sexta-feira, 14 de agosto de 2015

À espera de estadista

Em reunião com alguns ministros, o ex-presidente da República petista defendeu que sua sucessora viaje pelo país e promova reforma ministerial, para combater as graves crises que se instalaram no governo.
O ex-presidente entende que a reforma ministerial pode agregar ao governo políticos mais representativos dos partidos, com força política para influenciar suas bancadas no Congresso Nacional nas decisões de interesse do governo.
Os ministros ponderaram que viajar mais pelo Brasil não é suficiente para que a presidente se recupere do fundo do poço onde se encontra. Diante do que o ex-presidente retrucou, afirmando que "Dilma precisa sair dali". Ele reconhece que a medida não é realmente suficiente, porém é fundamental para arrefecer a crise política.
As autoridades petistas resistem em entender que as terríveis tragédias que se abatem sobre o governo e o PT são decorrentes de falta generalizada de competências gerencial e administrativa, capazes de equacionar as reais causas do tsunami que destruiu por completo os mecanismos de governabilidade, de modo que seja possível a adoção de medidas estrategicamente competentes para combatê-las.
As sugestões pertinentes à necessidade de viagens da presidente pelo país não passam de completo contrassenso, tendo em vista que o povo não precisa em absoluto da presença de quem nada fez ou de quem fez tudo ao contrário que deveria ter feito, com vistas à melhoria das condições de vida da população, que padece terrivelmente pela precariedade da prestação dos serviços públicos e pelas mazelas próprias de governo sem iniciativas para enxergar as suas causas, responsáveis pelos entraves no desempenho da presidente.
Com certeza, as viagens da presidente pelo país teriam o condão de potencializar as ondas de repúdio da população, propiciando o surgimento de vaias e panelaços, justamente em consonância com os altíssimos índices de reprovação e de insatisfação que se encontram atravessadas na frente dos brasileiros, que não suportam mais conviver com altíssima demonstração de incapacidade para administrar o país.
Por seu turno, ao invés de se propugnar pela pura troca de nomes nos ministérios, como medida necessária para melhorar o desempenho dos políticos com trânsito no Parlamento e, por via de consequência, aumentar a base de sustentação do governo, a presidente poderia demonstrar o mínimo de sensibilidade para reduzir drasticamente a quantidade excessiva de ministérios e nomear para os órgãos remanescentes, aqueles essenciais e indispensáveis à execução das funções primaciais previstas na Carta Magna de prestação de serviços públicos de qualidade, de incumbência do Estado, somente pessoas qualificadas, com especialização e o devido preparo nas respectivas áreas das políticas públicas, de modo a se permitir que o governo possa desempenhar a sua incumbência constitucional de verdadeiro estadista, com as devidas eficiência e competência exigidas nas administrações públicas responsáveis e cônscias sobre as reais finalidades das políticas públicas.
Com as sugestões de substituições de ministros por políticos dessa linhagem existente no Congresso, apenas pode ser materializado ainda mais, de forma ridícula, o indecente sistema do toma lá, dá cá, implantado com o não menos indigno fisiologismo ideológico que já se tornou marca registrada dos governos desacreditados e incompetentes, que não têm autonomia e decência para nomear pessoas qualificadas como seus principais assessores, de vez que o sistema do mérito é substituído pelo vergonhoso loteamento de ministérios e empresas estatais entre os partidos da base de sustentação, em troca de apoio aos projetos de interesse do governo no Congresso, como sugere o ex-presidente da República petista, que não se conforma com a precariedade dos titulares em atividade, tanto que ele entende que a presidente precisa promover a reforma ministerial, ficando muito claro que eles não servem nem para a prestação de influência de suas bancadas no Parlamento, razão, possivelmente, dos seguidos insucessos de votações polêmicas.
Não há a menor dúvida de que o país padece terrivelmente até da falta de alguém com capacidade para oferecer sugestão ao governo e quando surge o orientador-mor de plantão a ideia é tão absurda que seria melhor que ela nem tivesse existido, sob pena de piorar ainda mais o quadro que já está péssimo para o lado da presidente do país.
Compete à sociedade avaliar, no âmbito da sua responsabilidade cívica, a real precariedade da governabilidade do país, de modo a poder se manifestar quanto aos seus prejuízos já causados aos interesses nacionais, tendo em vista que a continuidade de administração desastrada é motivo de mais danos para os brasileiros e o país, de difícil recuperação ao longo do tempo. Acorda, Brasil!  
 
            ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 14 de agosto de 2015

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