quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Remédio amargo em prol da incompetência

Acredita-se que, a seu exclusivo talante, de forma imperialista e ditatorial, em total desrespeito aos direitos da cidadania e da civilidade dos brasileiros, à vista de explícitas arrogância e violência, o governo pretende a ressuscitação da famigerada CPMF, ignorando completamente que o país já arrecada de tributos o equivalente a 36% do Produto Interno Bruto, não sendo justo que ele ainda se arvore no direito de exigir mais 40 bilhões em impostos sugados dos contribuintes.
É de se lamentar que o governo tenha mirado o povo para arcar, mais uma vez, com a sua incapacidade de administrar o país com as necessárias eficiência e competência.
É muito estranho que o governo não tenha inteligência de promover reformas das estruturas do Estado, para racionalizar os sistemas previdenciário, tributário, trabalhista, político etc., de modo a modernizar a administração pública e reduzir substancialmente o custo Brasil, que tem sido responsável pelo entrave à competitividade da produção nacional e ao desenvolvimento econômico.
Constituem tremendas estupidez e violência contra a sociedade o governo anunciar que corta na própria carne, mas termina mesmo fuzilando, de forma impiedosa, ainda mais o bastante combalido contribuinte, já esfolado com o pagamento de tantos tributos.
Conquanto a pretendida economia resultante da reforma administrativa fosse avaliada em mirrados 200 milhões de reais, chegando a ser simplesmente ridícula, em termos da necessidade da redução de gastos, quando comparada à arrecadação da CPMF, que foi estimada em 32 bilhões de reais.
Este é o momento ideal para os congressistas mostrarem sua real personalidade e seu caráter de verdadeiros cidadãos que se preocupam com a dignidade e a valorização dos brasileiros, que foram totalmente desprezados e aviltados pela incompetência do governo, por meio da prestação de péssimos serviços públicos, embora sejam obrigados a pagar pesados tributos que são aplicados de forma deletéria, sem os indispensáveis controles e prioridades dos gastos públicos, à vista da costumeira extrapolação dos limites previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Somente um débil mental não sentiria o peso de mais tributo no seu bolso, quando ele já se encontra abarrotado de compromissos, não somente com as obrigações tributárias, mas também com o custo de vida que o governo também contribuiu para torná-la ainda mais difícil e preocupante para a população.
Chegam a ser ridículas e irresponsáveis as formas de justificativas para a criação do tributo pelos governistas, que tentam minimizar os terríveis efeitos do remédio amargo imposto à sociedade, em consequência dos erros cometidos pelo governo, quando o líder do governo disse que o povo nem vai sentir o desconto do tributo e o ministro da Fazenda foi ainda mais insensato e cruel, ao afirmar com ironia que o valor da CPMF pode ser comparável ao ingresso de cinema e se trata de algo pequenininho.
Um assunto tão sério, polêmico e de enorme responsabilidade, como o aumento de tributos, deve ser tratado com sensibilidade, sensatez e seriedade, porque diferentemente disso não pode haver contribuição para a discussão sadia sobre as graves questões que afetam os brasileiros.
          Poder-se-ia haver mais tributos se não fossem para corrigir graves erros da gestão pública, em todas as esferas da administração pública, à vista de gastos irresponsáveis, abusivos e sem o devido controle prudencial, ou seja, não é justo que o povo pague os erros do governo, que conseguiu conduzir o país para o lamaçal do retrocesso econômico e do subdesenvolvimento em todos os sentidos, inclusive da terrível recessão, em que pese a sua grandeza econômica.
Os parlamentares não podem aderir à chantagem da presidente de se permitir a extensão de parcela da CPMF para os estados e municípios, porque a crise não é somente da União, dos Estados e dos municípios, mas principalmente dos brasileiros, que já estão no sufoco com a recessão, a inflação, os juros altos, o aumento da conta de luz, enfim, o terrível custo de vida, que pesam no bolso dos brasileiros.
Os congressistas precisam ser sensíveis principalmente com a situação do povo, deixando que o próprio governo assuma a responsabilidade por suas irresponsáveis pedaladas e seus descontroles dos gastos públicos, porque a presidente precisa assumir seus graves erros e não jogá-los para o colo dos indefesos e já sacrificados brasileiros, com pesada carga tributária, os quais não se beneficiaram eleitoralmente das excessivas e perdulárias gastanças.
O governo que não teve competência para promover nenhuma reforma nas estruturas do Estado, como forma de racionalização dos custos e de consecução de economicidade, não tem, em absoluto, legitimidade para criar tributos, para equilibrar suas contas, em evidente injustificável penalização da sociedade, que não se beneficiou dos erros que levaram ao déficit orçamentário nem irá ter vantagem com a famélica CPMF.
          O mais grave dessa atitude é que a criação de tributo se destina à correção de erros pertinentes às insensatas e irresponsáveis gastanças do governo, fato que se configura grave injustiça, porque o montante arrecadado não será aplicado em programas sociais, em que pesem as já gritantes precariedades reinantes na prestação dos serviços públicos, onde existem enormes falhas de controle e de fiscalização, com imensuráveis desperdícios de recursos públicos, não havendo nenhuma preocupação do governo em saneá-las, como forma de se estancar o inaceitável sumidouro de verbas públicas.
Urge que os brasileiros se conscientizem, com a máxima urgência, de que a tirania dos governantes, que somente enxergam na criação de tributos instrumentos capazes e eficientes para a superação das suas deficiências e precariedades gerenciais e administrativas, precisa ser barrada e eliminada da administração do país, sob pena de a implantação de terrível e absoluta dominação tolha por completo a vontade individual e o respeito aos princípios democráticos, de civilidade e de razoabilidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 16 de setembro de 2015

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