidade proteger seu padrinho político da ação da Justiça de primeira instância, quando ela não se cansa de afirmar que, no seu governo, não se joga a sujeira para baixo do tapete, mas essa ideia de privilegiar o ex-presidente com a sua nomeação para cargo de ministro não passa de ridícula manobra para ele ganhar foro privilegiado, quando, a partir de então, escapa da possível garra do juiz federal de Curitiba ou de outro julgamento de primeira instância, no escândalo do tráfico de influência internacional.
Com certeza, não é com medida de magnitude desprezível como essa que a presidente petista vai conseguir a governabilidade tão ansiada pelos brasileiros, porque o seu conceito, se efetivada a nomeação em comento, tende a cair ainda mais, por se tratar de medida que não condiz com as suas afirmações de moralização da administração pública.
Compete à sociedade avaliar o quanto a administração pública vem sendo manipulada para a satisfação de interesses pessoais, como nessa possível escancarada proteção ao ex-presidente, que estaria ganhando cargo de ministro para galgar foro privilegiado, caso ele seja obrigado a responder a processo na Justiça, porquanto seria enorme desprestígio para ele ser julgado na primeira instância.
De igual modo, a população precisa se conscientizar sobre a necessidade de repudiar, com veemência, a possibilidade de a presidente brasileira vir a prestigiar a proteção de seu mentor político, com a nomeação dele para o cargo de ministro, com cristalino viés de blindagem contra possíveis ações da Justiça, em que pese o país se encontrar assoberbado de graves dificuldades, quando, ao invés disso, deveria apresentar planos de salvação nacional, com medidas concretas e capazes para solucionar as crises econômica, política e administrativa, havendo nisso indiscutível dissonância com os interesses dos brasileiros, quanto à possível burla aos princípios da ética, moral e dignidade que devem permear a administração do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de agosto de 2015

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