segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Urge a eliminação da acefalia

Em face das crises política, econômica e administrativa e temendo a reincidência de panelaços, a presidente da República resolveu não fazer pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, no Dia da Independência do país.
Conforme vídeo divulgado em redes sociais, a petista disse, in verbis: “O que eu quero dizer, com toda a franqueza, é que estamos enfrentando os desafios, essas dificuldades, e que vamos fazer essa travessia. Se cometemos erros, e isso é possível, vamos superá-los e seguir em frente. Também sei que a união em torno dos interesses de nosso país e de nosso povo é a força capaz de nos conduzir nessa travessia. Devemos nessa hora estar acima das diferenças menores, colocando em segundo plano os interesses individuais ou partidários".
A presidente atribui os atuais problemas aos dispêndios realizados pelo governo para manter emprego e a renda dos trabalhadores, bem assim investimentos e programas sociais, mas, ela garante que "Agora temos de reavaliar todas essas medidas e reduzir as que devem ser reduzidas".
A petista ressaltou que parte dos problemas foi causada pela crise internacional, tendo afirmado que "Ninguém que seja honesto pode negar isto. Está visível que a situação em muitas partes do mundo voltou a se agravar, atingindo agora os países emergentes. Países importantes, parceiros do Brasil, tiveram seu crescimento reduzido e foram atingidos pela crise internacional".
A presidente defendeu, sem especificar, as medidas que o governo vem tomando para "botar a casa em ordem e reduzir a inflação..." e que se sente "preparada" para fazer o país voltar a crescer. Ela declarou que "Nós queremos um país com a inflação sob controle, juros decrescentes, renda e salários em alta".
Em conclusão, a petista fez questão de defender a democracia, afirmando que "É neste dia que reafirmamos aquilo que uma nação ou povo tem de melhor: a capacidade de lutar e a capacidade de conviver com a diversidade. Tolerante em face às diferenças, respeitoso na defesa das ideias, sobretudo firme na defesa da maior conquista alcançada e pela qual devemos zelar permanentemente: a democracia e a adoção do voto popular, como método único e legítimo de eleger nossos governantes e representantes".
A presidente precisa ser conscientizada de que ela simplesmente cometeu todos os erros possíveis e a prova disso se encontra exatamente nos indicadores da economia e no desempenho frustrante das políticas públicas, à vista da péssima prestação dos serviços públicos e em toda espécie de precariedade que o governo pode oferecer, o qual a tem como principal comandante, que, apesar de toda evidência do desgaste da sua gestão, ainda tem dúvida “se cometemos erros...”, quando o mundo inteiro não tem a menor dúvida de onde vem tamanha incompetência, que quebrou a nação.
Os erros do governo foram graves de mais, com gastos excessivos, extrapolação dos limites estabelecidos nas diretrizes orçamentárias e infringência das normas insculpidas na Lei de Responsabilidade Fiscal, inchamento da máquina pública, para servir de cabide de empregos para a manutenção das alianças fisiológicas, tornando ineficiente o desempenho da administração pública, além de tantas mazelas e políticas desastradas, entre as quais a resistência às reformas das estruturas do Estado, que funcionam em dissonância com a indispensável modernidade e contribuem para enorme desperdício de recursos públicos.
A frase “se cometemos erros” tem a acepção de duplo sentido, dando margem a terrível dúvida, a exemplo da célebre expressão do famoso teatrólogo britânico William Shakespeare, que disse "Ser ou não ser, eis a questão", quando pôs em dúvida a consciência sobre a vida e a morte ou a ação e não ação.
É lamentável que a presidente ainda não tenha certeza e convicção sobre a fraqueza do seu governo e os graves erros que foram cometidos, notadamente pela evidente falta de priorização das políticas públicas, à exceção da distribuição de renda, que foi feita de maneira generosa, sem o menor critério senão com fins populista e eleitoreiro, mas agora ela entende que isso precisa ser repensado, ou seja, depois que a improvisação contribuiu para detonar as contas públicas.
Na verdade, o simples fato de sequer reconhecer os próprios erros é requisito mais que suficiente para se inferir que o status quo vai continuar, porquanto o que se pressente é a dispensabilidade de mudanças, que seriam para melhorar o país, se fossem admitidas as impropriedades praticadas. No caso, falta à presidente o quesito humildade suficiente para se enxergar os fatos como eles são verdadeiramente, com vistas às urgentes mudanças ansiadas pelos brasileiros.
A presidente do Brasil até agora não tem certeza que o país foi derretido, principalmente em termos econômicos, pela gestão desastrada e deletéria comandada por ela, ao colocar em dúvida, de forma irresponsável, a sua participação nos erros, dando a entender a sua onipotência e arrogância como se não tivesse nada com isso e como se não fosse ela a mandatária da nação.
A presidente tem que assumir seus erros, como forma de ser responsabilizada, porque os prejuízos causados à população são imensuráveis e alguém tem que ter a dignidade de reconhecer a sua culpa pela tragédia que se abateu sobre os interesses do país e dos brasileiros.
Cada vez que a petista se manifesta, não faz senão tentar transferir ou pôr a culpa de seus erros a quem não tem nenhum vínculo com eles, como se ela não fosse a principal responsável pelas políticas e ações do governo, que ela as delegou, mas não se desvinculou da responsabilidade, aos maus políticos integrantes da coalizão de governabilidade, que não têm nem compromisso com a eficiência e a eficácia da prestação dos serviços públicos de incumbência do Estado, conforme mostram os fatos. 
Causa tremenda perplexidade a onipotência da presidente do país, quando, de forma arrogante, na tentativa de ser superior a tudo e a todos, afirma, pasmem, “Se cometemos erros, e isso é possível, vamos superá-los e seguir em frente", dando a entender simplesmente que as crises que grassam no país passam ao largo do Planalto, onde ela se refestela confortavelmente e nem sente a desgraceira que não tem limites e somente afeta os sempre indefesos brasileiros.
A sociedade precisa se conscientizar de que governante que não assume seus erros não merece a menor credibilidade, porque a dignidade do homem público se mede exatamente pelo seu caráter de dizer a verdade e de assumir seus erros, como forma de respeito aos princípios da ética, moral e nobreza na administração pública.
Compete ao povo, no estrito dever cívico, mostrar à presidente do país o tamanho de seus erros e do rombo causado aos interesses dos brasileiros, com a trágica recessão e a completa demonstração de incapacidade para o conserto dos estragos e a retomada do desenvolvimento social, político e econômico, justamente, entre outros entraves, pela total resistência às reformas das estruturas do Estado, que certamente vão continuar contribuindo para respaldar as políticas adequadas à satisfação dos projetos de absoluta dominação política e de perenidade no poder. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 07 de setembro de 2015

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