sábado, 1 de agosto de 2015

Aventura lamentável de corrupção

"Você pode enganar uma pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a todas por todo o tempo.". Abraham Lincoln, ex-presidente americano.
 
A busca policial em endereços do senador alagoano, que resultou na apreensão, na “casa da Dinda” – de triste memória -, de três carros de luxo, sendo um Porsche, uma Ferrari e um Lamborghini, avaliados em mais de dois milhões de reais, causou estrebuchamento cinematográfico por parte do proprietário daqueles veículos, em que pesem terem sido adquiridos com dinheiro de propina, segundo registro no mandado de apreensão.
Como é notório, o senador alagoano foi empossado no cargo de presidente da República em 1990, com a fama de machão nordestino e de playboy, tendo se notabilizado, entre outras, com a frase que os carros brasileiros eram verdadeiras carroças.
Mergulhado em denúncias de corrupção, com destaque para o presente de um Fiat Elba adquirido com dinheiro de propina, e, ainda, sem apoio no Congresso Nacional, o então presidente foi afastado do cargo, com o impeachment pelo Parlamento, fato que passou para a história republicana como o ex-presidente corrupto.
Após ter cumprido oito anos de cassação dos direitos políticos, o ex-presidente retornou à política como senador e, para a surpresa geral e de forma paradoxal, ele foi integrar a base de apoio à sustentação do governo do PT, o partido que mais batalhou, à época, para o impeachment dele.
Não obstante, numa espécie todo espetaculosa de vingança, o senador por Alagoas, virou lobista custeado com o dinheiro desviado da Petrobras, por intermediar negociações com empresas subsidiadas pela estatal, tendo recebido o dinheirama para comprar os citados carros de luxo.
Caso se confirme o seu envolvimento com as falcatruas perpetradas na petrolífera tupiniquim, o senador alagoano corre o risco de ser novamente afastado do cargo que exerce, só que agora por motivo muito mais nobre e plausível, à vista da enorme diferença dos carros importados - Porsche, Ferrari e Lamborghini -, em relação ao mero e humilde Fiat Elba, nem se compara, porém, questão de gosto vale qualquer sacrifício.
O que causa maior perplexidade nessa nova aventura lamentável de corrupção é o fato de o senador alagoano ser empresário de grande sucesso, por dominar vasto império das comunicações no seu estado e ainda possuir grande fortuna, mas mesmo assim, de forma lastimável, ele não teve o menor escrúpulo de se associar aos esquemas de corrupção objeto das investigações da Operação Lava-Jato.
Trata-se, sem dúvida, de pura ironia dos destinos que se cruzam a um só tempo entre o senador alagoano, o ex-presidente petista e o próprio PT, à vista dos mais aguerridos embates eleitorais da história republicana, envolvendo golpes baixos e terríveis agressões verbais entre dois presidenciais – o alagoano e o petista -, que foram esquecidos em nome das alianças espúrias formadas nos tempos recentes, de puro fisiologismo que os uniram para que eles pudessem participar, abraçados com os mesmos propósitos, da história da decadência, corrupção e destruição do império do PT, em triste sina de políticos que contribuíram, de forma bastante significativa, para denigrir a rica imagem dos brasileiros, que foram homenageados com o pior que os políticos poderiam demonstrar como seus representantes.
Os fatos mostram que os brasileiros são pessoas desmemoriadas, insensíveis e absolutamente incapacitadas para perceber que os homens públicos sem caráter, sem dignidade e desavergonhados precisam ser eliminados para sempre da vida pública, para o bem do apaís, ante o seu desprezo aos salutares princípios da ética, moral, dignidade, honestidade e dos sentimentos das boas condutas que devem servir de norte para o cidadão de bem, como forma de contribuir para o crescimento do país e o desenvolvimento da democracia. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 1º de agosto de 2015

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