sábado, 26 de setembro de 2015

Insensibilidades políticas

Na atualidade, a história política brasileira vem registrando acontecimentos pra lá de dramáticos e outros não menos importantes estão reservados como episódios destinados a fazer a memória nacional.
Há dois importantes personagens da República que estão protagonizando acirrada disputa pessoal, cujo desfecho é absolutamente imprevisível, porém ele poderá ser decisivo para os interesses nacionais. Esses personagens são a presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados, que ficam se digladiando sempre que surge oportunidade. 
O presidente da Câmara já foi denunciado criminalmente à Justiça, por envolvimento em atos de corrupção, sendo o político mais importante investigado pela Operação Lava-Jato. Esse fato levou o político a se declarar oposição ao governo, que ainda poderá cimentar o caminho que leva ao processo de impeachment da presidente. 
À vista dos acontecimentos, não se vislumbra a menor possibilidade de conciliação entre eles, em razão do acirramento da ojeriza mútua, em que cada qual trabalha para derrubar seu opositor, em verdadeira queda de braço sem fim, como forma de tentativa de salvar a própria pele.
No momento, a opinião pública é de que a classe política passa por processo de desmoralização e que a sociedade espera que haja punição para os homens públicos envolvidos em irregularidades com recursos públicos, na expectativa de que a administração pública possa funcionar com indispensável dignidade. 
Por enquanto, a presidente só contabiliza enorme impopularidade e rejeição por parte de parlamentares, por conta de suas desastradas políticas adotadas no seu governo, que levaram o país à recessão econômica e bancarrota das contas públicas, não tendo ainda nenhuma acusação sobre ferimento do princípio ético, embora ela tenha sido presidente do Conselho de Administração da Petrobras, quando autorizou a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos da América, que causou enorme prejuízo à estatal.
No entanto, o presidente da Câmara é acusado de ter se beneficiado de recursos provenientes do esquema de propina na Petrobras, que é objeto de investigação da Operação Lava-Jato.
A situação da presidente se encontra em impasse, a depender basicamente do julgamento de suas contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União e do julgamento das despesas de campanha pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Os brasileiros anseiam por que o império da moralização do país sobreponha aos interesses espúrios e inescrupulosos dos homens públicos, que vivem menosprezando as causas nacionais e principalmente a situação crônica de precariedade da prestação de serviços públicos à população.
À toda evidência, a crise do país é de tamanha gravidade que exige senão a mobilização dos brasileiros, compreendendo os governantes, os políticos, as entidades de classes organizadas e o povo em geral, com a finalidade de se darem às mãos, com vistas ao soerguimento da nação, que se encontra aos frangalhos, graças justamente às insensibilidades e à falta de conscientização sobre a premência de compreensão sobre a tragédia que se abate sobre os brasileiros, cuja superação depende da união e do entendimento entre as forças antagônicas, que estão bravamente se digladiando em prol da salvação dos cargos que ocupam, em visível detrimento dos interesses públicos.
Enquanto houver disputa entre as principais autoridades do país, na tentativa da conquista de maior dominação política, as crises política, econômica e administrativa ganham terreiro fértil para se expandirem e contaminarem ainda mais a fragilização das instituições públicas, que são administradas à luz da precariedade e da irresponsabilidade, em razão de deixarem de cumprir as suas funções públicas essenciais de atendimento ao interesse público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 26 de setembro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário