"Você pode enganar uma
pessoa por muito tempo; algumas por algum tempo; mas não consegue enganar a
todas por todo o tempo.". Abraham Lincoln, ex-presidente americano.
A busca
policial em endereços do senador alagoano, que resultou na apreensão, na “casa
da Dinda” – de triste memória -, de três carros de luxo, sendo um Porsche, uma
Ferrari e um Lamborghini, avaliados em mais de dois milhões de reais, causou
estrebuchamento cinematográfico por parte do proprietário daqueles veículos, em
que pesem terem sido adquiridos com dinheiro de propina, segundo registro no
mandado de apreensão.
Como é
notório, o senador alagoano foi empossado no cargo de presidente da República em
1990, com a fama de machão nordestino e de playboy, tendo se notabilizado,
entre outras, com a frase que os carros brasileiros eram verdadeiras carroças.
Mergulhado
em denúncias de corrupção, com destaque para o presente de um Fiat Elba adquirido
com dinheiro de propina, e, ainda, sem apoio no Congresso Nacional, o então
presidente foi afastado do cargo, com o impeachment pelo Parlamento, fato que
passou para a história republicana como o ex-presidente corrupto.
Após ter cumprido
oito anos de cassação dos direitos políticos, o ex-presidente retornou à
política como senador e, para a surpresa geral e de forma paradoxal, ele foi integrar
a base de apoio à sustentação do governo do PT, o partido que mais batalhou, à
época, para o impeachment dele.
Não
obstante, numa espécie todo espetaculosa de vingança, o senador por Alagoas,
virou lobista custeado com o dinheiro desviado da Petrobras, por intermediar
negociações com empresas subsidiadas pela estatal, tendo recebido o dinheirama
para comprar os citados carros de luxo.
Caso se
confirme o seu envolvimento com as falcatruas perpetradas na petrolífera
tupiniquim, o senador alagoano corre o risco de ser novamente afastado do cargo
que exerce, só que agora por motivo muito mais nobre e plausível, à vista da
enorme diferença dos carros importados - Porsche, Ferrari e Lamborghini -, em
relação ao mero e humilde Fiat Elba, nem se compara, porém, questão de gosto
vale qualquer sacrifício.
O que
causa maior perplexidade nessa nova aventura lamentável de corrupção é o fato
de o senador alagoano ser empresário de grande sucesso, por dominar vasto império
das comunicações no seu estado e ainda possuir grande fortuna, mas mesmo assim,
de forma lastimável, ele não teve o menor escrúpulo de se associar aos esquemas
de corrupção objeto das investigações da Operação Lava-Jato.
Trata-se,
sem dúvida, de pura ironia dos destinos que se cruzam a um só tempo entre o
senador alagoano, o ex-presidente petista e o próprio PT, à vista dos mais
aguerridos embates eleitorais da história republicana, envolvendo golpes baixos
e terríveis agressões verbais entre dois presidenciais – o alagoano e o petista
-, que foram esquecidos em nome das alianças espúrias formadas nos tempos
recentes, de puro fisiologismo que os uniram para que eles pudessem participar,
abraçados com os mesmos propósitos, da história da decadência, corrupção e
destruição do império do PT, em triste sina de políticos que contribuíram, de
forma bastante significativa, para denigrir a rica imagem dos brasileiros, que
foram homenageados com o pior que os políticos poderiam demonstrar como seus
representantes.
Os fatos
mostram que os brasileiros
são pessoas desmemoriadas, insensíveis e absolutamente incapacitadas para
perceber que os homens públicos sem caráter, sem dignidade e desavergonhados
precisam ser eliminados para sempre da vida pública, para o bem do apaís, ante
o seu desprezo aos salutares princípios da ética, moral, dignidade, honestidade
e dos sentimentos das boas condutas que devem servir de norte para o cidadão de
bem, como forma de contribuir para o crescimento do país e o desenvolvimento da
democracia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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