O PMDB indicou o nome de um deputado paraibano para
assumir o Ministério da Saúde, o qual acaba de protagonizar, em entrevista,
algo que passa pela cabeça da maioria dos brasileiros sensatos, que consiste na
sugestão de a presidente da República renunciar ao cargo, diante das graves
crises do seu governo.
Na última campanha presidencial, o parlamentar apoiou
as candidaturas da oposição, tendo, agora, se posicionado contra a volta da
CPMF, que foi sugerida pelo governo.
Em recente entrevista, o deputado fez duras críticas
contra a relação da presidente do país com a bancada da sua legenda, dizendo
que “O PMDB já não é mais governo há
muito tempo, desde quando fomos excluídos de algumas políticas públicas”.
O congressista disse, em bom e claro português, que
a petista deveria renunciar para dar lugar ao vice-presidente, afirmando
textualmente que “Além da crise ética,
moral, financeira e política do país, nos temos uma crise de confiança e a
presidente, neste momento, precisa pensar no país. Ela pensando no país, saberá
que a situação é quase insustentável. Olha, se eu tivesse na situação dela, na
posição dela, diante dos dados econômicos que nós temos, eu renunciaria, que é
uma coisa que no meu dicionário ainda não tem, mas na situação dela é uma situação
insustentável.”.
Diante
da iminente possibilidade de o ilustre deputado ser confirmado como novo
ministro da Saúde, conforme se especular nos bastidores da política, onde estão
se desenvolvendo as negociatas, os cambalachos e as indecentes trocas de cargos
por apoios políticos, em demonstração explícita da desmoralização da
administração pública e da forma desprezível da desvalorização da consciência
política, as declarações em comento traduzem, de maneira translúcida e
indiscutível, a verdadeira personalidade da insignificância do homem público
tupiniquim, que tem a capacidade de se posicionar com altruísmo quando os fatos
não lhe são favoráveis, mas muda de opinião num passo de mágica, como as nuvens
mudam de posição, imediatamente tão logo a situação se modifica em seu
benefício, conforme o atendimento de suas conveniências políticas e pessoais,
como pode ser o caso do parlamentar paraibano, que, de ferrenho crítico ao
governo, diante de suas visíveis precariedades no desempenho gerencial, a ponto
de sugerir a renúncia da presidente do país, poderá ser alçado a um dos postos
mais visados da República, passando a ser um dos ministros mais importantes do
governo, como quem se ganha um prêmio na loteria por ter criticado logo a
pessoa mais desprezível da República.
É
evidente que, na nova configuração, o eminente deputado não somente vai passar
a defender, com unhas e dentes, a presidente do país, como vai ignorar suas
palavras ditas com tanta convicção e veemência, pedindo tão adequadamente a
renúncia dela.
Trata-se,
sem a menor dúvida, da desmoralização e do aviltamento do homem público e da
subserviência de suas atividades legislativas às poderosas benesses e
influências do poder, que tudo pode mesmo, inclusive transformar a bravura e o
idealismo de destemido parlamentar “cabra da peste” em mero capacho
presidencial, passando a se submeter à vontade determinante da blindagem contra
os males que possam advir contra ela, inclusive a possível abertura de processo
de impeachment dela, que, a partir da sua nomeação para o cargo tão cobiçado,
não haverá mais o sentimento das crises alardeadas em alto e bom som pelo já
agora pelego político oportunista e interesseiro, por ter sido comprado pelo
preço de um ministério, onde certamente ele e seu partido terão oportunidade
para se posicionar com a maior desenvoltura em defesa da continuidade da
ineficiência, incompetência e mazela governamentais, antes brilhantemente
ressaltadas com palavras apropriadas e adequadas ao momento político, em
discurso que possivelmente deverá ser posto em dúvida quanto à forma como ele
teria sido mal interpretado, ou seja, tudo o que o deputado disse não
corresponde ao que realmente ele queria se manifestar naquele momento.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que os políticos tupiniquins, à vista
de seus procedimentos na vida pública, conforme mostram os fatos do cotidiano,
que são fartos e visíveis, estão realmente cada vez sepultando os verdadeiros
princípios da ética, moralidade, dignidade e honestidade que devem imperar na
administração pública, para a realização do bem comum, e consolidando seus nefastos
padrões destinados exclusivamente ao atendimento de seus interesses e das suas
conveniências políticas e partidárias, como forma de absoluta dominação e de
perenidade no poder, sob os nefastos respaldo e beneplácito da sociedade
visivelmente manipulada por políticas públicas estrategicamente planejadas para
a consolidação do status quo, que tem
como princípios o continuísmo e o subdesenvolvimento social, político,
econômico, cultural e democrático, em detrimento dos anseios de aperfeiçoamento
e de modernidade das instituições político-administrativas do país.
O
povo precisa reagir e lutar, com o máximo de urgência, como forma de denunciar
as políticas e os procedimentos obsoletos e ultrapassados imperantes nas
atividades políticas e administrativas do país, e exigir reformas capazes de
transformar o país de oportunistas e interesseiros em nação verdadeiramente
compatível com as grandezas e potencialidades do Brasil, tendo como essencial
obrigação o cumprimento dos princípios da seriedade, moralidade, legalidade,
honestidade e dignidade, tudo objetivando a realização da satisfação do
interesse público, sob pena de se continuar permitindo que os homens públicos
digam alguma verdade, mas sejam levianos em praticar, logo em seguida, atitudes
completamente contrárias aos conceitos de civilidade e de racionalidade, em
completa desmoralização dos conceitos de nacionalidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de setembro de 2015
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