quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Repúdio à exagerada tributação

Com inspiração certamente ares límpidos das democracias europeias, o ministro da Fazenda disse, em Paris/França, que o governo estuda aumentar as alíquotas do Imposto de Renda como possibilidade para contribuir no equilíbrio das contas públicas e viabilizar "uma ponte fiscal sustentável". 
Por sua vez, o vice-presidente da República disse que "Aumento de tributo é só em última hipótese. Em última hipótese, (mas) descartável desde já. Nós não queremos isso. Temos que verificar, se for possível, simplesmente cortar despesas. A tendência é essa".
Seguindo esse mesmo saudável raciocínio, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal se manifestaram criticando a possibilidade do aumento no Imposto de Renda, ressaltando, respectivamente, que “O governo deve cortar gastos, ao invés de onerar o contribuinte.” e “A primeira coisa a se fazer é cortar despesa”.
O ministro da Fazenda já conseguiu sepultar a fama que tinha antes de entrar no governo. Até então, ele gozava do maior e melhor conceito de ter sido o lídimo mão de tesoura, por sua competência, no passado, para cortar gastos sem a menor piedade.
Por enquanto, ele não passa de temendo gênio criador e aumentar de tributos, a exemplo do ajuste econômico já implantado, sobressaindo, ao contrário, a mentalidade bastante distanciada do correto e justo homem público, por achar que o país, com a carga tributária já escorchante, deve arrecadar tal qual os países escandinavos, que realmente tributam pesadamente seus contribuintes, conquanto, em compensação, o diligente ministro, em extrema omissão, não teve a sensibilidade, o interesse e a responsabilidade de aquilatar a qualidade dos serviços públicos prestados à população pelo país tupiniquim e pelo Velho Mundo, como educação, segurança pública, saúde, transportes, saneamento básicos, infraestrutura etc. Sem comentários.
          Antes de se pensarem na criação ou no aumento de tributos, as autoridades públicas - governantes, ministros, parlamentares, assessores e outros servidores envolvidos com a questão do Fisco – devem ter a dignidade, a sensibilidade e a humildade de avaliar e de comparar não somente o já insuportável peso da carga tributária brasileira com o montante dos tributos dos países sérios, responsáveis e desenvolvidos.
Eles devem sentir, em especial, a qualidade e a quantidade dos serviços públicos prestados pelo Brasil e pelos correspondentes países, como forma de possibilitar oportunidade par se verificar, aquilatar, quão gritante é o distanciamento e a defasagem existente entre eles, em termos de responsabilidade fiscal e contributiva, inclusive do Estado perante a população, e chegariam facilmente à conclusão de que, quanto à qualidade dos serviços prestados, o país tupiniquim se encontra ano-luz de distância daquelas nações, fato que não se justifica, em absoluto, sacrificar com tanta maldade os contribuintes brasileiros.
Urge que o ministro da Fazenda faça rigoroso exame de consciência para concluir que a sua ideia de comparar o percentual do Imposto de Renda cobrado dos brasileiros com o exigido pelos países sérios e desenvolvidos não faz o menor sentido, não somente pelas peculiaridades e mentalidades dos governos, mas porque se trata de medida que já ultrapassou os limites da decência e da dignidade, com relação ao teto já fixado, nas circunstâncias, de forma extremamente injusta e perversa, por não corresponder à maneira justa e correta que o governo precisa arrecadar para satisfazer os gastos públicos, que deve necessariamente se ajustar, de forma imperiosa, aos princípios verdadeiramente de austeridade e de economicidade, características totalmente ausentes na administração do país.
Importa ainda se observar que o Brasil é o país que demonstra extrema promiscuidade com o esbanjamento de dezenas de ministérios inúteis, dispensáveis e dispendiosos, além de outra enormidade de empresas públicas, todos abarrotados de servidores, muitos dos quais totalmente dispensáveis, por constituírem exército de apaniguados, sindicalistas, cabos eleitorais e outros assemelhados integrantes das espúrias coalizões de governabilidade.  
Além do desperdício com o aparelhamento dos órgãos e entidades, com exagerado e injustificável quantidade de cargos em comissão e funções comissionadas, o governo alimenta muitas despesas passíveis de racionalização, como mordomias, vantagens, cartões corporativos, propaganda e publicidade e tantas outras que podem e devem ser racionalizadas e eliminadas, mas o ministro da Fazenda, ignorando a imperiosa necessidade da rigorosa observância dos princípios da austeridade e economicidade, não se digna a enxergar as mazelas do governo e ainda tem a indignidade e a insensatez de entender que os contribuintes devem arcar com as atitudes irresponsáveis, deletérias e desastradas do governo, que sempre têm sido chamados para o compulsivo pagamento de abusivos e extorsivos tributos, ao bel-prazer de governo com viés tirânico, que não respeita a capacidade contributiva da população.
Em que pesem as graves crises por que passa o país, configurando situação delicadíssima, tanto do ponto de vista político quanto econômico, não tem o menor cabimento, por ser injusto e perverso, que a solução dos problemas seja aumentar a já sacrificante carga tributária, que representa uma das maiores do mundo, que exige que contribuinte já trabalhe, no mínimo, quatro meses por ano para pagar tributos.
O governo precisa se conscientizar, com a máxima urgência, que as crises são oriundas da incompetência gerencial e administrativa, cabendo exclusivamente aos seus causadores, que certamente não foram os contribuintes, arcarem com as consequências da reparação dos danos pelos estragos aos interesses nacionais, no sentido de serem promovidas as medidas cabíveis, principalmente com a racionalização, o aperfeiçoamento e modernização da máquina pública, com vistas ao indispensável aumento da produtividade e da competitividade.
A sociedade, por sua vez, precisa ter a dignidade e a honradez de reagir, com a maior bravura e veemência, a qualquer tentativa de aumento de tributos, não aceitando que a indiscutível aberração administrativa impinja mais sacrifício ao seu já reduzido salário.
Os brasileiros precisam urgentemente dar um basta à desordem também tributária que tomou conta da gestão pública, ante a explícita demonstração de exaustão da responsabilidade, da sensibilidade e do senso de razoabilidade, repudiando com a máxima veemência qualquer tentativa de criação ou aumento de tributos, não permitindo que mais esse abuso seja impingido aos contribuintes, por questão de honra e de princípios, sob pena deste glorioso país se transformar numa republiqueta comandada, de forma abusiva, por terrível tirania. Acorda, Brasil!
          ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de setembro de 2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário