O
coordenador nacional do MST foi recebido com apitaço, vaias e xingamentos ao
desembarcar no aeroporto de Fortaleza, por integrantes do Instituto Democracia
e Ética (IDE), que é ligado à Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos e
encabeça, no Ceará, as manifestações pelo impeachment da presidente petista.
Aos
gritos de "MST, vai pra Cuba com PT",
os manifestantes seguiram-no desde o desembarque até a área do estacionamento
do aeroporto, com frases como "a
nossa bandeira jamais será vermelha". As pessoas mais exaltadas chamaram
o líder do MST de "comunista safado".
A
direção nacional do MST repudiou o ato e o considerou "agressivo e constrangedor", tendo
registrado que o episódio reflete o atual momento político do país, "em que se vê crescer a cada dia o ódio
contra os movimentos populares, migrantes e a população negra e pobre",
a par de compará-lo aos recentes acontecimentos no Rio de Janeiro: "Em que a juventude das favelas está sendo
impedida, com risco de sofrer agressão, de ir às praias da zona sul da capital
fluminense. Estes atos de violência e
ódio propagados intensamente nas redes sociais, e que reverberam cada vez mais
nas ruas, é mais uma demonstração da violência dos setores da elite brasileira
dispostos a promover uma onda de violência e ódio contra os setores populares".
Outras
entidades afirmaram que "Temos
convicção de que a agressão sofrida pelo companheiro Stédile, não se limita a
um ataque individual, ou somente ao MST. Esta agressão só pode ser compreendida
como parte de uma ofensiva conservadora da direita na sociedade que busca
criminalizar e intimidar todos/as aqueles/as que lutam por um Brasil justo e
soberano".
Por
sua vez, o coordenador do IDE disse que o líder do MST teve sua integridade
física preservada e que "Para
aqueles que estão sentindo peninha pela recepção que Stédile recebeu ontem em
Fortaleza, tenho a dizer que aquilo foi um beijo comparado aos impropérios que
esse fora-da-lei vocifera livremente pelos quatro cantos do Brasil, incitando o
ódio, a violência, a luta de classes, o desrespeito ao patrimônio privado e
público e, ainda, prometendo colocar exércitos nas ruas. Parem de se esquivar da verdade. Esse
elemento, da mais alta periculosidade, apenas está recebendo de volta do mundo
o que tem plantado em sua vida: asco".
Sempre que esse cidadão e seus
simpatizantes forem recepcionados na forma como eles merecem, diante da forma
incivilizada e agressiva como eles se relacionam com as coisas e tratam as
pessoas realmente trabalhadoras e possuidoras do senso de responsabilidade, civismo
e patriotismo e que são elas os contribuintes que os mantêm para instigar a
violência, a destruição e o desrespeito às leis, à ordem pública e os direitos
de propriedade dos cidadãos de bem, possivelmente eles hão de se conscientizar
sobre a necessidade de se organizarem e defenderem seus fins institucionais de
forma ordeira, respeitosa, em estrita observância aos princípios da
racionalidade, civilidade e, sobretudo, da necessidade da convivência pacífica
e digna, onde cada individual procure desempenhar seu papel na sociedade, como
forma de cumprir a sua missão institucional.
Na
verdade, já passou do tempo de as lideranças do MST entenderem que os novos
tempos exigem que as pessoas devam viver como verdadeiros seres humanos com
capacidade para se respeitarem mutuamente, em condições de igualdade, de valorização
dos direitos individuais e de reconhecimento da capacidade de empreender e
produzir para o bem comum e o progresso do Brasil.
Constitui
indiscutível marco de bestialidade e mediocridade se imaginar que tudo que
acontece é pura "demonstração da
violência dos setores da elite brasileira dispostos a promover uma onda de
violência e ódio contra os setores populares", quando esse argumento
já caiu por terra há muito tempo e não passa, atualidade, de chavão comum e
próximo da ridicularização, por representar expressão vulgar, sem o menor
sentido plausível, mesmo porque se trata muito mais de falta de argumento para
ser dado sempre como a mesma justificativa sem fundamento, culpando a elite e a
burguesia, que seriam contrários aos pobres, que não é exatamente assim e que,
na verdade, eles têm sido muito mais usados para seus propósitos de sugar
verbas públicas, sem o menor escrúpulo, tanto que os líderes de movimentos e de
entidades sociais de esquerda não sejam pobres, embora tenham sido no passado
não muito distante.
Impõe-se
que os líderes de entidades sociais procurem exercer suas funções com a devida
competência, responsabilidade e exclusivamente na tentativa de alcançar seus
objetivos institucionais, sem necessidade do emprego de violência, estupidez ou
mascaramento da realidade, que somente têm o condão de angariar e potencializar
as piores formas de repúdio e de antipatia da sociedade que é, enfim, quem também
mantém os sistemas sociais do governo em funcionamento, com os pesados tributos
impingidos a ela, que ainda é incompreendida e maltratada com agressões e
incitação à violência pelos movimentos sociais. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de setembro de 2015
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