A
presidente da República interpretou como enfraquecimento político a declaração
do vice-presidente da República de que é muito difícil que ela se mantenha no poder com a popularidade tão baixa como a atual. Embora ela tivesse declarado que foi apanhada de surpresa, a citada declaração
foi minimizada pela petista, que mereceu contemporização sob a alegação de que o
peemedebista tem sido leal ao governo.
Enquanto
o governo procura absorver o impacto da declaração do vice, a oposição a
interpretou como mais um sinal de que o PMDB se prepara para se apear da
aliança com o governo e isso poderá acontecer muito proximamente.
O
vice-presidente procurou suavizar o impacto da sua fala, dizendo que houve
destaque apenas sobre parte classificada como explosiva, que teria sido
retirada do contexto, exatamente o trecho em que ele diz que será difícil
a presidente permanecer no poder durante três anos com baixa popularidade, sem
mencionar o seu complemento, onde se afirma que a presidente está tomando
medidas para melhorar a economia, que tem por objetivo a recuperação da
popularidade e a travessia da crise, para possibilitar o término do mandato
normalmente, em 2018.
O
vice-presidente disse que a declaração tem peso em sua boca e que, na sua avaliação,
não há nenhum ato da sua parte que sequer insinue suspeita de conspiração.
O
que importa, no caso, é que o vice não disse nada além da verdade, porque é
humanamente impossível que a presidente não se sensibilize e se incomode com popularidade
abaixo do volume morto, como sentenciado assim por seu padrinho político.
Trate-se
de pura realidade que a impopularidade crônica não contribui para a realização
de bom governo, porque fica muito claro que o desempenho dele é indiscutível
termômetro de insatisfação e de intranquilidade que somente ajuda a conturbar
ainda mais o que já não funciona convergentemente com o propósito para o
eficiente atendimento das necessidades públicas.
Não há negar que governo estruturado exclusivamente com
coalizões tendo por base conveniências políticas, como é caso do PT/PMDB, pode
dar muito certo enquanto a situação político-administrativa se encontrar às mil
maravilhas, com a economia e as políticas públicas sendo conduzidas nos padrões
de normalidade, onde tudo funciona sem o menor percalço, mesmo que à custa da
omissão de informações importantes sobre o desempenho do governo, em
constrangimento ao salutar princípio da transparência que jamais pode se
afastar de qualquer gestão considerada séria e democrática.
Não obstante, diante das terríveis crises política,
econômica, moral e administrativa, visíveis à luz solar, como vem acontecendo
no país tupiniquim, nenhum governo resiste às inquietações surgidas com
constância, à vista da perda das condições ideais da manutenção do status quo, com visíveis distanciamentos
dos objetivos políticos de poder.
Não há dúvida de que a perda da popularidade é fruto
da demonstração da completa incompetência para aglutinar qualidades e condições
suficientes para contornar as dificuldades, que simplesmente se avolumam dia
após dia, como numa avalanche de neve, destruindo tudo à sua frente.
A incompetência do governo é tão visível que a
alternativa para sanear o déficit orçamentário é a criação de tributos, em que
pese a existência da carga tributária muito acima do limite da capacidade
contributiva dos cidadãos, quando ele deveria se esforçar o máximo para enxugar
os gastos perdulários da máquina pública, principalmente com as inexplicáveis e
dispensáveis quantidades de ministérios, empresas estatais, cargos
comissionados, que somente têm sido usados para a manutenção do indecente
cabide de empregos, além de despesas igualmente elimináveis, como propaganda,
publicidade, cartões corporativos, telefonia móvel, transportes, diárias etc.,
que podem ser racionalizadas como forma de enorme economia para os cofres
públicos.
Este momento de graves dificuldades o governo precisa
ter a sensibilidade de pensar primacialmente pelo que representam o Brasil e os
brasileiros, com vistas exclusivamente à satisfação do interesse público, com
total desprezo ao que tem sido privilegiado até agora, em benefício das
espúrias coalizões fisiológicas, da distribuição de cargos públicos e das
precariedades das políticas públicas, tudo com o injustificável propósito de
assegurar, com recursos públicos, a absoluta dominação e a perenidade no poder.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de setembro de 2015
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