segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Aberração e tentativa de golpe?

Com a prisão do ex-ministro da Casa Civil do governo do metalúrgico, os petistas foram imediatamente à loucura, se insurgiram contra as autoridades responsáveis pela Operação Lava-Jato e questionaram a competência do juiz federal para promover buscas, apreensões e prisões.
No mandado de prisão, o juiz responsável pelas investigações diz, com minúcia, que o ex-ministro "teria insistido" em receber dinheiro de propina em contratos da Petrobras mesmo após ter deixado o governo, em 2005. Já o Ministério Público Federal mostra que o petista indicou o diretor de Serviços da Petrobras, que deu início à organização do esquema de pagamento de propinas, inclusive fazendo extensão de parcela delas para o ex-ministro.
O líder do PT na Câmara dos Deputados classificou a prisão do ex-ministro da Casa Civil de “aberração” e tentativa de “golpe”, tendo ressaltado ainda que o juiz federal, responsável pelas investigações da Operação Lava-Jato, “persegue o PT” e quer colocar o “povo na rua” para derrubar o partido.
O petista disse que “É uma perseguição declarada ao PT. O juiz Sérgio Moro trabalha com suposições, vai à imprensa, faz show. E a Polícia Federal acompanhando esse show. Isso está virando uma aberração ao Estado de Direito. Está caminhando para um golpe político da caneta. Moro trabalha para institucionalizar um golpe e para prejudicar o PT”.
Demonstrando visível descontrole emocional, o líder do partido disse que a investigação do esquema de corrupção na Petrobras usa “dois pesos e duas medidas” quando o suspeito é do PT. Ele acrescentou que “Existe um olhar diferente para os mesmos fatos. O Dirceu já estava em prisão domiciliar. Não tinha motivo. É uma orquestra para colocar povo na rua. O juiz Moro faz show calculado, pensado, para que isso se desenrole dessa maneira.”.
As declarações de um procurador da República deixam muito claro que o ex-ministro é responsável pela instituição de modelo de corrupção arquiteta e operacionalizada com a finalidade de se manter uma fonte perene de abastecimento dos cofres de partidos e dos bolsos de políticos participantes de poderoso esquema apropriado à satisfação, por meio fraudulento, das necessidades de caixa, com respaldo no aparelhamento da máquina pública com pessoas igualmente inescrupulosas, tendo como objetivo a consolidação da meta de perenidade no poder.
Não há a menor dúvida de que o PT e o governo foram capazes de inserir o país em um mar de lama consistente na intrincada, sistêmica e endêmica corrupção, cujos meandros estão sendo desvendados com bastante competência por altruístas, corajosos, competentes e destemidos servidores públicos, cujos resultados não dão margem a dúvida quanto à solidez e inquestionável firmeza sobre os importantes achados, à vista das dificuldades para contestação por parte dos investigados.
Parece compreensível o desespero dos petistas, que tentam, a qualquer custo, desqualificar o magnífico e consistente trabalho dos servidores públicos envolvidos nas investigações em causa, diante contundência e segurança dos levantamentos e das provas juntados aos autos, tornando difícil contraditá-los com meros argumentos e acusações de perseguição política, quando os fatos mostram, de forma inequívoca, que o imensurável rombo na Petrobras consiste em muito mais de seis bilhões de reais, registrados contabilmente no balancete da estatal.
Não somente o líder do PT, mas os filiados, simpatizantes e aliados dessa agremiação precisam se conscientizar, com urgência, que golpe mesmo, dos mais humilhantes, é o país ser obrigado a conviver cotidiana e compulsoriamente com o noticiário policial dando conta de mais suspeitos sendo presos por envolvimento na corrupção que foi capaz de desviar da Petrobras, pelo menos, mais de R$ 6 bilhões, em degradante desmoralização dos princípios da ética, moral e dignidade que devem permear a administração do país.  
O líder do PT precisa saber que o antipetismo se consolida justamente porque as práticas delituosas, ao contrário do que se poderia esperar, sempre merecem o beneplácito do PT, como nesse caso, em que os fatos falam por si sós e os simpatizantes dessa legenda fazem questão de repudiar a competência das medidas tendentes à purificação desse câncer da corrupção implantada no governo.
A atitude do deputado petista é bastante “louvável”, porque ela reflete, do que se pode inferir da indignação dele, piamente a exata coerência do partido dele sobre as irregularidades com recursos públicos, que não são interpretadas como crime, com o rigor da lei, porque somente as pessoas não simpatizantes da ideologia defendida pelo PT têm entendimento diferente, no sentido de se exigir mais investigação e punição para os corruptos.         
Na mentalidade petista, as censuras às práticas de corrupção significam violento golpe conta a existência do partido e também tentativa de pôr a sociedade em linha de colisão com o pensamento ideológico dele, que não pode ser contrariado, sob pena de se imaginar na tentativa de golpe às instituições.
O Brasil nunca foi tão ultrajado e humilhado com a desgraça da corrupção, que se tornou endêmica e sistemática no governo petista, a quem deve ser atribuída a culpa por esse câncer do século, conforme assegurou um procurador da República, quando afirmou que o petrolão, a exemplo do mensalão, teve a inspiração do petista que se encontrava em prisão domiciliar e foi preso novamente agora, mas as lideranças petistas ainda têm a insensibilidade de afirmar que as doações ao partido são legais, mesmo as provenientes das fraudes ocorridas na Petrobras, dando a entender que os brasileiros não petistas são um bando de imbecis que não acreditam em maldades que tanto prejudicam o patrimônio dos brasileiros.
Neste momento crucial, de graves crises e dificuldades, convém que os brasileiros depositem integral confiança e apoio às instituições responsáveis pelas investigações objeto da Operação Lava-Jato, cujos resultados somente confirmam a enorme perversidade das práticas corrosivas ao patrimônio público, propugnando para que haja, com a máxima urgência, a reformulação das normas jurídicas, para se permitirem que, além dos crimes de responsabilidade, as irregularidades graves com recursos públicos sejam capazes de afastar de seus cargos os governos que foram incapazes de evitá-las, de modo que a mudança na gestão pública possa permitir que o novo estadista tenha real competência para interromper a continuidade da crise e adotar medidas de controle e fiscalização capazes da retomada do crescimento do país, que tanto aspira por ética, moralidade, dignidade, honestidade, legalidade e transparência. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 10 de agosto de 2015

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