quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Reiteração da desmoralização

O vice-presidente da República disse à presidente do país para ficar “à vontade” na definição dos nomes de peemedebistas de sua nova equipe ministerial, tendo deixando claro que o PMDB considera mais importante, no momento, cortar ministérios e sinalizar que o governo está fazendo a sua parte para o reequilíbrio das contas públicas.
Embora o PMDB deva perder três dos seis ministros da atual composição da Esplanada dos Ministérios, o vice-presidente disse à petista que não fará indicação de nomes para o novo ministério, dando a entender que seu partido pretende realmente abdicar das benesses e das influências advindas do governo, que tanto contribuíram para alimentar a sede pelo poder.
Na verdade, a pretensão da presidente do país é remontar o apoio da base aliada a seu governo com as bancadas do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, de modo que a nova configuração ministerial seja representada por parlamentares com facilidade de desenvoltura e trânsito no Congresso Nacional.
Mais um caso explícito do vergonhoso e deprimente processo denominado toma lá, dá cá, que já maculou por completo o governo petista, que perdeu excelentes oportunidades para formar seu ministério com pessoas competentes, qualificadas, preparadas e especializadas nas respectivas áreas de atuação, ao invés de lotear os principais cargos da Esplanada entre parlamentares, normalmente com a exclusiva vocação de preencher os cargos dos ministérios e das empresas estatais com seus afilhados políticos e assemelhados igualmente despreparados, sem a menor qualificação para o exercício dos cargos públicos.
Não à toa que os serviços públicos prestados à população degringolaram e são considerados um dos piores da face da terra, justamente diante do desprezo do governo com o nível dos titulares e de seus assessores que integram os principais órgãos da administração pública.
Embora essa deplorável e caótica situação existente na administração do país seja indiscutível realidade, a presidente brasileira ainda insiste em nomear os titulares dos ministérios pelo critério menos recomendado, pelo meio censurável da troca de apoio político, em detrimento do sistema de mérito funcional, como fazem as nações sérias e evoluídas social, política e democraticamente.
Conviria que a sociedade se insurgisse contra essa forma irresponsável e medíocre da indicação de cargos públicos, por representar o que de pior se pode empregar na atualidade, eis que fica patenteada a preferência pela ineficiência e ineficácia da administração pública, cujos resultados são extremamente prejudiciais ao interesse público, pela evidência de que as indicações são nitidamente políticas e estrategicamente calculados para o atendimento da conveniência da presidente da República, que pretende ser fortalecida junto à Câmara dos Deputados para a sua blindagem contra a abertura do processo de impeachment, que se mostra perigosamente iminente, além de procurar garantir a governabilidade, cujos pilares estão ruindo como um castelo de areia, justamente devido à falta de sustentação política que ela pretende recompor por meio de processo espúrio e inescrupuloso de estímulo ao fisiologismo ideológico, com a distribuição de ministérios de forma seletiva a seu talante para assegurar vantagem pessoal, no sentido de poder, em troca, contar com a fidelidade dos igualmente indignos homens públicos, que aceitarem os novos cargos na condição essencial de prestar o serviço nada diáfano de defender os interesses políticos da presidente da República no Congresso Nacional, em detrimento do exclusivo desempenho, da melhor forma possível, de trabalhar em defesa do interesse público, como fazem os ministros dos países sérios e desenvolvidos.
Com certeza, os brasileiros não merecem tamanha irresponsabilidade com a aplicação dos recursos públicos, que, na forma constitucional e legal, devem se destinar apenas ao atendimento das causas da população, em estrita observância às normas aplicáveis à administração orçamentária e financeira, sob pena de sanções àqueles que derem causa à sua má aplicação, como é o caso de se nomear ministro com a finalidade para tratar dos interesses da presidente do país no Congresso Nacional.
À toda evidência, a nomeação de ministros para essa finalidade precisa ser censurada e repudiada, com veemência, pelos brasileiros, por se tratar de ato que fere de morte os princípios da moralidade, legalidade e dignidade na aplicação do dinheiro público, cujo envolvido pode ser responsabilizado, na forma da lei, pelo crime, no mínimo, de lesa-pátria. Acorda, Brasil!
                              
 ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de setembro de 2015

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