Em
agosto de 1992, no meio da crise que envolvia e consumia o governo do
presidente alagoano, o hoje petista-mor disse textualmente que “Até o final deste mês, o impeachment será
votado porque o Congresso Nacional sabe da responsabilidade que hoje recai
sobre os ombros da instituição e sabe que, se não votar o impeachment, ficará
desacreditado com a opinião pública. Acho que o Congresso Nacional tem clareza
de que nós vivemos uma crise profunda de governo e que somente com a saída do
governo é que nós iremos resolver alguns problemas da nação”.
Até
parece que as declarações do ex-presidente petista teriam sido feitas
exatamente agora, na efervescência das crises que destroçam o governo da sua
pupila, evidentemente com marcas muito mais expressivas de destruição dos
fundamentos de governabilidade competente e eficiente.
Na
verdade, as afirmações daquela época são perfeitamente aplicáveis à situação
atual, só que agora com muito mais propriedade, ante a similitude do caos
imperante em ambos os casos, em termos da fragilidade da governança, onde
prevalecem as precárias e desastradas políticas de governo, que foram capazes
de depredar as contas públicas e de quebrar economicamente o Brasil, conforme o
estado dramático e deplorável dos indicadores econômicos, culminando com a
perda do importante grau de investimento, por meio do qual o país perdeu o selo
de qualidade e a credibilidade internacional.
É
evidente que a situação do país atual nem de longe pode ser comparada com a
crise deflagrada em 1992, porque desta vez a dimensão é muito mais agigantada, palpável
e evidente, deixando à mostra o alto nível de destruição das contas públicas,
em razão de o governo gastar muito mais que arrecada, contribuindo para
aumentar o endividamento que ainda foi turbinado com os sucessivos aumentos dos
juros, em escala assustadora para os padrões brasileiros.
Na
atualidade, a inépcia administrativa salta aos olhos, permitindo que as crises
oriundas do próprio governo se expandam incontrolavelmente, sem que se
vislumbre alternativa, em curto prazo, para combatê-las com a devida eficiência
e competência.
Ainda
para engrossar o caldo das crises, as investigações da Operação Lava-Jato são
generosíssimas prestando sua contribuição para dificultar o desempenho do
governo, por nada ter feito no sentido de esboçar alguma forma de ação contra a
roubalheira na Petrobras, fato que contribuiu decisivamente para piorar a
situação de desconfiança sobre a incapacidade administrativa do governo.
Não
há a menor dúvida de que a fragilidade do governo é fato preponderante para que
ele se torne insustentável, especialmente pelo enfraquecimento da sua base de
sustentação no Congresso Nacional e pela forte rejeição da opinião pública,
conforme as hostilidades da população, que demonstra a sua insatisfação contra
o desgoverno.
Naquela
ocasião o ex-presidente petista bradava, em alto e bom som, a necessidade e a
premência do impeachment do então presidente do país, como sendo ato
normalíssimo, mas, na atualidade, medida no mesmo sentido, que, se aplicada,
seria absolutamente justificável, ante a pletora de elementos circunstanciais e
materiais, é considerada como golpe, que, no passado, o petista o considerava
como mero afastamento apenas sinônimo de medida saneadora imprescindível para “resolver alguns problemas da nação”.
É
evidente que o impeachment somente tem legitimidade quando ele se destina ao afastamento
do poder de governante da oposição, que se ajusta perfeitamente ao ordenamento
jurídico do país, conquanto essa medida é considerada golpe quando aplicada tendo
como finalidade o afastamento da República de pessoa do partido do
ex-presidente, que não se digna a enxergar as maldades e os prejuízos causados
ao país e aos brasileiros por sua pupila, que já deveria ter decidido em
antecipar a sua saída honrosa do governo, como forma de minimizar a caótica e
dramática situação política, econômica e administrativa que contribui para
potencializar o subdesenvolvimento do país.
Com
as declarações do petista vindas à lume, fica evidente que o seu princípio é
exatamente não ter princípios, porque, para ele, deve prevalecer sempre e
somente o que for do seu interesse e da sua conveniência, conforme mostram os
fatos, que falam por si sós e são capazes de confirmar a absoluta falta de moral
e de coerência, em se tratando da análise de situações semelhantes, as quais
têm tratamento completamente distinto por ele.
Parafraseando o ex-presidente petista, pode-se afirmar que os brasileiros e o Congresso Nacional precisam ter clareza sobre as profundas crises de governabilidade e que a solução passa pela urgente saída da presidente petista do Palácio do Planalto, como medida indispensável à resolução dos gravíssimos problemas do Brasil.
Compete
à sociedade a urgente conscientização sobre as evidentes incoerência, pequenez
de sensibilidade e irresponsabilidade política de quem é considerado o papa dos
petistas e repudiar a sua vocação em defesa tão somente de fatos que sejam do
seu interesse e da sua conveniência políticos, em detrimento das causas pertinentes
ao interesse público e ao bem comum, a par de ter clareza sobre a premência do afastamento da Presidência da República de quem contribuiu, de forma efetiva, para a destruição dos saudáveis princípios de governabilidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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