Em
face das crises política, econômica e administrativa e temendo a reincidência de
panelaços, a presidente da República resolveu não fazer pronunciamento em
cadeia nacional de rádio e televisão, no Dia da Independência do país.
Conforme
vídeo divulgado em redes sociais, a petista disse, in verbis: “O que eu quero
dizer, com toda a franqueza, é que estamos enfrentando os desafios, essas
dificuldades, e que vamos fazer essa travessia. Se cometemos erros, e isso é
possível, vamos superá-los e seguir em frente. Também sei que a união em torno dos interesses de nosso país e de nosso
povo é a força capaz de nos conduzir nessa travessia. Devemos nessa hora estar
acima das diferenças menores, colocando em segundo plano os interesses
individuais ou partidários".
A
presidente atribui os atuais problemas aos dispêndios realizados pelo governo
para manter emprego e a renda dos trabalhadores, bem assim investimentos e
programas sociais, mas, ela garante que "Agora temos de reavaliar todas essas medidas e reduzir as que devem ser
reduzidas".
A
petista ressaltou que parte dos problemas foi causada pela crise internacional,
tendo afirmado que "Ninguém que seja
honesto pode negar isto. Está visível que a situação em muitas partes do mundo
voltou a se agravar, atingindo agora os países emergentes. Países importantes,
parceiros do Brasil, tiveram seu crescimento reduzido e foram atingidos pela
crise internacional".
A
presidente defendeu, sem especificar, as medidas que o governo vem tomando para
"botar a casa em ordem e reduzir a
inflação..." e que se sente "preparada"
para fazer o país voltar a crescer. Ela declarou que "Nós queremos um país com a inflação sob controle, juros decrescentes,
renda e salários em alta".
Em
conclusão, a petista fez questão de defender a democracia, afirmando que "É neste dia que reafirmamos aquilo que uma
nação ou povo tem de melhor: a capacidade de lutar e a capacidade de conviver
com a diversidade. Tolerante em face às diferenças, respeitoso na defesa das
ideias, sobretudo firme na defesa da maior conquista alcançada e pela qual
devemos zelar permanentemente: a democracia e a adoção do voto popular, como
método único e legítimo de eleger nossos governantes e representantes".
A
presidente precisa ser conscientizada de que ela simplesmente cometeu todos os
erros possíveis e a prova disso se encontra exatamente nos indicadores da
economia e no desempenho frustrante das políticas públicas, à vista da péssima
prestação dos serviços públicos e em toda espécie de precariedade que o governo
pode oferecer, o qual a tem como principal comandante, que, apesar de toda evidência
do desgaste da sua gestão, ainda tem dúvida “se cometemos erros...”, quando o mundo inteiro não tem a menor
dúvida de onde vem tamanha incompetência, que quebrou a nação.
Os
erros do governo foram graves de mais, com gastos excessivos, extrapolação dos
limites estabelecidos nas diretrizes orçamentárias e infringência das normas
insculpidas na Lei de Responsabilidade Fiscal, inchamento da máquina pública,
para servir de cabide de empregos para a manutenção das alianças fisiológicas,
tornando ineficiente o desempenho da administração pública, além de tantas
mazelas e políticas desastradas, entre as quais a resistência às reformas das
estruturas do Estado, que funcionam em dissonância com a indispensável modernidade
e contribuem para enorme desperdício de recursos públicos.
A
frase “se cometemos erros” tem a
acepção de duplo sentido, dando margem a terrível dúvida, a exemplo da célebre
expressão do famoso teatrólogo britânico William
Shakespeare, que disse "Ser ou não ser, eis a questão", quando pôs em dúvida a
consciência sobre a vida e a morte ou a ação e não ação.
É
lamentável que a presidente ainda não tenha certeza e convicção sobre a
fraqueza do seu governo e os graves erros que foram cometidos, notadamente pela
evidente falta de priorização das políticas públicas, à exceção da distribuição
de renda, que foi feita de maneira generosa, sem o menor critério senão com
fins populista e eleitoreiro, mas agora ela entende que isso precisa ser
repensado, ou seja, depois que a improvisação contribuiu para detonar as contas
públicas.
Na
verdade, o simples fato de sequer reconhecer os próprios erros é requisito mais
que suficiente para se inferir que o status
quo vai continuar, porquanto o que se pressente é a dispensabilidade de
mudanças, que seriam para melhorar o país, se fossem admitidas as impropriedades
praticadas. No caso, falta à presidente o quesito humildade suficiente para se
enxergar os fatos como eles são verdadeiramente, com vistas às urgentes
mudanças ansiadas pelos brasileiros.
A
presidente do Brasil até agora não tem certeza que o país foi derretido,
principalmente em termos econômicos, pela gestão desastrada e deletéria
comandada por ela, ao colocar em dúvida, de forma irresponsável, a sua participação
nos erros, dando a entender a sua onipotência e arrogância como se não tivesse
nada com isso e como se não fosse ela a mandatária da nação.
A
presidente tem que assumir seus erros, como forma de ser responsabilizada,
porque os prejuízos causados à população são imensuráveis e alguém tem que ter a
dignidade de reconhecer a sua culpa pela tragédia que se abateu sobre os
interesses do país e dos brasileiros.
Cada
vez que a petista se manifesta, não faz senão tentar transferir ou pôr a culpa
de seus erros a quem não tem nenhum vínculo com eles, como se ela não fosse a principal
responsável pelas políticas e ações do governo, que ela as delegou, mas não se
desvinculou da responsabilidade, aos maus políticos integrantes da coalizão de
governabilidade, que não têm nem compromisso com a eficiência e a eficácia da
prestação dos serviços públicos de incumbência do Estado, conforme mostram os
fatos.
Causa
tremenda perplexidade a onipotência da presidente do país, quando, de forma arrogante,
na tentativa de ser superior a tudo e a todos, afirma, pasmem, “Se cometemos erros, e isso é possível, vamos
superá-los e seguir em frente", dando a entender simplesmente que as
crises que grassam no país passam ao largo do Planalto, onde ela se refestela
confortavelmente e nem sente a desgraceira que não tem limites e somente afeta
os sempre indefesos brasileiros.
A
sociedade precisa se conscientizar de que governante que não assume seus erros
não merece a menor credibilidade, porque a dignidade do homem público se mede
exatamente pelo seu caráter de dizer a verdade e de assumir seus erros, como
forma de respeito aos princípios da ética, moral e nobreza na administração
pública.
Compete
ao povo, no estrito dever cívico, mostrar à presidente do país o tamanho de
seus erros e do rombo causado aos interesses dos brasileiros, com a trágica recessão
e a completa demonstração de incapacidade para o conserto dos estragos e a
retomada do desenvolvimento social, político e econômico, justamente, entre
outros entraves, pela total resistência às reformas das estruturas do Estado,
que certamente vão continuar contribuindo para respaldar as políticas adequadas
à satisfação dos projetos de absoluta dominação política e de perenidade no
poder. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de setembro de 2015
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