Visivelmente abalada pelo tsunami das terríveis
crises que desestruturou a sua gestão, a presidente da República fez apelo
contra o que ela denominou de "vale-tudo"
para atacar "qualquer governo, seja
federal, estadual ou municipal".
A petista, ao se referir à crise que afeta seu
governo, disse que se trata de "travessia"
de situação "temporária", que
ela combate com trabalho no sentido de que a sua duração seja mais breve
possível.
Em sequência, a presidente disse que “... Vamos repudiar sistematicamente o vale-tudo
para atingir qualquer governo, seja o governo federal, seja o governo dos
estados, dos municípios. No vale-tudo, quem acaba sendo atingido pela torcida
que eu já disse do 'quanto pior, melhor’, é a população do país, dos estados e
dos municípios. Ninguém que pensa no
Brasil, ninguém que pensa no povo brasileiro deve aceitar a teoria dos
processos que falam: 'eu não gosto do governo, então, vou enfraquecer ele.
Então, eu aposto no quanto pior, melhor'. Quando pior, melhor para quem? Para
quem? É pior para a população, para o povo e para todos nós".
A petista foi enfática quando afirmou que "... o Brasil precisa muito, mais do que nunca,
que as pessoas pensem primeiro nele, pensem no que serve à nação, à população
brasileira e, depois, pensem em seus partidos e nos seus projetos pessoais".
As declarações da presidente acontecem em momento de
terríveis dificuldades do governo, tendo por objetivo a reconquista do apoio da
base aliada, que já deu demonstração de esfacelamento no Parlamento, cujos
congressistas vêm se rebelando contra os interesses do Palácio do Planalto, ao
votarem, em alguns casos, favoravelmente à criação de despesas consideradas inadequadas
para o governo, no momento de crise.
As “engenhosas” afirmações da petista permitem se
inferir que a decadência e a ineficiência da sua gestão acontecem precisamente
em razão do pensamento negativo das pessoas, que se mais se vangloriam à medida
do aumento da derrocada do governo petista, na absurda tentativa de se eximir
da culpa pelas dificuldades criadas pela própria presidente e transferi-las
para as estrelas ou então sabe lá para alguém de outro planeta.
Nem
precisa entender de política para se perceber o quanto há de dissimulação e de
falsidade nas palavras da presidente, quando, muito recentemente, na campanha eleitoral,
ela não imaginaria que tudo aquilo que ela pregava não passava de verdadeiro
engodo, pois ela vendia um país completamente diferente deste de agora, quando ela
afirmava que tudo estava sob o controle do governo e não haveria o mínimo de
possibilidade da desgraça que se abate sobre o país e o povo, graças à
incapacidade gerencial e administrativa do próprio Palácio da Alvorada, ou
seja, apenas dela.
É
evidente que não se pode afirmar que as pessoas sofrem de amnésia, à vista, em
especial, do vale-tudo demonstrado em defesa da reeleição e da continuidade no
poder, quando pessoas foram detonadas e destruídas na campanha eleitoral, com
mentiras, falsidades e alegações inverídicas, mas, agora, no auge de terríveis
crises, é válido esquecer o passado recente e se poder se condenar e repudiar “o vale-tudo para atingir qualquer governo",
dando a entender que os brasileiros têm a mente curta e não se lembram dos
fatos lamentáveis disseminados na última campanha eleitoral, considerada a de
pior baixaria, em termos de discussão nos bastidores políticos.
Ou
seja, para alguns, não é hipocrisia se praticar técnicas questionáveis quando
em proveito próprio, mais especificamente na eleição, que valia fazer o “diabo”
e foi feito, para se conquistar a vitória, mediante apelação para baixaria e sordidez
destinadas à destruição de reputação de pessoas íntegras e bem intencionadas.
É
evidente que agora não estão sendo empregados condenáveis e repudiáveis métodos
semelhantes contra o governo, como os aplicados na campanha eleitoral, porque o
debacle tem origem no palácio governamental e são relembrados, de forma
injusta, como se a tragédia fosse originária da vontade alheia ao governo,
quando se sabe que a ruindade administrativa provém das hostes palacianas.
Tanta abundância de "humildade" de quem é
mestre em fazer tudo ao contrário do que ela, com a cara mais lisa, vem agora
apelar para que ninguém se insurja contra a corrupção e a incompetência na
administração do país, que foi jogado impiedosamente no lamaçal, justamente em
nome do ambicioso projeto de perenidade no poder, para o atingimento do qual
sempre foram utilizados os mais indignos procedimentos.
Impende mencionar como fato marcante e desprezível
desse governo, entre outros, em especial, o loteamento de ministérios e
empresas estatais entre os partidos da espúria coalizão, por ter como “mérito”
o fisiologismo ideológico, em troca de apoio político, permitindo que eles indiquem
políticos desqualificados para dirigi-los, sem a menor preocupação com a
eficiência e a competência, resultando, como consequência, na pior prestação
dos serviços públicos à população, alvo da insatisfação e dos protestos dos
brasileiros.
Não à atoa que são 39 ministérios para servir de
cabide de empregos com a finalidade de garantir a perenidade no poder, fato
que, por si só, contradiz o oportunista e injustificável apelo da petista, que
deveria ser mais justa e realista quanto aos objetivos políticos,
principalmente nesse momento de terrível dificuldade dos brasileiros.
Não se pode olvidar que a população se depara com
juros altíssimos, inflação nas alturas, aumento do desemprego, redução da renda
dos trabalhadores, descontrole das contas e das dívidas públicas,
desindustrialização, falta de investimentos em obras etc., tudo fruto das absurdas
e desastradas políticas públicas adotadas pela presidente, que ainda tem a
insensibilidade de acusar outrem pela desgraça que grassa no seu governo, ao
alegar que há quem torce por mais tragédia na administração do país, como forma
de se confirmar o quanto pior melhor, como se a culpa pelo desgoverno não fosse
exclusivamente dela, que não tem a dignidade de assumir as próprias
precariedades e os danos causados por ela aos brasileiros.
Convém que os brasileiros tenham a dignidade de se
insurgir e repudiar tudo de ruim e de desgraça que estão infernizando a sua
vida, não permitindo que o quanto pior continue a prejudicar os interesses da
população, porquanto, na ocasião das urnas, as promessas eram de mais mudanças
em benefício social, diferentemente da tragédia materializada com a
incompetência e a corrupção banalizadas na administração do país, claramente
prejudiciais aos anseios dos brasileiros, que certamente não teriam votado em
quem demonstra incapacidade para contornar as crises e ainda tenta atribuir
culpa a movimento do “vale-tudo para atingir qualquer governo”, em clara demonstração de injustiça e de desespero
político-administrativo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de agosto de 2015
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