quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ouvir com humildade?

Ainda no torvelinho dos movimentos de protestos contrários à presidente da República, ao PT e ao seu governo, com a mobilização de milhares de pessoas nas ruas, os governistas, sem dispor de qualquer argumento plausível, mas no seu peculiar discurso de sempre, antecipou-se para prometer "ouvir" as manifestações com "humildade", na tentativa de demonstrar o que, na verdade, não tem: simpatia.
Na ocasião, muitos ministros, no calor dos estragos causados à imagem da mandatária do país, saíram em defesa do governo, dando entrevista coletiva, uma seguida da outra, na tentativa de justificar o injustificável sobre os estragos causados ao país e aos brasileiros pela incompetência administrativa e gerencial nunca vista na história republicana.
Um governista disse que "O governo entende também que, com humildade, tem buscado enfrentar uma grande crise econômica não só nos nossos países parceiros, mas também uma crise que bateu à nossa porta. O governo entende que governa para os 200 milhões de brasileiros, para aqueles que votaram e confiaram no projeto e para aqueles que votaram contra".
O termo humildade foi utilizado reiteradamente pelo ministro da Justiça, ao falar sobre como o governo iria lidar com as manifestações realizadas nos últimos dias, tendo afirmado que "Foi muito feliz o ministro Eduardo Braga em dizer que ouvir exige um ato de humildade e um ato de respeito. E o governo respeita e quer ouvi-las".
Em seguida ao encerramento dos protestos, um petista avaliou como "legítimas" as manifestações, ao dizer que eles expressavam o "desejo de todos os brasileiros de combater a corrupção e a impunidade".
Não obstante, outro ministro, menos sensato e visivelmente contrafeito com os atos de insatisfação contra o governo, disse que as manifestações teriam partido de segmentos da população tradicionalmente críticos, tendo aproveitado o ensejo para censurar as pessoas que pediram o impeachment da presidente petista. Ele declarou que "As manifestações contrárias ao governo são legítimas. O que não é legítimo é o golpismo, a intolerância, o impeachment infundado que a agride a democracia".
No exato momento logo após os protestos das ruas, evidentemente quando ainda ressoavam com muita intensidade o clamor da sociedade contra o desgoverno da petista, ouviam-se vozes para afirmar palavras de tolerância e humidade por parte do Planalto, inclusive com promessas absolutamente vãs, que logo se perderam no vácuo da incompetência e da falta da honradez para cumprir os compromissos assumidos.
O certo é que, até o momento, o governo não demonstrou o mínimo de humildade para ouvir o povo, quanto às suas reivindicações, consistentes basicamente na implementação de políticas públicas com competência e efetividade em benefício da população, à vista da piora de todas as ações de incumbência do governo, que, ao contrário do prometido, viu polarizar na administração do país a intensificação das mazelas objeto das reclamações expostas nas manifestações de protestos.
Ou seja, o governo simplesmente ignorou por completo as insatisfações que ficaram patenteadas com muita clareza nas ruas e ainda contabilizou mais deficiência, a ponto de o país se encontrar agora em situação ainda mais degradante do que há dias atrás, quando ele se dizia que estava em estado de humildade para acatar e ouvir os estridentes gritos do povo, que foram realmente ouvidos, porém somente naquele exato momento de desespero e tão logo esquecidos.
Na verdade, a humildade do governo tão alardeada no momento de exaltação do povo se mede, se mede contrariamente, pelas atitudes da candidata oficial à reeleição, que, agindo sob efeito das orientações de marqueteiros, mentiu para os eleitores, ao afirmar que a situação administrativa do país estava sob controle, quando os fatos mostravam exatamente a precariedade das politicas públicas, à vista dos ajustes fiscal e econômico que foram feitos no início de seu segundo mandato, em contraposição das fajutas afirmações de campanha.    
Urge que os brasileiros se conscientizem sobre a falta de sinceridade dos homens públicos que se tornam seus representantes, notadamente, nos poderes Executivo e Legislativo, que não têm sido exemplos de sinceridade, honestidade e de dignidade quanto ao cumprimento de seus programas e suas promessas, tanto de campanha eleitoral quanto no exercício do mandato, permitindo que a nação seja administrada sob signo da inconsistência, incompetência e irresponsabilidade, em detrimento dos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de agosto de 2015

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